Capítulo 1- Contando com a Sorte

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Eris

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Eris

Saio do escritório de meu pai com lágrimas, mas elas não são de tristeza, ou mesmo alegria, são de ódio.depois do encontro de minha mãe com o parceiro, ela voltou a outonal bem mais leve. Há um brilho diferente aos olhos dela, um brilho de pura felicidade, isso me acalma enquanto ando pelos corredores secando as lágrimas,  as costas ardendo e sangrando, manchando minha camisa com o sangue fresco. Respiro fundo, uma, duas, três vezes, e me dirijo até meu quarto, para um banho, e talvez uns curativos, ou uma compressa bem gelada, já que os cortes ardem como se queimassem por dentro.

Entro em meu quarto, tranco a porta e tiro a roupa entrando no chuveiro, o ligando. A água quente cai sobre minhas costas, me fazendo grunhir de dor, desligo o chuveiro tão rápido quanto posso, mudando a temperatura da água pra frio, e o ligo novamente. Alívio e dor despencam sobre mim quando a água gelada lava meus ferimentos, apoio a cabeça e o braço na parede, suspirando profundamente, assistindo a água descer vermelha pelo ralo, enquanto penso, recalculo novamente minha próxima jogada. O melhor seria Beron arder e queimar no inferno com essa guerra, eu deveria deixá-lo em território inimigo, sozinho e desamparado, e torcer pra que não sobre nenhum pedaço sequer de seu corpo imundo pra lembrança.

Como não estou contando com a sorte, preciso achar um modo de me livrar dele, e ele tem que saber, que fui eu, o causador de sua morte, ah sim, quero que isso fique claro. Eu o odeio. Minha mãe diz que tenho que perdoá-lo de alguma maneira, por que é meu pai. Ele não é tal coisa. nunca foi, pra mim, nem pra nenhum de meus irmãos. Sempre foi frio, distante, rigoroso. Eu não preciso dele, nunca precisei.Não preciso de nada dele, nada.

Seguro o impulso de chorar como uma criança quando ouço a voz de minha mãe na porta.

- Eris, meu amor? está ai dentro?

- sim mãe.... - desligo o chuveiro e me enrolo na toalha rápidamente - oque a senhora precisa?

- eu gostaria.... que viesse caminhar comigo....- sinto minhas costas ficarem dormentes, a cura rápida se iniciando, e minhas pernas quase fraquejam pelo alívio.

- ahn....me sinto indisposto agora, mãe.....desculpe.

- ao menos abra a porta, sim?- eu abro, torcendo mentalmente para que minhas costas não sangrem, e que ela não perceba nada. Faço minha melhor cara de normalidade

- estava no banho.... eu..... preciso me trocar, e depois me encontrar com Beron....que tal....caminharmos mais tarde? - sorrio pra ela suavemente, tenso como nunca me senti, ela me encara, com um brilho feliz nos olhos.

- claro, meu amor....... desculpa incomodá-lo - ela me oferece um sorriso gentil, e começa a se afastar, e eu fecho a porta, a trancando novamente.

Não posso deixar que ela saiba. Não quando está tão feliz , se sentindo tão bem, não posso decepcioná-la, deixá-la triste. Devo isso a ela. Deito com as costas pra cima em minha cama, tentando relaxar. Quem sabe se eu dormir um pouco, a cura se acelere, assim eu poderia levá-la pra passear no fim da tarde.

Acordo relativamente melhor, algumas horas depois, minhas costas começaram a cicatrizar, percebo assim que me olho  o espelho. Tomo mais um banho antes de vestir a camisa de tecido mais macio que tenho, e treino a postura para parecer casual, normal, como sempre estou.

Encontro minha mãe no salão comunal do castelo, fazendo curativo em um de meus irmãos, e assim que ela termina saímos pra caminhar. Acabamos voltamos bem tarde, me dando tempo só de jantar, tomar outro banho e cair na cama,  com bastante sono. sonho a noite toda com alguém, distante de mim, que tem paz o suficiente para sentar a varanda e ler um livro.


 sonho a noite toda com alguém, distante de mim, que tem paz o suficiente para sentar a varanda e ler um livro

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Senhora da Corte Outonal

Dois meses passam voando, e com todas as tarefas que tenho a fazer quase me atraso para sair com eris, mas consigo chegar a tempo para que ele nos transporte para a corte diurna.Chegamos em poucos minutos, eris arquejando de dor ao fim, e se sentando no chão, tremendo levemente.

-eris.... meu amor, oque ouve? - me abaixo ao seu lado o olhando preocupada, e coloco as maõs em suas costas.Ele se esquiva de meu toque respirando fundo, tentando controlar a respiração.

- não é nada, apenas... me deixe respirar por alguns segundos.

- tire o casaco, deve ser o calor - eu o ajudo a tirar a peça lentamente,  e ele desabotoa a camisa apressadamente, se afastando levemente de mim, me olhando.

- está animada pra encontra-lo? - ele pergunta me encarando, dor e algo mais brilhando em seus olhos.

- estou sim, mas Eris, oque é isso no seu ombro? - meu estômago se revira, e eu avanço na direção dele, analisando as costas do mesmo com cuidado. A mesma está repleta de feridas, fruto da última "conversa" que Beron teve com ele, imagino. Os machucados não parecem tão recentes, e ele me afasta levemente, pegando a camisa.

- Estou bem, não há com que se preocupar.

- Eris, você....- ele veste a camisa novamente, se afastando de mim.

- Não vamos falar sobre isso hoje, e nem depois, e nunca.

- Meu filho, eu.... - me aproximo levemente, e ele recua, culpa passando pelos olhos do mesmo.

- Cuide dos seus próprios problemas e dificuldades, mãe, eu sei me virar. - ele veste o casaco de novo, e me oferece a mão para me teletransportar afim de irmos para o castelo. Eu seguro a mão do mesmo, o encarando em confusão.

Assim que nos teletransportamos, Helion é chamado para nos receber, ficamos em silêncio enquanto o esperamos, Eris suspirando lentamente, como se estivesse canalizando a dor em algo diferente.Assim que vejo as veste de Helion pelo corredor, meu coração dispara rápidamente, e Eris se levanta.

Após um breve cumprimento de mão com Helion, Eris some tão rápido quanto chegou, me deixando sozinha com Helion, por pelo que sei que serão provavelmente as melhores horas que tenho há tempos.Ainda assim, não consigo afastar o peso no meu peito, por não perceber e não poder impedir oque está acontecendo com o meu filho.

O quão horrível eu sou, por estar aqui enquanto meus filhos permanecem lá, a merce de torturas desse tipo?E por que Eris não me procurou? Não pediu ajuda? Será que ele não acha que sou confiável o bastante?As dúvidas me cercam até que Helion coloca a mão sobre a minha, com o olhar preocupado, dou um suspiro o abraçando. E quando ele me toca, esqueço tudo.

A DAMA DE VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora