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DIAS ATUAIS.
Kimberly
às 22:45


🎬


Autocontrole, eu descobri que sou boa nisso nesse jantar. Eu queria muito voar naquele pescoço metido e arrancar cada fio de cabelo daquele cabelo sedoso, mas apenas sorri e acenei na maioria das vezes.

Já era tarde quando eles foram embora, mas garantiram que queriam passar mais tempo com Agnes. Eu disse que pensaria no caso, mas eu não deixaria Agnes nas mãos daquela mulher.

— Tudo sob controle, ninguém assassinato hoje a noite. — Gus se jogou ao lado de Agnes que cochilava em meu colo mas com os pés em cima do sofá.

— Graças a Deus acabou. — Resmunguei me encostando no sofá.

Ficamos em silêncio apenas admirando Agnes dormir tranquilamente, Ela adorou conhecer os avós. Se bem que Agnes gosta de todo mundo, todo mundo é bom pra ela.

Às vezes isso me preocupa, a chance de serem ruins com ela é grande. Pessoas boas quase sempre atraem pessoas ruins.

— Obrigada Kim.

Eu o olhei e vi muitas coisas em seus olhos.

— Tá, mas por quê?

Ele deu de ombros desviando os olhos.

— Por ter deixado Agnes conhecer os avós, por ter permitido que meus pais ficassem aqui com ela mesmo que tivemos problemas no passado.

Passado? Pra mim nossos problemas eram bem recentes. Eu não disse nada quando me levantei e tentei pegar Agnes no colo mas lhe lancei um sorriso suave.

— Deixa que eu te ajudo. — Ele a pegou primeiro.

Com Agnes em seu colo, subimos as escadas, Gus a deixou na cama depois de lhe desejar uma boa noite e um deixar um beijo mesmo que Agnes não fosse ouvir  Observei a cena com um aperto no peito, o tempo está se esgotando. Pra todos nós. Era um sentimento recorrente pra mim, mas nessa noite em específico estava mais forte.

O pensamento de um dia não ter Agnes comigo fez meu peito doer e meus olhos lacrimejarem, eu estava cansada desse medo. Mas ele sempre estava presente em todas as vezes em que eu dormia, e em todas as vezes em que eu acordava pela manhã também. Encostei minha cabeça no batente da porta e abracei meus braços controlando o tremor no corpo.

Augusto se apaixonou, achei que ele passaria direto, mas ele parou ao meu lado e sorriu.

— Boa noite Kim. — Quando seus lábios tocaram minha testa e seus dedos acariciaram meu cabelo o afastando da testa, meu coração saltou.

— Boa noite Gus. — Murmurei quando ele se afastou pelo corredor sem olhar para trás. Me apaixonei da cama e me deitei pronto para me entregar ao sono.

A visita daquela mulher não me fez bem, assim que acordei pela manhã tive a sensação de que meu peito estava sendo esmagado.

— Sophie? —  Sussurrei ao telefone.

Farfalhas de lençóis do outro lado.

— Kitty, oque foi? Aconteceu alguma coisa?

Encarei o teto.

— Acho que eu preciso de um abraço.

Um curto silêncio.

— Me espere, chego aí em vinte minutos. — E com suas palavras desliguei o telefone e afundei minha cabeça no travesseiro com lágrimas nos olhos enquanto fitava minha filha.

Duas batidas na porta foram o suficiente para que eu acordasse dos meus pensamentos, não sei quanto tempo se passaram, mas foram o suficiente para que Sophie já estivesse ali parada.

— Kitty, você está bem? — Ela se aproximou enquanto eu me levantava.

— Eu Estou com medo Sophie, muito medo. — Sussurrei quando ela estendeu seus braços sem demora.

— Ah minha amiga, vai ficar tudo bem. — Eu a abracei. Como eu sempre fazia quando ela chorava por qualquer coisa, um inseto morto ou um sorvete derretido. 

— Acho que eu devo estar naqueles dias. — Falei pesadamente.

Sophie riu um pouco.

— Não justifique seus sentimentos, só os aceite e espere que ela passe está bem?

Assenti fungando um pouco. E eu esperei até que ele passasse, era cedo, cedo o bastante para que os raios do sol ainda estivesse nascendo. Mas ainda assim Sophie saiu de sua casa e venho pra mim.

— Eu amo você.

Ela nos separou apenas um pouco.

— Ah Kitty, eu também amo você. Senti sua falta.

— Também senti sua falta, todos os dias.

[...]

No almoço Michael apareceu com as crianças, e em seguida James com sua família e Brayan com Anie. 

— Oque está acontecendo? Deu formiga na casa de vocês? — Gus apareceu na cozinha com a cara amassada.

— Não pode reclamar, você passou a vida inteira invadindo nossos cafés da manhã. — Michael acusou.

Ele deu de ombros coçando os olhos.

— Você tem um ponto. — Murmurou indo comprimentar seus amigos.

Era muito gente, até eu admitia isso. Ele beijou Anie e perguntou como seu bebê estava, fez um toquinho com o Bryan, James e Michael. Abraçou Sophie e Ivy que retribuíram com um beijo na bochecha e por último ele acenou com a cabeça pra mim que devolvi o aceno levando uma uva a boca.

— Onde está minha filha?

— Agnes está no jardim brincando com as outras crianças. — Respondi fazendo pouco caso, principalmente por causa dos outros que acompanhavam nossa pequena interação.

Ele assentiu desviando os olhos.

— Já pediram para preparar o almoço?

— Sim, Alice foi bem gentil ao nos atender. Mas não acha que devia por outro funcionário aqui?

Gus deu de ombros.

— Eu quase nunca fico em casa, então ela quase nunca precisa. Mas Acho que vou pensar nesse caso já que Kim e Agnes estão aqui.

Ergui a sobrancelha.

— Está me chamando de bagunceira Augusto?

Ele esboçou um sorriso ao se aproximar da mesa de frutas.

— Jamais, Kimberly.

Depois que o almoço foi servido a casa de encheu de conversa e boas memórias com histórias inesquecíveis, foi uma das melhores tardes que eu já passei. Estávamos todos com a família, e com os amores. Até mesmo eu, mesmo que Gus tenha outro amor ele sempre será o meu.

Sempre.

Continue...

 (Des) sintonizados.Onde histórias criam vida. Descubra agora