13. Tudo (ou nada) que Mabel sabe sobre sangue falso, guitarras e sentimentos

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Nossos momentos secretos em um sala lotada
Eles não tem ideia sobre eu e você
dress; taylor swift


***


Outubro chegou poucos dias depois, numa sexta-feira nebulosa.

O céu estava cinzento e as árvores balançavam no ritmo do vento, enquanto as nuvens pareciam fortemente carregadas e escuras para uma manhã. Iria chover uma hora ou outra, supôs Mabel, a jovem universitária que observava o céu debaixo do teto do pátio principal. Ela segurava um livro de capa dura que havia pego um dia antes na biblioteca local para um trabalho importante que deveria entregar no final do semestre, enquanto Samantha, sua fiel companheira, estava esboçando desenhos de moda enquanto comia uma porção de rosquinhas doces e coloridas.

Era uma típica sexta-feira barulhenta, fim de uma semana agitada e corriqueiros planos para o final de semana. Fazia algum tempo desde que Mabel se sentou no pátio, em plena luz do dia, sem que seu coração não parecesse que iria sair pela boca com o pensamento de encontrar Adam.

Mas os departamentos e prédios eram tantos, os infinitos corredores eram tão longos e havia tantos pátios e locais que Mabel não ficou surpresa por não tê-lo encontrado ao longo das semanas.

Até hoje.

Adam ainda parecia o mesmo quando Mabel o viu. Sem muitas alterações. Vestia calças jeans escuras, blusa de gola e seu cabelo preto estava perfeitamente penteado. Como sempre. Ele segurava uma garrafa nas mãos e andava descontraído enquanto conversava com seu colega de turma. Mabel se lembrava dele; alguma coisa com R e a palavra informática.

Vê-lo ali, agora separados, era estranho.

Mabel enroscou os dedos ao redor do livro e o observou, com uma sensação estranha no peito. Quando olhava para o passado, para sua infância e suas memórias adolescentes, ela o encontrava. Sempre quieto, pensativo e amigo. E agora, não tinha mais nada.

Mabel se sentiu triste. Não por terem terminado, e não por ele ter encontrado outra pessoa para amar. Sentiu tristeza por quem eles eram, por quem eles já foram e pelo amigo que perdeu.

Ele não a viu, o que Mabel considerou algo a se comemorar. Então ela descansou na cadeira, cruzou as pernas e o observou caminhar até as portas duplas que levavam até um dos corredores. De lá o movimento quase nunca parava, enquanto a porta abria e estudantes iam e vinham. Entre eles, um loiro familiar passou pela soleira da porta na mesma direção que Adam caminhava.

Oliver olhou para Adam, reconhecendo-o. Mabel os viu passar lado a lado, e se ela não conhecesse Oliver e suas expressões, não teria reconhecido o olhar significativo que ele deu para o seu ex namorado.

Adam sumiu pelo corredor, e Oliver percorreu o pátio sem vê-la, saindo em poucos minutos.

Os dias se passaram lentamente desde terça, quando ela o viu pela última vez, sem muitas emoções. Mabel terminou o artigo no dia seguinte e enviou o drive para Thomas antes que sábado chegasse, para que fosse avaliado. Quando ele respondeu agradecendo, Mabel foi dormir naquela noite com a consciência limpa e tranquila.

— E você, Bel? — questionou Samantha, o lápis há muito tempo esquecido. Mabel franziu o cenho, confusa, abaixando o livro — Qual fantasia você vai usar?

— Fantasia..? — Mabel hesitou, vendo-a morder a rosquinha.

— Do festival — respondeu Samantha quando terminou de mastigar; resquícios de açúcar ao redor da sua boca.

Entre competições e acordes de guitarraOnde histórias criam vida. Descubra agora