Título: Relato histórico sobre a origem e evolução Alfa e Ômega.
Subtítulo: O declínio dos Betas.
Autores: Sr. e Sra. Jindapat
Na época em que houve um aumento significativo da infertilidade feminina ocorreu uma grande comoção mundial. Apesar do medo, para muitas delas isso foi libertador. Sem a obrigação de procriar em uma sociedade que só valorizava as mulheres como mães de família e restritas ao lar, quando a onda de infertilidade tomou conta de muitas nações do mundo, elas puderam se ver livres dessas amarras e partiram para buscar suas próprias vontades e desejos.
Essa mesma sociedade não via com bons olhos essas mulheres que queriam trabalhar, viajar e viver suas vidas por si só, sem depender ou se prender a um casamento, essa sociedade não sabia lidar com a autonomia delas.
Com receio de perder o controle sobre elas, alguns homens de grande poder investiram milhões no desenvolvimento de algum medicamento que ajudasse a reverter esse problema da infertilidade e as fizesse voltar à condição anterior.
Quando conseguiram, muitas mulheres não aceitaram se submeter ao uso dessa medicação e se rebelaram. Esses mesmo homens, então, tentaram encontrar um meio para obrigá-las a tomar a medicação.
Inspirados pela ideia da rede de fungos que têm uma relação simbiótica com as árvores, ou seja, partilham informações sobre nutrientes, aproximação de insetos e ataques, os cientistas criaram um composto que permitia ter essa comunicação sensorial entre homens e mulheres. Para que isso acontecesse, o composto foi bombardeado com alguns itens radioativos para potencializar essa ligação.
A ideia não foi veiculada para a grande mídia e as primeiras pílulas foram distribuídas nos círculos sociais mais altos e depois essa rede se expandiu. Os comprimidos só precisavam ser tomados pelos homens, que, ao se aproximarem das mulheres, pelos feromônios exalados por eles, provocavam a ovulação e aumentavam a libido feminina, facilitando a concepção naquele momento.
Não era um remédio que agia a longo prazo, seu efeito era momentâneo.
Depois de um tempo, os cientistas descobriram que se o homem e a mulher tomassem conjuntamente, em uma dosagem maior, era possível reverter os casos de infertilidade.
Tendo em vista a possibilidade de ganhos monetários ainda maiores, a pílula passou a ser vendida como o milagre da concepção. Muitos casais, incapazes de terem filhos, ficaram felizes com essa novidade e passaram a consumir o medicamento em larga escala.
A fama deste remédio fez muitos jornalistas procurarem as origens do experimento e quando estas foram divulgadas houve uma repercussão negativa gigantesca e muitas mulheres se levantaram contra essa afronta ao seu direito de escolha.
Muitas mulheres, que queriam engravidar, continuaram tomando a medicação, assim como muito homens, pois um dos efeitos colaterais era o aumento do desejo e a facilidade de ter e manter a ereção.
Existiam vários problemas éticos na concepção deste remédio e na sua utilização, porém as empresas farmacêuticas, visando o potencial de vendas, continuaram produzindo em larga escala e em uma velocidade que não permitiam que fossem feitos testes adequados. Depois de muitas décadas de uso indiscriminado, algumas mutações genéticas começaram a acontecer, porém não se tem ao certo a sua origem.
No meio acadêmico, a teoria é que a Primeira Grande Mudança desencadeou o que ficou conhecido posteriormente como CICLO e a produção de feromônios. As primeiras pessoas a apresentarem essa mutação foram os descendentes dos primeiros a experimentarem as drogas, mesmo que eles próprios nunca tivessem tomado a medicação.