𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙.

022. TEMPO AO TEMPO.

Bruna Marquezine

Pensei que fosse ficar absurdamente constrangida em conhecer a família do Joaquín mas até que estou me saindo bem.

Ele parece muito mais envergonhado do que eu. Sua postura afundada na cadeira e um dos cotovelos sobre a mesa tampando metade do rosto, diz muito mais do que qualquer coisa.

A cada vez que a mãe dele me trás um álbum de fotos dele pequeno, ele se afunda ainda mais na cadeira.

– Mira este... (Olha essa daqui.) — e lá vem ela com mais um álbum aberto na mão. – Él bañándose en la piscina por primera vez. (Ele tomando banho de piscina pela primeira vez.) — olho pra ele rindo e ele corresponde com um olhar desesperado.

– Você era uma graça. — ele nega com a cabeça. – Sério, uma criança linda.

– En éste está desnudo. (Nessa ele está peladinho.) — a mãe dele me entrega mais uma foto na mão e ele levanta.

– Dios mio Mamá, basta. — pega a foto da minha mão. – Licencia Bruna. — dou risada e entrego ele sem nem ver a foto.

Não sei que drama é esse. Não é como se eu já não tivesse visto ele pelado antes.

– Que falta de buen comportamiento Joaco, Ella estaba disfrutando de las fotos. (Que falta de educação, ela estava gostando das fotos.) — puxa a orelha dele. – ¿No estaba?

– Estava, achei todas as fotos uma gracinha. — ele me olha de lado, me repreendendo com os olhos.

– Estas viendo. — a mãe dele pega o álbum na mão. – Te mostraré el resto más tarde Bruna. — correspondo com um sorriso e ela saí da mesa ainda xingando o Piquerez.

– ¿Ustedes son novios?(Vocês são namorados?) — a voz de Mateo surge atrás de mim e do Piquerez. Ele já se apresentou quando eu cheguei, inclusive foi o primeiro.

Piquerez me olha de rabo de olho esperando minha resposta e quando ele vê que eu não vou dizer nada, ele mesmo responde.

– Somos amigos, vecinos... ( Somos amigos, vizinhos...) — gesticula ás mãos enquanto responde. – Amistad colorida. (Amizade colorida.) — da um sorrisinho no final da frase e eu lhe dou uma cotovelada.

– Me gustaría tener una amistad colorida con una mujer brasileña. (Eu queria ter uma amizade colorida com uma brasileira.) — ele faz beiço e isso me faz rir. – Las mujeres aquí son tan... calientes.

– Uno es peor que el otro, Jesús. (Um pior que o outro, Jesus.) — Piquerez bate na própria testa.

– Tú eres muy bonita. ¿Alguna vez has sido modelo? (Você é muito bonita. Por acaso já foi modelo?) — Daniel pai de Piquerez perguntando me chamando com a mão. Vou até onde ele está no sofá e Piquerez vem atrás.

– Eu já tentei me arriscar, já fiz muitos ensaios. — sentei ao lado dele. – Mas minha carreira mesmo deu mais certo como atriz.

– Eres una actriz? — pergunta empolgado. – Bueno, te reconocí de alguna parte. (Bem que te reconheci de algum lugar.)

– Talvez algum filme, novela... — tento ajudar ele a lembrar.

– Sí sí, fue en una telenovela. (Sim, sim, foi em uma novela.) — acente com a cabeça. – De algún canal aquí en Brasil, creo que es... lobo... polo... (De algum canal daqui do Brasil, acho que é...lobo, polo...) — dou uma risadinha pelo nariz.