A família de Pran tinham uma casa numa praia próxima, o lugar era isolado e ele nunca gostou de lá, por isso acreditava que seu pai nunca desconfiaria de que esse fosse seu esconderijo.
Ele tinha algum dinheiro e comprou comida e algumas bebidas, pelo menos para o final de semana. Depois ele pensaria no que fazer.
Pat pegou seu frasco de remédio, sua dosagem era cada vez mais alta e seus pais tinham dúvidas sobre o quanto eles poderiam aumentar sem machucá-lo.
Pran tirou o vidro das mãos dele e pediu para que não usasse. Por estarem sozinhos, não iria acontecer nada de errado, ele sentia falta do verdadeiro Pat.
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Quando houve a Primeira Grande Mudança, que deu origem aos Alfas e Ômegas, o mundo virou um caos de violência e barbárie. Com o tempo, as novas políticas sociais e a criação de algumas leis para proteger os ômegas, mesmo que falhas, estabilizaram a situação entre alfas e ômegas. A Segunda Grande Mudança, que veio com a criação dos inibidores, transformou a vida de muitos, que passaram a poder controlar suas vidas com mais autonomia. Em contrapartida, desregulou os ciclos de parte da população.
Os cios que aconteciam a cada seis meses, passaram a ser imprevisíveis, porque os alfas não podiam perder a chance quando encontravam um ômega disponível. A natureza sempre encontra um caminho. Os ômegas, por sua vez, começaram a ser afetados pelos hormônios dos alfas. Se um alfa desejasse um ômega e se focasse nele, era muito dificil o inibidor manter seu efeito. Os pesquisadores não sabiam ainda qual era a relação entre esses fatos, por isso muitos optavam por se declararem betas para ficar fora do radar dos alfas.
_______________A casa onde estavam era grande e arejada. A equipe de limpeza passava toda quarta-feira, então eles teriam privacidade por alguns dias.
Aquele cheiro vazio começava a desaparecer e o seu Pat estava voltando. Eles conversavam sobre como era estranho tudo isso, por mais que tivesem lido e estudado a respeito, vivenciar essa ligação era muito maior do que eles poderiam supor.
Pat ainda ficava constrangido perto de Pran. Ele foi ensinado a sempre se mostrar como forte e altivo, mas ao lado dele, sua vontade era ser cuidado e protegido. Racionalmente não fazia sentido, porém dentro dele, era o que ele queria.
Eles passaram o resto da tarde e parte da noite conversando e se conhecendo melhor, a noite eles dormiram sentido-se predestinados um ao outro.
Pat amava praticar esportes e acordou cedo para correr na praia e Pran o vigiava, à distância, da varanda do seu quarto. Quando ele voltou, tomou uma ducha para tirar a areia e suor do corpo e pulou na piscina.
Pran desceu para comer alguma coisa e ficou sentado na beirada da piscina contando as voltas que ele dava.
"Acho que tem uma bicicleta em algum lugar se você quiser completar seu treino de triatlon." Pran mostrou suas covinhas e Pat nadou até ele e beijou cada uma delas.
"Por que você não gosta de vir pra cá? Se eu pudesse, moraria aqui." Ele deitou o corpo na água e flutou de barriga para cima por um tempo e depois voltou para perto de Pran.
"Não gosto muito de nadar nem da areia, mas eu poderia passar o resto da vida olhando você se divertir aqui."
Pat revirou os olhos e jogou um pouco d'água nele. Eles foram para cozinha e Pran fez uma omelete para ele, que estava faminto. Eles passaram o dia assistindo filmes; Pran o levou para sala de música a noite e também experimentaram as bebidas do seu pai. Eles estavam alheios ao desepero de seus familiares com o sumiço de ambos.
Os dois estavam há mais de 24 horas sem nenhum remédio e tudo parecia calmo.
Pat levantou de madrugada, porque o calor estava insuportável e foi até a piscina nadar algumas voltas. Ele não queria acordar Pran, então ficou na sala até seu cabelo secar, mas acabou cochilando. Ao acordar, seu corpo ardia em febre, ele quase podia ver as ondas de calor emanando pelo seus poros. Ele não tinha forças nem para se levantar e nem para gritar. Ele não entendia o que estava acontecendo, era muito mais forte do que qualquer outra febre que ele já tivesse sentido. Seu ciclo nunca foi assim.