Prólogo

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No pequeno povoado pouca coisa acontecia, isto é, era assim antes de um acontecimento. Um acontecimento estranho e bizarro. Sem nenhuma explicação racional para as pessoas que diziam cumprir suas obrigações religiosas todos os domingos na igreja.

Então, não sendo culpa do povoado em si, atribuíram a culpa das maldições a um homem. Um homem e uma mulher, que haviam feito algo muito ruim, algo imperdoável; ela havia deixado a igreja onde residia como órfã. E, como se não fosse suficiente ser excomungada do local por se envolver com um homem, havia fugido na madrugada grávida do jovem Padre que havia chegado a poucos meses.

Isso gerou caos e comoção nas pessoas, tamanho absurdo cometido na casa de Deus. Cobraram explicações da igreja e do Bispo, que não resultaram em muita coisa. Porém a mulher não pode ter sido punida por seu crime contra Deus na fogueira, muito menos o homem que havia a engravidado (porque sumiu como se tivesse evaporado). Então com o passar dos meses, com a mulher estando desaparecida para responder pelos crimes, tudo andava para cair ao esquecimento de uma parte vergonhosa do povoado. Um povoado de pessoas boas e trabalhadoras que eram extretamente restritas à família, trabalho e bem estar da comunidade em geral. Porém, um dia durante a noite, uma casa foi invadida por um homem.

Uma força sobrenatural prendia a porta de madeira, que devia se partir rápido com várias pessoas a empurrando e usando diversas ferramentas cortantes. Entretanto, ninguém conseguiu romper a porta. Não antes da mulher e suas crianças que lá moravam estarem mortos. Com expressões medonhas, como se tivessem visto o próprio diabo. E Talvez eles tenham o visto.

Em seus corpos não se encontrava sangue, mesmo contendo diversos cortes e mordidas. Ninguém entendia quem era o homem que havia simplesmente sumido do lugar como fumaça. Os corpos foram enterrados, e ninguém soube dizer quem era o assassino que havia feito tamanha barbaridade praticamente na frente de todos, apenas sabiam que a senhora viúva e suas crianças agora estavam mortas.

E mais alguns meses se passaram, e mais algumas mortes ocorreram. Mas agora, quem passava durante a noite com rostos vividos na lua eram nada mais que as crianças e a mulher que todos haviam velado. Vagavam sem rumo nos primeiros dias, orações foram feitas,todos estavam horrizados, achavam que era alguma possessão, algo demoníaco. Mas não imaginavam que fossem repetir o que causou sua morte com um senhor. Na frente de todos no meio da rua, ninguém conseguiu impedir ou correr, nem um choro foi dado e nem uma reação além de um medo absurdo e o olhar de descrença da cena que presenciaram.

A mulher antes morta e suas crianças estavam devorando de sangue e carne o homem que rezava para que seus espíritos seguissem seu caminho. Se antes as aparições nada faziam além de vagar, agora atormentavam o povoado que estava com medo. Eles haviam se alimentado do homem na frente de todos e novamente andavam sem rumo pelo local. Com expressões estranhas, os corpos pareciam estar lentamente se recuperando da decomposição que antes demonstravam.

A alta comissão da igreja e o Imperador foram contatados, o Bispo deu ordens para queimar todos os corpos dos demônios que vagavam durante a noite, e repousavam em seus caixões durante o dia. Todos estavam aterrorizados, se negaram a ir ao cemitério buscar as criaturas para realizarem as queimadas. E no final, os religiosos do alto clero da igreja que tiveram de fazer o trabalho, mandando soldados do império (algo que jamais foi necessário no povoado). As pessoas buscavam conforto nas orações e justiça na caçada contra as pessoas que haviam começado todo aquele castigo divino. Entretanto, nunca acharam nenhum dos dois, e nem mesmo a criança bastarda. Com o passar dos anos, várias lendas foram sendo criadas, diversas pessoas diziam ver aparições no escuro da mata, de uma mulher atormentada procurando sua criança. De um homem de vestes escuras cantando hinos em latim, no telhado frente a igreja, Até mesmo de um choro macabro de sofrimento que vinha do rio em toda noite de lua cheia. Clamando por sua mãe profana, como se perguntasse porque seus pais haviam amaldiçoado seu espírito a tamanho sofrimento do inferno ( mesmo quando não se sabia se a gravidez havia vingado, se a criança havia nascido).

E no desenvolver das gerações, passaram quase oitenta e nove anos. Das mortes macabras haviam provas. E volta e meia, alguém aparecia morto do mesmo jeito. Já era costume queimar todos os corpos, e já não havia tanto medo como antes. Enquanto da suposta mulher e do filho do padre, isso já não se acreditava tanto. Alguns tinham a opinião que era apenas uma lenda, mas os mais velhos juravam de pé junto que haviam ouvido dos céus que as maldições eram por culpa deles. Já havia passado da época que tudo se culpava de coisas sobrenaturais. Diziam que as mortes eram atribuídas a algum animal, e que os cadáveres eram queimados apenas por costume do lugar. Entretando ninguém possuía coragem para testar se isso era de fato uma lenda ou não. E em todo o povoados possuíam diversas cruzes e a igreja constantemente mandava uma vistoria. nos povoados vizinhos eram o mesmo. Entretando áreas grandes de condados ou ducados achavam isso um fato engraçado de lugares do interior. Era visto como algo de pessoas ignorantes, já que nunca em lugares tão povoados tinham acontecido mortes assim.

Era um lugar que cresceu pouca coisa com o passar dos anos, era monótono e de clima quente. Entretanto, era lá que mais uma centena de coisas estranhas iriam acontecer.

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