capítulo 10 - andando entre vidros

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Eris

Depois de fazer a maioria das tarefas que meu pai me designou, dou uma pausa, com o objetivo de visitar minha mãe.

A encontro no jardim, surpreendentemente cuidando do jardim. Acredito que tem passado tempos tediosos, e essa é mais uma de suas tentativas de preencher o vazio que seu parceiro causa em sua vida.

Por muito tempo senti raiva de minha mãe, principalmente quando mais novo. Ao auge de minha juventude, a julgava muito por ainda viver com meu pai, e principalmente, por permitir que ele fizesse oque queria com ela, conosco.

Hoje em dia a compreendo melhor. Muito nova, e tudo oque conhecia era a própria casa. A própria familia. Criada e preparada a vida toda para agradar ao futuro esposo, que teria de ser  indecentemente rico e não necessariamente de uma idade proxima.

Acho que o destino acabou sendo cruel com ela.

Quando você é criado com o objetivo de criar e procriar, suas melhores esperanças quanto ao seu parceiro é que ele seja ao menos um pouco carinhoso e compreensivo.

Acho que é tudo oque meu pai não é.

Assim, criaram juntos um casamento miserável e uma familia talvez um pouco pior.

Quanto ao papel de mãe, dentro das circunstâncias que ela teve, fez o melhor que pode

a maioria de meus irmãos, foram arrancados dela logo cedo, segundo meu pai, "para iniciar rigidamente o processo de treinamento", sendo assim acredito que apenas eu e Lucien tivemos realmente tempo para laços maternos.

Fui amamentado e cuidado apenas por minha mãe até os três anos, oque me deu bastante tempo para aprender a ama-lá. Como eu era o primogenito, meu pai foi aconselhado a me criar da melhor forma possível.

Me vestiam com os melhores tecidos, eu passava o dia todo na companhia de minha mãe, e a tarefa principal de sua vida era me cuidar e me criar, bem tratado e educado.

Ela me ensinou a ler, escrever, contar, como me portar a mesa, como me vestir sozinho. e principalmente como agradar meu pai, para que ele não me machucasse. Jamais levantou a mão pra mim, mas se certificou que eu soubesse oque fazer se algum dia alguém o fizesse.

E assim fui criado somente por ela ate os 10 anos, quando meu pai introduziu os livros e os estudos de "como dirigir esse reino para a glória, quando eu inevitavelmente bater as botas".

os estudo tomavam a maior parte de meu dia, e logo no fim da tarde, eu corria pra fora do escritório de meu pai, em direção ao jardim, sabendo que la estaria minha mãe.

Ela me esperava com um pequenique e livros, então eu me sentava ao lado dela e ela lia pra mim.
Assim aperfeiçoamos minhas habilidades de leitura e escrita, durante os anos em que meu pai me permitiu essa proximidade.

Minha mae teve muitos outros filhos ao longo do tempo, e jamais senti ciúmes de algum deles, por que ela mal os criou, por mais que eu soubesse que ela queria.

Quando Lucien nasceu, achei que seria como das outras vezes, mas eu estava enganado.

A aquela altura, eu ja tinha deveres como primogênitos, basicamente como assistente pessoal de meu pai, o ajudando a gerenciar tudo. isso me dava muito tempo pra viver. Pra sequer pensar na verdade. Ja tinha aprendido a lutar a muito tempo, e treinava diariamente.

A DAMA DE VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora