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ANOS ATRÁS.
O começo.

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Sem escola por quase três meses, eu devia ficar mais que feliz. Mas não estou, nem um pouco, tenho vontade de esmagar a cara do desgraçado do Paulo. Bloqueiei a tela do meu celular tentando apagar a imagem da foto dos  dois da minha cabeça. 

Presente de Deus... Sinceramente!

Levei o chá gelado até a boca enquanto segurava a alça da mala com força, olhei para os dois lados e atravessei a rodovia quando o sinal de pedestres ficou positivo.  Hollywood tinha o mesmo cheiro que eu me lembrava, a energia das pessoas também era a mesma. Eu devia ligar para Sophie e avisar que estou aqui, mas ela está ocupada demais com sua apresentação no teatro Dolby.

— Ei, olha por onde anda! — Berrei quando alguém tombou em mim fazendo minha mala entupida se abrir.— Que merda!

— Desculpe. — murmurou sem olhar para trás.   

Me abaixei rapidamente tentando juntar tudo antes que alguém visse, a tampa do chá em minha mão soltou fazendo o líquido derramar por minha roupa. Reprimi um xingamento e olhei para trás, o idiota se quer parou para me ajudar o vi entrar no seu carrão de luxo de um verde musgo raro.

— Precisa de ajuda? — Uma voz doce encheu meus ouvidos. Ergui os olhos encontrando o rosto simpático da garota.

— Bem, sim.— Sacodi minha blusa agora encharcada socando-a dentro da mala. — Obrigada. — Eu disse assim que ela colocou as outras peças ali também.

— Por nada, eu me chamo Hanna.

Fechei o zíper depois dela por seu peso em cima da mala.

— Kimberly, mas a maioria me chamam de Kitty. — Ela sorriu.

— É nova na cidade?

Me levantei depois de limpar meu joelho e negar.

— Não, eu nasci aqui. Mas me mudei para Itália e agora estou de volta. — Joguei o copo vazio no lixo mais próximo.        
   
— Você esqueceu isso. — Uma morena alta dos cabelos longos estendeu minha calcinha que eu nem havia notado estar fora.

Senti minhas bochechas esquentarem com o constrangimento, peguei rapidamente da sua mão embolando entre os dedos logo antes de enfiar no bolso da frente.

— Tifanny, você deixou a garota sem graça. — Hanna reclamou.

A morena da cor de chocolate e dona de grandes olhos escuros riu.

— Foi mal, não foi minha intenção. — Hanna muito mais baixa lhe lançou um olhar de reprovação.— Tá, talvez um pouco.

Espero que esses desastres não seja um sinal de como será meus próximos meses. Só agora notei as roupas delas, um vestido cinza com dois grandes bolsos na frente.

— Big Snak?  — Li em voz alta.

— Ah sim, trabalhamos lá. Estamos em horário de almoço, e como a Tifanny está de dieta resolvemos dá um pulo na rua e procurar por algo sem glúten. 

— Eu nunca ouvi falar.

— Fica longe do centro, é comum as pessoas não conhecerem tanto assim.

 (Des) sintonizados.Onde histórias criam vida. Descubra agora