Capítulo 42 - Colheita

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Descendo rumo ao roseiral, Mandi corou de leve por Andrew ter dito que ele era dela mais uma vez, nem sempre ela sabia o que dizer, deixava seu silêncio ser interpretado e ele sabia muito bem como fazê-lo.

Andando de mãos dadas pela trilha de pedrinhas brancas por entre as flores, Mandi percebeu mais abaixo muitas árvores plantadas enfileiradas a exatidão, curiosa ela não pode evitar de perguntar:

- O que são aquelas árvores alinhadas tão certinho?

- Ali começa o pomar, são amoreiras, mangueiras, macieiras, perereiras, jabuticabeiras, pessegueiros, goiabeiras, cerejeiras e mais algumas. Meu pai tinha o sonho de ter uma horta e um pomar como na casa da minha Nonna na Itália, conseguiu realizar em vida. - explicou Andrew.

- Acho que estou entendendo cada vez mais porque seu pai tinha essa propriedade... - comenta Mandi.

- Pra poder ser ele mesmo. - disse Andrew. - Aqui ele podia fazer o que queria, cuidar do jardim, da horta, dos animais, da casa, ele gostava de tudo isso e me ensinou a gostar também. Ele dizia que se conectava com os Nonnos dele, com as pessoas que ele gostava que já haviam partido sempre que estava em meio a natureza, que se conectava mais com Deus aqui do que em qualquer outro lugar. Ele tinha um jeito muito especial de ver a vida, sempre reforçava como era importante ser gentil, respeitoso com tudo e todos, até hoje não sei como ele caiu na lábia da minha mãe.

- Que bom que ele caiu. - exteriorizou Mandi observando tanta beleza ao redor.

- Como assim? - questionou Andrew franzindo o rosto.

- Se ele não tivesse caído você não estaria aqui. - aclarou ela - Sua mãe pode ser uma pessoa de causar desgosto, mas graças a ela e seu pai eu tenho você agora.

- Como você faz isso? - pergunta ele a olhando.

- O que? - estranha ela retribuindo o olhar.

- Isso de me fazer ver mesmo o ruim da minha vida sob uma ótica diferente. - respondeu ele.

Mandi parou um instante se pondo de frente a ele, levou uma das mãos ao rosto do rapaz que a segurou delicadamente o pulso, ela o fez carinho por uns segundos dizendo:

- Talvez seja esse o motivo de estarmos juntos, além de muitas outras coisas, podermos fazer um ao outro enxergar as coisas de forma diferente.

- Ou seja, eu também faço isso com você... - complementou ele.

Mandi assentiu, ele apoiou a mão sobre a dela que o afagava, virou o rosto a dando um beijinho na palma com os olhos fechados, aquele gesto falava mais do que qualquer palavra que pudesse ser proferida. Eles estavam começando a entender a importância de um para o outro nessa vida, mas havia muito para ser reconhecido e explorado.

- Eu ainda quero ir ver as roseiras ... - lembrou Mandi baixinho.

Andrew soltou a mão dela, fez um arco com seu braço, ela se engachou a ele e continuando a descida ele confirmou:

- Pois sim senhorita, vamos continuar pela trilha. Já estamos chegando.

Descendo o caminho, o tilintar do atrito das pedrinhas dava sensação de solidez a baixo dos pés, em certo momento era possível jurar ser apenas uma pessoa andando por ali e não duas. Mesmo Mandi sendo bons centimentros mais baixa que Andrew, ainda assim, parecia que cada passada de perna era única, ou seja, até o simples caminhar deles estampava a conexão que possuem.

Ao final dos grandes canteiros repletos de flores, a trilha ficou mais larga, revelando uma espécie de cruzamento em T, a frente deles do outro lado da trilha roseiras, muitas roseiras de muitas cores, tamanhos, formatos e graus de desenvolvimento. Os olhos de Mandi esplandeceram, ela parecia uma menininha que não sabia para onde olhar, o perfume se espalhava no ar a cada brisa, sem duvidas magia resumia o que se sentia em frente a tantas rosas.

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