Maktub | Simoraya

Amar é deixar ir

Eu sei que geral aí tá querendo me bater e querendo que nossas queridas deixem de besteira e se acertem, mas calma, aquilo que demora, costuma valer a pena.

"Confie que tudo o que é destinado a ser seu encontrará o caminho até você. "

As músicas de hoje são Already Gone - Sleeping At Last e Dancing On My Own - Calum Scott. (No momento indicado).

Lembrando que temos uma playlist com todas as músicas indicadas aqui durante a leitura: https://spotify.link/jqXEQfXtaEb

Boa leitura, bebês!
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3 meses depois.

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POV Soraya Thronicke

A vida, como uma tela em branco, se desenha com pinceladas de mudança que o destino enseja. Como ondas no mar, elas vêm e vão. Impõe desafios, nos lança em um turbilhão. Assim, a vida nos coloca em suas reviravoltas, sem cessar. Construímos nossas histórias a cada mudar. Aceitando o fluxo, sem resistência, com gratidão, descobrimos que, até nas mudanças, há transformação.

Com a virada de ano e a chegada de 2003, refleti sobre as coisas que vivi, as quais jamais imaginei que viveria. Avancei, estagnei, retrocedi, mas tudo que fiz foi com intenção de acertar. Talvez muitos me julgariam pela decisão recém tomada, me condenariam por dar uma chance ao passado e por acreditar que poderia ser diferente. Mas no desespero não se pensa, se faz. É difícil romper a barreira que te separa da liberdade, especialmente quando você esteve a vida inteira atrás dessa barreira: a busca incessante por se sentir pertencida, aceita, amada.

Dizer que esqueci Simone seria me banhar em um lamaçal de mentiras, não seria leviana a tal ponto. Era árduo ter que lidar com sua ausência quando, na verdade, o que eu mais queria era poder tê-la novamente em meus braços.

Esquecê-la... Um desejo que não se cumpre, pois sua lembrança, como um fantasma, me assombra. No desespero, busco um alívio, um refrigério, mas o esquecimento, para mim, é um mistério.

Desde quando entreguei o trabalho, não havia mais visto Simone. Ganhei nota máxima, então decidi não ir mais às suas aulas e evitei a todo custo esbarrar com ela nos corredores da faculdade. No entanto, após três meses, a encontraria novamente. Era, finalmente, o dia da minha colação de grau e do baile de formatura. De suas mãos eu receberia o diploma que moldaria meu futuro profissional. Estava nervosa, mas confiante, pois não estaria sozinha.

POV Simone Tebet

Saber que encontraria Soraya novamente me causava um misto de sensações, meu coração batia forte ao saber que a qualquer momento ela poderia entrar pela porta do grande salão e que, durante uma noite inteira, eu poderia vislumbrar novamente sua beleza, seu olhar que era como um farol para o meu coração perdido, suas curvas que, por tempos, foram os caminhos mais perfeitos que minhas digitais já trilharam. Indo além das nossas fotos, as quais eu observava todos os dias antes de dormir, veria novamente minha pequena estrela brilhar. Agora, mais que nunca.

Soraya. No palco da minha mente, persiste o teu nome, um eco constante que me consome. Tentei apagar-te, mas é em vão, teu rosto e tuas palavras vivem na solidão. Cada lembrança é como um quadro na parede, imagens que, teimosamente, não cedem. Nas noites silenciosas, és meu suspiro, neste dilema de não conseguir te esquecer, me miro. Tua voz, como uma melodia, ecoa em meus ouvidos, nas entrelinhas da memória, persiste, ergue-se. Não importa quão longe tente me esquivar, és, ainda, a sombra que insiste em me acompanhar.

Quando vi, então, a porta se abrir e mostrar Soraya trajando um vestido longo marsala, coberto pela renda que acompanhava todas as curvas de seu corpo, senti minhas pernas ficarem bambas, meu coração querer sair pela boca e meus olhos marejarem. Um sorriso sincero e orgulhoso tomou conta do meu rosto. Ela estava divina, era simplesmente a mulher mais linda do mundo e todos ali pareciam ter parado tudo o que estavam fazendo para contemplar sua beleza. Cada passo seu era como poesia em movimento, como ver a aurora romper o céu noturno.