Parte 11

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A manhã seguinte foi ainda pior do que as anteriores, os dois não se olharam e só conversaram o mínimo necessário. Ambos sentiam vontade de estar juntos, se abraçar e fazer de conta que nada tinha acontecido, porém havia uma sombra entre eles.

Cada vez que Pran percebia essa sombra da mágoa crescer no peito de Pat, sua raiva aumentava e seus feromônios ficavam mais acentuados, Eve sentia essa alteração no ar e se irritava com o Pran, como se sentisse, no pai uma ameaça e tentou mordê-lo algumas vezes. Ela nunca tinha rosnado para ele e Pat se preocupava com a possibilidade desse descontrole hormonal do namorado também afetar sua filha.

Eles deixaram Eve na creche e foram para a aula em silêncio. Quando Pat foi descer do carro, Pran segurou seu braço e o puxou com delicadeza para perto e o beijou. A resposta de Pat demorou um pouco para vir, ele estava tenso e travado por causa dessa atitude, mas depois de alguns segundos de contato com seus lábios, Pat retribuiu o beijo, movendo suas mãos para a nuca dele e encostando sua língua na dele.

Foi uma recaída, um deslize intenso e curto, Pat pensava ao sair do carro às pressas para se refugiar no prédio da sua faculdade.

A cabeça de Pran rodava, ele estava confuso, cansado e seu cérebro girava o deixando enjoado. Ficar sentado em uma sala de aula, ouvindo algum babaca falar por horas a fio estava fora de cogitação. Pran acelerou o carro e dirigiu sem definir uma rota. Depois de um tempo, ele percebeu que estava indo para a casa na praia.

Este lugar sempre seria o refúgio deles, Pran andou por todos os lugares onde suas memórias felizes tinham sido criadas. Por que eles estavam assim? Como eles tinham chegado nesse ponto? Uma pontada forte do lado esquerdo do seu cérebro fez Pran se curvar de dor e prender a respiração. Ao se sentir melhor, ele foi até a cozinha, lavou o rosto na água gelada da pia e bebeu um pouco d’água.

Pran não queria admitir para si mesmo, mas  a dor se tornava mais forte toda vez que se aprofundava nos sentimentos que parecia compartilhar com Pat e ele sentia essa vontade do namorado de se separar. Pat nunca se separaria dele, eles se amavam e ele estava marcado. Pat era dele.

Pat era dele!

Pran foi para a piscina com o pensamento fixo nessa frase. Pat era dele. Pat não poderia abandoná-lo. Pat não ousaria se separar. Quanto mais ele pensava, mais sua cabeça doía e ele percebeu que os jardineiros que trabalhavam no seu gramado franziam os narizes e se mantinham alerta.

Pran entrou no carro novamente, seu corpo precisava de uma bebida e ele queria muito aquele licor que Khun Piya tomava. Ele precisava daquilo, porque aquela bebida clareava sua mente e o fazia se sentir vivo. Toda vez que tomava, ele se sentia mais forte e viril, como se potencializasse sua capacidade alfa.

Era isso o que ele precisava: assumir toda sua essência alfa e só assim ele seria capaz de fazer Pat entender seu papel como ômega.

Ao estacionar em frente ao bar, Pran desceu e comprou uma garrafa do licor e foi para a empresa. Ele ainda não era independente o suficiente para bater de frente com o pai e seria melhor se manter obediente.

O trabalho era monótono e sem importância. Ele lia contratos, participava de reuniões e ouvia seu pai falar sem parar. Sempre que podia, ele bebia para clarear as ideias e a cada hora que passava, mais certeza ele tinha de que a decisão certa a ser fazer era subjugar Pat, colocá-lo no nível a que ele pertencia.

Outra dor forte o atingiu e ele correu para o banheiro e vomitou. Pat o amava, eles ficariam juntos. Pran pediu para que o pai o liberasse mais cedo para buscar Eve, afinal ter visitado a casa trouxe tantas lembranças e ele só queria sua família de volta.

Eve correu ao seu encontro quando o viu na porta e se jogou em seus braços. Como ele amava o cheiro da sua bebê! Ele a beijou e a cheirou e ela se contorceu, porque sua filha também tinha cócegas no pescoço, igual a ele. Ela o empurrou com suas mãozinhas fofas e apertou o nariz do pai. A gargalhada da sua filha fazia seu coração bater mais rápido e ele pensava que queria Pat ali para uni-los em um abraço apertado e reconfortante.

PatPran - OmegaVerseOnde histórias criam vida. Descubra agora