037. ASSUMIDOS.

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Bruna Marquezine

Permanecermos alguns minutos em silêncio. E mesmo que ele já esteja fora de mim, permaneço em seu colo, sentindo seu peitoral subir e descer enquanto meu coração ainda está martelando contra o meu peito.

Os braços de Piquerez em volta da minha cintura me apertam, e ele enfia o rosto no meu pescoço ainda sem dizer uma palavra se quer. O silêncio, longe de ser desconfortável, era como um cobertor suave nos envolvendo.

Mas eu tenho tanta coisa pra falar, tantas perguntas... Ao mesmo tempo fico com medo de abrir a boca e estragar o momento.

Bruna.
– Piquerez.

Falamos em sincronia. De novo um silêncio, a gente se encara, mas nada. Ele parece pensar no que dizer e eu tenho tanta coisa pra falar que meus pensamentos embolam.

Puedes hablar primero. — ele diz.

– Não... Não... — esfrego meu antebraço. – Pode falar você.

Quiero oirte. (Quero te ouvir.) — sorri com os lábios.

– Eu também quero te ouvir, ficou calado por um mês. — cruzo os braços e ele ri pelo nariz.

¿Quieres explicaciones?

Óbvio né. Óbvio.

Bien. — meu silêncio foi uma resposta, e antes de começar a falar ele suspira fundo. – Me tome el tiempo para pensar. No quería hablar contigo y sentirme más confundido de lo que ya estaba. (Tirei um tempo pra pensar. Não queria conversar com você e ficar mais confuso do que já estava.)

– Confuso? Você só ia ouvir minha versão.

Ese es el problema. — franzi o cenho. – No estaba de humor para escuchar la versión de nadie, quería que todo no fuera más que una pesadilla. (Não estava com cabeça pra escutar versão de ninguém, eu só queria que tudo não se passa-se de um pesadelo.)

– E em nenhum momento você pensou em mim? — aponto pra mim mesma. – Em como eu estava com tudo isso, em como tudo também estava sendo de difícil pra mim... — ele prende os lábios. – Esse é o tipo de coisa que se resolve junto Piquerez.

De novo um silêncio. Aproveito pra me levantar e cantar minhas roupas espalhadas pelo chão.

Eras la persona en la que más pensaba, Bruna. (Você foi a pessoa em quem eu mais pensei, Bruna.) — ele fala. – Perdón si parecí egoísta. — ele levanta da cadeira e ajeita a cueca no corpo. – Sólo pensé que era mejor para ti mantener la distancia. (Eu só pensei que fosse melhor pra você manter uma distância.)

– Melhor pra mim? — paro oque estava fazendo pra olhar em sua direção. – Melhor pra mim?? Piquerez, esse um mês foi um dos piores que eu já passei. — ele me encara. – A mídia inteira no meu pé me acusando de algo que eu não fiz e a única pessoa com quem eu queria conversar, desabafar e me explicar, simplesmente sumiu.

Pero parece que esto es lo que querías desde el principio. (Mas parece que sempre foi isso que você quis desde o começo.) — franzi o cenho.

– Como?

¿Cuántas veces me dijiste que querías algo confidencial? ¿Cuántas veces me dijiste que no querías que otras personas supieran de nosotros? (Quantas vezes você me disse que queria algo no sigilo? Quantas vezes você me disse que não queria que as outras pessoas soubessem de nós?) — a voz dele carrega um peso diferente. – No soy un ladrón ni un político, así que puedes esconderme de la gente. (Não sou ladrão, nem político, pra que você me esconda das pessoas.)

Às vezes, as palavras podem trazer mal-entendidos delicados. Quando mencionei "sigilo", minha intenção era resguardar nossa conexão, não ocultá-lo dos outros. Meu coração aperta ao perceber que a mensagem se perdeu, pois o que mais desejo é proteger nossa relação, não escondê-la.

– Piquerez, não foi isso que eu...

Me sentí usado, confundido, como si te avergonzaras de mí. (Me senti usado, confuso, como se você sentisse vergonha de mim.) — o peso das suas falas faz um nó na minha garganta. – Me encariñé contigo muy rápidamente, aunque sabía que era peligroso. (Me apeguei muito rápido há você, mesmo sabendo que era perigoso.)

Eu seguro as lágrimas com toda a força que consigo, meus olhos entregam a batalha interna que travo. As palavras de Piquerez atingem fundo, e meu queixo quase entrega a emoção, mas me seguro, escondendo o turbilhão de sentimentos que ameaça transbordar.

Por fora, mantenho a expressão controlada e serena, mas por dentro, a tempestade emocional está prestes a desabar, criando mais um nó na minha garganta.

Ver Piquerez confuso me deixa triste, é visível que estamos numa bagunça. Tudo isso parece ser resultado da falta de diálogo, ou talvez, ironicamente, por excesso de conversa, mas de maneira equivocada. A uma confusão desnecessária entre nós, e é doloroso perceber que as palavras trocadas contribuíram para esse caos emocional.

– Eu amo você Bruna. — ele solta, em meio toda essa confusão. Os passos decididos que ele dá em minha direção me deixam meio atordoada, como se o chão se movesse sob meus pés. Meus sentidos parecem escapar de controle, e minha boca fica repentinamente seca. No entanto, quando ele toca minha mão, tudo isso desaparece, como se sua presença fosse a tranquilidade que eu procuro a anos.

E é assim que ele faz eu me sentir desde o começo. Segura, tranquila... Como Sasha disse a meses atrás, eu sou a Bubu perto dele, nada de Bruna Marquezine.

– Eu também amo você.

Os lábios dele encostam nos meus em um beijo diferente dos outros que a gente já deu. Esse beijo aqui é calmo, transmite isso. Suas mãos grandes envolta da minha bochecha me puxam pra mais perto, aprofundando sua língua na minha, como se estivesse escrevendo no céu da minha boca que me ama.

Nos afastamos quando o ar começa a sumir. Nossas testas se encostam devagar, e, mesmo de olhos fechados, percebo a sensação compartilhada. Uma calmaria nos envolve, como se estivéssemos à beira de algo mais profundo e duradouro do que poderíamos imaginar.

– Promete que quando se sentir confuso de novo vai conversar comigo? — sussurro e levanto o dedo mindinho entre nós.

Sólo si me prometes que nunca más te importará lo que la gente diga de nosotros. (Só se você me prometer que nunca mais vai ligar pro que as pessoas falam sobre nós) — sussura de volta e levanta o mindinho também.

– Prometo. — colo nosso dedos.

Ele sela nossos lábios de novo em um selinho demorado, e suas duas mãos envolta da minha cintura me levantam, passo minhas pernas ao redor da sua cintura pra que ele me carregue em seu colo.

– ¿Oficialmente mi novia entonces? (Oficialmente minha namorada então?) — pergunta.

– Namorada, noiva, esposa... Tudo que você quiser. — mais um selinho. Ele aperta minha cintura enquanto me carrega até a estante de livros. Minhas costas se chocam e alguns livros caem no chão me fazendo soltar um leve gritinho.

Segunda ronda, ¿podrás manejarla? (Segundo round, aguenta?) — puxa meu lábio inferior com os dentes.

– Joaquíííín.

Bruuuu.

Só agora percebo a pureza na forma como nos amamos. Desde o início, deixamos fluir, mesmo que tenhamos nos privado de algumas coisas ao longo do caminho. Mas parece que nos encaixamos de maneira tão simples, como se fossemos feitos um pro outro.

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Autora: Ai gente, tô boiolinha.🥴

Falei que não ia postar, mas consegui terminar e apareci. Não me xinguem porque o capítulo está mais curto que o normal hein.👀

𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. Onde histórias criam vida. Descubra agora