Durante a festa de um ano de Eve, eles conversaram com os pais sobre a mudança de casa, sem mencionar o problema com Nani, pois isso ficaria só entre eles.
Pran mentiu que o prédio era barulhento e Pat disse que queria pegar mais matérias na faculdade para compensar o ano anterior e achavam que era uma boa ideia colocar a filha numa creche durante o dia e todos eles precisariam de noites mais silenciosas.
O pai de Pran concordou, desde que filho começasse a estagiar na sua empresa. Sem opção, sendo dependente financeiramente do pai, ele aceitou.
As famílias acabaram optando por alugar uma casa no mesmo bairro onde moravam; era uma casa pequena para os padrões da área, porém era mais do suficiente para os três.
Era incômodo pensar que suas famílias ainda determinavam suas vidas. Pat dizia que era o preço que eles tinham que pagar por terem sido inconsequentes.
Pran se matriculou somente nas matérias obrigatórias para ter tempo para o estágio. Ele saía cedo e voltava à noite, uma rotina que não estava acostumado e isso o fazia se sentir constantemente esgotado. Pat tentava compensar o ano anterior e passava o dia todo na faculdade.
A maior ilusão de Pat foi pensar que os planos que tinham feito se realizariam tranquilamente. Sua agenda estava um caos e a transição de deixar a filha na creche foi muito mais complicada do que eles previam.
A fase de adaptação de Eve foi mais difícil para Pran do que para ela. A menina amava as professoras e os colegas e nem olhava para trás depois de passar pelo portão. Pran chorou nos três primeiros dias e Pat não sabia como consolá-lo; ele dizia que a filha ia esquecer dele e isso era tão absurdo que Pat só se esforçava para não rir.
Eles não sabiam que o mais difícil ainda estava por vir. O primeiro ano de vida da Eve foi convivendo basicamente com os avós, Ink e os pais. Agora ela tinha contato com muitas outras crianças e adultos, e essas pessoas carregavam seus próprios vírus, germes e bactérias.
E eles pareciam estar esperando o início das aulas para se revelarem.
Um dia, Eve acordou gripada, não tinha febre, mas seu nariz escorria e ela estava amuada, por causa disso só queria ficar no colo de Pat, obrigando Pran a assumir todas as tarefas da casa sozinho.
Assim que passou essa fase, veio a virose. Eles passaram três noites em claro, pois ela chorava e vomitava. O médico dizia que o organismo dela estava criando defesas, que não era grave e receitou antitérmico e hidratação.
Depois de algumas semanas, por causa do tempo seco, ela teve problemas de sinusite e os dois descobriram que fazer lavagem nasal numa criança de pouco mais de um ano parecia mais difícil do que conseguir o diploma da faculdade.
Pat tomava os inibidores como eles já tinham combinado, e foi uma surpresa quando descobriu que Pran também estava tomando. Ele tinha receio de que seu cio afetasse Pat. A vida estava tão caótica que seria perigoso, além disso, sua disposição desapareceu; em suas folgas ele só queria dormir.
Eles ainda passaram pela fase do piolho e da catapora antes das coisas estabilizarem um pouco.
Nesse período, eles transavam rápido no banho quando Eve dormia, e faziam isso não porque gostavam, mas para ganhar tempo e satisfazer uma necessidade física; o tesão e o desejo estavam em segundo plano.
Os dois se sentiam desanimados por causa das notas baixas na faculdade, reflexo da vida bagunçada que levavam. Eles nunca tinham passado por isso antes.
No meio do semestre, Pran estava cansado, irritado e frustrado, ele queria fugir e se afundar no pescoço do namorado. Há quanto tempo eles não tinham um momento só deles? Se no colegial eles sumiram por uns dias, agora, na faculdade, eles poderiam fazer a mesma coisa por algumas horas.
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