Maktub | Simoraya

A dona do meu timbre preferido

E aí, amores! Então, vamos lá a algumas informações:
1. A fic tem sim alguns saltos temporais, mas eles são essenciais para a continuidade da história.
2. Os momentos de glória voltarão, obviamente, mas digamos que a autora que vos fala tem um suave apreço por um drama, como já deu pra notar.
3. Tudo que dá errado, quando volta a dar certo, é bom em dobro.

Link da playlist: https://open.spotify.com/playlist/5Tjtc7MXJnMfgd74uB4VZ3?si=9i01QK9cRGOT5rWjpD5pkw

Música de hoje é Girassol - Ivyson. (Podem dar play no início da leitura)

No mais, boa leitura!
__________♡__________

POV Simone Tebet

Campo Grande, Brasília, 2018.

No tecido silencioso do tempo, as mudanças desdobram-se como capítulos de um livro infinito. Cada página virada revela um novo cenário, uma nova paisagem no grande romance da vida. Às vezes, as mudanças são como a brisa suave que acaricia a pele, trazendo consigo promessas de renovação. Outras vezes, elas são como tempestades avassaladoras, sacudindo nossas estruturas e desafiando nossa resistência.

Nesse eterno enredo, somos os protagonistas relutantes, dançando no palco da existência. As mudanças nos confrontam com escolhas, desafios e oportunidades. À medida que o tempo se desdobra, aprendemos a abraçar a incerteza e a fluir com as marés inconstantes da vida.

No entanto, há mudanças que, por mais drásticas que sejam, nunca mudarão ou moldarão o que é nossa essência, o que fomos e o que sentimos.

Depois do fatídico dia do baile de formatura, não posso dizer que cumpri minha palavra de não procurar Soraya. A procurei por semanas, meses, anos, nunca obtive retorno. Estava estagnada no tempo, vendo tudo evoluir ao meu redor, presa a alguém do passado a qual tudo que eu desejava era que seu futuro fosse ao meu lado. A cada dia que se passava, eu dizia para mim mesma que a dor da saudade diminuiria, engano meu. Lembro que durante esse tempo, em um encontro com os antigos colegas professores, descobri através de Sarah que Soraya havia ido morar no exterior com o marido, que estava pessoal e profissionalmente realizada, que mal visitava Campo Grande e que não tinha pretensões de retornar. Decidi, então, parar de insistir, segui minha vida sem ela ao meu lado, mas ainda em meu coração.

— Com a palavra como líder do MDB, senadora Simone Tebet. — Fui tirada dos meus pensamentos quando a voz firme do presidente soou no plenário do Senado Federal.

Anos atrás, seguindo os passos e os conselhos de meu pai, entrei no mundo da política, juntamente com Eduardo, que apesar do nossos acordos nada comuns, sempre me apoiou. Confesso que fiquei temerosa em aceitar determinada missão. Quando criança e até quando jovem, não era aquilo que imaginava para mim, mesmo que tivesse a tal "veia política", segundo as pessoas mais próximas. No entanto, ali estava eu, no meu quarto ano como senadora, após cumprir mandatos como deputada estadual, duas vezes prefeita da minha cidade natal, Três Lagoas, e vice-governadora do meu estado.

Chegar até o Senado Federal, apesar de ser filha de um político renomado, não foi nada fácil. Durante toda a minha trajetória política, tive que lidar com as mais diversas violências, especialmente pelo fato de ser mulher. Tímida, muitas vezes me vi na situação de chorar escondida no banheiro, até não conseguir mais segurar as palavras na garganta e finalmente erguer minha voz. Com uma postura cada vez mais contundente, estava conquistando meu espaço.

— Se me permite apenas uma correção, neste momento, ocupo a tribuna do Senado não como Líder do MDB, mas como liderada que sou, eu e a Bancada Feminina lideradas ou representantes de todas as mulheres brasileiras. [...] Somos apenas 10% do Congresso Nacional, mas ainda podemos dizer que, apesar disso, nós tivemos, por unanimidade, a aprovação desses projetos, o que significa que, embora 10% apenas sejam mulheres, todos os senhores e senhoras senadoras têm a alma feminina. Muito obrigada, senhor presidente. — Finalizei meu pronunciamento sob aplausos dos colegas.