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DIAS ATUAIS.
Augusto.
às 17:57

🎸

Kimberly tinha uma filha. O ar me faltou e meus pés quase vacilaram. Do outro lado do tapete vermelho ela estava tão imóvel quanto eu. E a mesma vontade súbita de toca-la apenas para saber se era realmente ela quem estava ali me tomou, mas afundei esse desejo e o escondi no fundo junto daquelas mágoas.

Ela estava igual, cada detalhe do seu rosto exatamente como eu me lembrava. Seus lábios finos e olhos âmbar, os olhos que eu costumava achar os mais lindos do mundo. Senti falta dos seus óculos e da forma nervosa em que ela o consertava toda vez que nós discutíamos pela coisa mais idiota do mundo.  Seu belo corpo esculpido em um vestido Azul que realçou sua pele que costumava ser minha ruína, minha mandíbula trincou quando a lembrança da sua última mensagem invadiu minha mente.

Minha mãe estava certa quando disse que Kimberly seria um problema pra mim, ela estava certa e eu não lhe dei ouvidos. Talvez se eu não tivesse aceitado aquele maldito acordo não teria meu coração despedaçado por ela. Se eu não tivesse atendido aos meus desejos em vê-las todas as noites eu não teria me apaixonado por ela.

Engoli em seco quando fitei a criança que parou em sua frente, seus cabelos castanhos e lisos, olhos verdes e um sorriso fofo que fez meu coração bater mais rápido.  A garotinha se balançava lentamente na melodia da música em que Ivy cantava ela percebeu que eu a observava e me fitou com a mesma curiosidade que eu a observava.

Empalideci, porque sua careta era igual... a minha. Ela sorriu e possuía uma covinha na bochecha esquerda e meu coração se apertou, dobrou-se e se rasgou em mil pedaços.

A. meu. Deus.

Não... não!

Kimberly não teria coragem de ter feito isso. Ela não poderia. Eu estou maluco, estou completamente maluco por isso estou imaginando essas coisas. Essa criança não se parece comigo, eu só estou abalado demais com sua descoberta. De quê ela teve uma criança, de outro não de mim.

— Você está bem? — James susurrou.

— Não J.  acho que estou ficando louco. 

Respirei com dificuldades. Porque se Kimberly tivesse escondido essa criança de mim, eu juro... Juro que Nunca à perdoarei, juro faze-la pagar por tamanha crueldade.

— Gus...

Pisquei várias vezes, meu coração tão descontrolado que achei que saltaria para fora do peito a qualquer momento. Sufocado. Eu me sentia completamente sufocado, tão sufocafo que nem quando afrochei o aperto da gravata consegui meu ar de volta.  Os olhos de James eram gentis e um lamento refletiu neles por breve segundos e então eu soube.

Aquela menina, aquela criança de olhos redondos e fofos... era minha filha. E tudo girou, e os flashes se tornaram incômodo. Lutei para ficar, me obriguei a assistir a cerimônia dos meus amigos mas não consegui. Não quando Kimberly fugiu.

De novo.

Ela sequer olhou para trás, Anie olhou confusa para trás vendo ela levar a criança com ela. Então eu as segui. A passos apressados, ela não escaparia dessa vez. Eu faria ela olhar pra mim, faria ela ver oque fez comigo. 

— Kimberly!  — A chamei, minha voz rasgando meu peito. Eu jurei nunca mais tocar naquele nome.

— Vá embora! — Ela empurrou a porta entrando bruscamente, a garotinha lutando para acompanhar seus passos com olhos confusos.

— Kimberly! — Esbravejei mais uma vez alcançando seu braço.

—Me solte! — Ela esbravejou de volta. — Me solte, por favor... — Ela fechou seus olhos se negando a me encarar. — Gus... por favor.

 (Des) sintonizados.Onde histórias criam vida. Descubra agora