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Cheguei na mansão primeiro que Miguel, eu disse que passei mal com alguma coisa que eu comi e precisei voltar urgente. Claro, ele não acreditou mas me deu tempo para respirar, mas por mais que eu respirasse nada tirava a sensação de que eu vi um fantasma.

— Você tem certeza de que está bem? Está pálida. — Ross acarenciou meu ombro.

Assenti aceitando o copo com água e açúcar que Anie me entregou. Elas já estavam maquiadas e com os cabelos em bobs.

— Estou, estou bem. — Me encostei na cabeceira da cama.

— Você o viu? — Engoli em seco. — O Augusto, você viu ele na rua?

Assenti várias vezes.

— De longe.

— E ele te viu?— Ross perguntou levando a mão à barriga nervosa.

Fiz que sim.

— Ainda bem que Agnes não estava comigo.

Anie estalou a língua sua sombra marrom e dourada reluzindo na pouca luz da tarde que vinha pela janela.

— Mas estará com você daqui a algumas horas, e é bom você está pronta para a verdade. 

Me joguei na cama e cobri meu rosto. Estava ficando insuportável, e eu deveria ir embora. Mas não posso, prometi a Sophie que ficaria. Ag está animada para usar o vestido e Michael insistiu que eu ficasse até o aniversário dos gêmeos também. 

— Isso deve ser tão difícil pra você, não consigo entender como as coisas fugiram do controle. Vocês eram lindos juntos, engraçados e intensos. — Anie lamentou. — Eu espero que as coisas  melhore pra você Kitty, espero que dê tudo certo no final.

Respirei fundo encarando sua barriguinha de grávida recente.

— O meu final foi à muito tempo, quando eu aceitei fugir. — Engoli as lágrimas.

— Está enganada, o Final só chega quando a vida termina. Enquanto isso não acontece tem muita história pra rolar ainda. — Ross se sentou ao meu lado.— Uma amiga me disse isso uma vez.

— Não use minhas palavras contra mim. — Ela riu. — Isso é feio.

— Levante a cabeça e vá se arrumar, você está atrasada. — Ross me deu alguns empurrãozinhos.

Enxuguei meu rosto, acho que estou chorando pelos anos repridos de lágrimas contidas. Com eles eu não preciso ser forte, não tenho medo de chorar e dizer oque estou sentindo. Acho que isso é oque eu mais sintia falta neles. 

Não demorei muito, na verdade porque não tive muita paciência para ficar sentada em uma cadeira por horas.

— Chapinha querida? — O cabelereiro perguntou.

Recusei, na verdade eu a recuso à muito tempo. Gus me ensinou isso, ele dizia que meu cabelo natural era bonito e que eu devia parar de destruir meus cachinhos. Certa vez ele aprendeu a como finaliza-lo, e ali eu me apaixonei pela milésima vez.

 (Des) sintonizados.Onde histórias criam vida. Descubra agora