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DIAS ATUAIS.
Augusto
às 22:32.


🎸

Se eu achei que já conhecia a felicidade, foi porque nunca ouvi Agnes me chamar de pai. Sentado ao lado da cama em que ela adormecia eu só podia sentir isso, feliz, feliz e feliz. E depois mágoa, mágoa porque devia ter sentido isso antes. E Kimberly me privou disso.

Deixei um beijo em sua testa e lhe Sussurrei um boa noite soltando a mão em que ela dormiu agarrada. Caminhei para fora do quarto e fechei a porta atrás de mim. Kimberly estava ali no corredor encolhida no canto e com a cabeça baixa. Me sentei ao seu lado esticando as pernas e repousei minha cabeça na parede.

— Oque você fez Kim? Você tem noção do que fez?

Ela não piscou, nem se moveu, parecia branca como papel.

— Eu sei.

Engoli em seco e tudo oque minha vinha a cabeça era Agnes e seu chorando em meu ombro, chorando pela ausência que sentiu de um pai.

— Você nos tirou essa oportunidade quando foi embora.

— Eu sei.

— Você...

— Eu sei Augusto! — Ela esbravejou. — Eu sei oque fiz, eu sei oque eu deixei de fazer, eu sei oque eu devia ter feito mas não fiz. — Ela passou seus dedos  trêmulos no cabelo. — preciso dos meus remédios.

Ela tentou se levantar mas eu a impedi. Sua pele estava fria, e sua boca machucada, assim como suas unhas que sangravam. Ela estava se torturando, Kim estava se punindo.

— Tudo bem Kim, você não precisa dos calmantes. — Sei que elas os toma com frequência eu já a vi engolir um como se fosse balinhas. — Você precisa dormir. 

Ela negou tombando a cabeça.

— Eu preciso ficar acordado Gus, e se ela precisar de mim? E se suas dores...

— Shh, tudo bem. — Segurei seu pulso e o girei. Sua tatuagem que até dias atrás eu não havia notado. — Pode dormir Kim, eu vou estar aqui se Agnes precisar. 

Ela soluçou, parecia tão cansada... Tão destruída.

— Sinto muito Gus. — Ela chorou e partiu mais uma vez meu coração. — Sinto muito, sinto muito, sinto muito, sinto muito. — Eu não sabia ao certo sobre oque ela se referia, mas Murmurei de volta enquanto deixava beijos em seu pulso.

— Eu sei, Kim, eu sei...

Envolvi meus braços em torno dos seus ombros e deixei que ela chorasse mais uma vez ali. Talvez eu não tenha sido o único a ter um coração partido.

(...)

Pela manhã fui buscar as coisas de Agnes na casa do Michel e da Sophie cedinho. Eles estavam tomando café e quando me viram ficaram surpresos.

— Gus? Ah céus, fazia um tempo que você não invadia nossos cafés da manhã. — Sophie levantou animada limpando os lábios no guardanapo.

— Tio Gus! — As crianças gritaram.

— Se eu soubesse que minhas visitas alegravam tanto vocês, teriam vindo mais vezes. — Os cumprimentei com um beijo.

 (Des) sintonizados.Onde histórias criam vida. Descubra agora