capítulo 19- acorde.

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Eris

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Eris

corro o mais rápido que posso, passando pelas árvores de carvalho secas. O vento balança as folhas produzindo um som agradável, embora essa não seja a melhor hora para apreciar as particularidades dessa floresta em específico. Meu colete não é o suficiente para que eu fique aquecido, e minha respiração acelerada gradativamente enquanto corro, desviando habilmente dos galhos quebrados pelo chão.
          Me escondo perto de uma grande pedra, e não exatamente me lembro do que, ou de quem estou me escondendo. Só agora consigo sentir meu braço queimando, e minha mão volta banhada em sangue, e presumo ter sido ferido por isso que está me perseguindo. Minha respiração se desacelera conforme tento fazer silêncio, para prever os próximos passos de meu oponente.
         uma Lamina fria é pressionada contra meu pescoço, e meus olhos encontram olhos pares aos meus. O cabelo, ainda que ruivo, claramente manchado de sangue, e o rosto todo contém pequenas marcas de sangue. Parece ter sido um dia difícil. Encaro a mim mesmo, mas não sou eu.

- Você deve acordar, Eris agora. Acorde agora.

analiso as diferenças entre nós dois. Alem de dias de banhos não tomados, o desespero e a angústia parecem ter tomado conta de mim. Estou quilos mais magro, e sinceramente, pareço estar morto.

- Você não me escutou? Acorde agora, Eris!

- Q-quem é você? - minha voz soa como cacos de vidro - como eu faço isso?

- Acorde, Eris. Apenas deseje acordar.

- Acredite, eu já estou.

- Você não está. Está afundando Eris. Acorde Agora. Você deve acordar - ele se interrompe quando um rugido ressoa pela floresta, as árvores chacoalham e o vento ricocheteia pelas folhas, produzindo novamente aquele som agradável.

Ele - eu - se levanta, e se afasta lentamente, encarando algo aterrorizado. Presumo estar acima da pedra, e não produzo nenhum ruído enquanto observo a mim mesmo, soltar a adaga, e correr.

Uma fumaça - sim, uma fumaça preta - me persegue, e devo conseguir correr alguns metros apenas antes que ela me envolva. Não faço ideia de que diabos isso seja, mas me mantenho em silêncio enquanto meu outro eu é derrubado no chão.
Os gritos de terror parecem
insignificantes perante ao barulho das folhas no vento, mas eles duram pouco antes que a fumaça me imobilize no chão e sugue algo de minha boca. O terror consome meu corpo de tal forma, que não consigo me mover, e ao tentar, consigo apenas ajeitar meu corpo contra a pedra.

A forma preta sem rosto parece se virar pra mim, e mesmo sem olhos ela parece me observar. Meu corpo caído no chão, parece embranquecer drásticamente, e já não me movo.

A pedra é fria e estou apavorado demais pra me perguntar por que não me movo. A forma se aproxima, e assim como uma cobra, parece se empertigar antes de vir pra cima de mim, antes de tudo ficar escuro.

Dou um pulo na cama, e a primeira coisa que escuto é o vento, por entre as árvores, me fazendo lembrar da floresta. Uma mão toca meu braço, e estremeço olhando na direção de Merida.

- Está tudo bem - ela acaricia meu ombro e se senta, a voz rouca pelo sono me lembra dos cacos de vidro. - foi só um sonho.

Minha pele parece pegajosa, e sinto um calor absurdo, por todo meu corpo. As coisas passam pela minha cabeça rápido demais, nítido demais. O sonho, o vento, os cacos de vidro e as árvores. Eram árvores bem grandes.

acorde Eris. Você deve acordar agora.

Merida tira a mão de meu ombro emitindo um som de dor, e a encaro preocupado.

- puxa, você ta quente - ela envolve uma mão com a outra, e com as pernas empurra o cobertor pra longe - não vamos mais precisar disso, não é? - ela se ajeita na cama, e me observa parecendo ansiosa - fala alguma coisa.

- Foi tão ... real.

- Foi só um sonho. você estava aqui comigo o tempo todo - ela oferece aconchego entre os braços, e logo aceito, sentindo minha pele ainda morna. - você está seguro. Agora seja um bom menino, e durma - ela boceja ao terminar a frase, e acaricia meu cabelo, posso sentir seu corpo relaxar um pouco quando ela volta a dormir.

Não durmo mais, e a minha voz, ecoa na minha cabeça pelo resto da madrugada

Está afundando Eris. Acorde, agora.

[...]

a manhã demora a chegar, e observo o amanhecer pela janela, ainda deitado. Um braço de Merida envolve meu corpo, e o outro se dirige a minha cabeça, os dedos, agora imóveis, emaranhados entre os fios ruivos. Escuto seu coração batendo calmamente embaixo do meu ouvido, e suas respirações levantam minha cabeça suavemente. Elas permanescem estáveis, o peito subindo e descendo, com excessão de em algum momento da madrugada, em que ela suspirou profundamente, e suas respirações aumentaram de ritmo, ditando uma nova sequência.
Também notei seus dedos movendo- se lentamente em meus cabelos algumas vezes, e seu outro braço apertou meu corpo de leve, como se tentasse reafirmar minha presença ali.
Refleti sobre a proposta de Rhys, e sobre meu plano todo. Cheguei a conclusão de que está mesmo na hora de voltar à ativa, e definitivamente vou aceitar a proposta. Em contra partida a isso, minha vingança continua mais firme do que nunca, e também devo ir atrás dela. Agente duplo, de fato, faz bem o meu perfil. Enquanto investigo pra Rhys, investigo pra mim.
Eu nunca fui muito diplomático, mas também nunca me mantive totalmente fora desse papel. A tarefa de emissário, também não me caiu muito bem. A de sucessor menos ainda. Como soldado me saio bem, mas não bem o suficiente para tornar isso meu valor principal. Muitas cortes não tem interesse ou não simpatizam comigo simplesmente por ser filho de quem sou. A corte de tarquin é um exemplo claro. Não fui diretamente rejeitado, mas em uma ou duas viagens à capital, você acaba percebendo que não é bem vindo.
Merida se move lentamente, e o relógio marca exatamente 08:30. Ela solta um barulhinho e seus braços me pressionam levemente contra ela, e ela suspira. Presumo ter aberto os olhos, já que seus braços relaxam e ela fica parada por alguns segundos.
Um beijo é deixado em minha cabeça, e a mão volta a acariciar lentamente os fios. Fecho os olhos, fingindo dormir. Não quero que ela se preocupe.

- tivemos poucas manhãs assim. - ela murmura, mais pra si mesma do que pra mim, e continua o carinho , descendo pelo meu pescoço, ombro, braço, e subindo novamente. Ela dedilha uma de minhas cicatrizes, e desce o dedo do ombro até as costas, passando por ela. Não posso evitar o arrepio nervoso que me desce pela espinha, sinto a cicatriz especificamente, como se uma faca estivesse a cortando. Ela parece perceber, pois puxa o cobertor novamente e me envolve nele, oque me tras uma sensação de segurança. Não sei em que momento acabo dormindo realmente, mas escuto sua voz até que elas virem palavras desconectas, e fiquem cada vez mais baixas. O sono me envolve, e apaga meus pensamentos, me levanto lá pro fundo, aonde ouço cacos de vidro se estilhaçando.

 O sono me envolve, e apaga meus pensamentos, me levanto lá pro fundo, aonde ouço cacos de vidro se estilhaçando

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⏰ Última atualização: Jul 06 ⏰

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