Cause when you know, you know
margaret — Lana del rey***
Mabel congelou.
Seus pés se firmaram no chão e seu corpo não se moveu. O mundo parecia ter parado ao redor dela, ou talvez só estivesse lento demais. Num piscar de olhos tão devagar quanto o bater das asas de uma borboleta em câmera lenta, como a folha alaranjada e seca que caía da árvore e o início dos batimentos de um coração errante.
As luzes coloridas estavam opacas e distantes, desfocadas. Mas os postes ainda iluminavam o que estava em frente a ela com afinco e nitidez. Como o punho de Adam se erguendo para atingir Oliver bem perto do maxilar, entre a bochecha e a boca. Oliver o puxou pela camisa para baixo, ergueu o braço com uma rapidez que Mabel mal conseguia acompanhar e atingiu Adam no rosto com tanta força que o ex-namorado caiu para trás com baque alto e desorientado.
Mexa-se!
Alguém gritou no seu subconsciente, mas Mabel não conseguia fazer nada além de ficar olhando.
Adam tentou se erguer outra vez, parecendo ainda mais irritado, mas Oliver subiu por cima dele e começou a desferir socos antes que ele pudesse reagir.
Mexa-se! Faça alguma coisa!
No primeiro soco, a cabeça de Adam virou para o lado e a terra do chão sujou suas roupas. No segundo, pessoas começaram a vir correndo, o alvoroço de vozes se tornou borbulhante e Mabel sentiu um nó contorcendo o estômago. No terceiro, sangue começou a aparecer nas dobras dos dedos. Já no quarto, Adam conseguiu transferir um soco forte e duro enquanto o loiro erguia o braço, jogando-o para trás.
Mabel ouviu alguém xingando alto no fundo. Ela não sabia dizer quem era. Não conseguia ver a multidão que estava se formando como nada além de vultos sem foco, mas sabia que estavam lá. Sabia que estavam olhando. E ela queria se mexer, queria fazer alguma coisa para resolver o que ela havia causado, mas suas pernas não se moviam. Sua boca não se abria e ela não conseguia pensar direito.
Mexa-se!
Mabel, mexa-se!
Ela piscou e tomou consciência no mesmo período de tempo de um passo em falso e cambaleante. Então, a cena que parecia lenta, desfocada e quase muda entrou em foco numa agressividade abrupta e os sons altos a atingiram de uma vez.
Dois homens, ou talvez fossem três, entraram no meio da briga para separá-los enquanto a multidão segurava celulares apontados para onde Thomas, que ela quase não reconheceu, puxava Oliver com as mãos enroscadas na gola da camiseta amassada e ligeiramente suja. No outro, alguém que ela não conhecia afastava Adam.
Havia uma comoção eufórica e alta, e ela conseguia ver Thomas gritando com Oliver enquanto ainda o empurrava para trás, tentando conter a tempestade que ele era.
E então, Samantha tomou-lhe toda a visão, com as sobrancelhas franzidas em preocupação e o rosto turbulento, colocando as mãos em seus ombros e escondendo a vista do que estava acontecendo atrás dela.
— Mabel? — a voz dela veio alta e com urgência, por cima de um tom de desespero. — Você está bem?
Mabel olhou para Samantha e, por um momento, não soube o que dizer. Ela não conseguia achar palavras exatas. Seu cérebro mal estava reiniciando, e seus pensamentos estavam se cruzando e se enrolando um ao outro. Mabel sabia que estava sendo estúpida. Sabia que ela deveria estar se movendo, agindo e falando. Mas por quê não o fazia?
Ela puxou uma grande quantidade de ar pela boca, deixando o ar congelante invadir seu pulmão e passear pelos ossos. De repente, a imagem de sua mãe surgiu e Mabel sentiu o estômago embrulhar.
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Entre competições e acordes de guitarra
Roman d'amourMabel Campbell, a garota mais inteligente de toda a faculdade - de acordo com a lista dos cem melhores do ano - possui uma pedra no sapato. Ele se chama Oliver Cooper, o garoto de argolas pratas, sardas no rosto e um inconfundível ego. O maldito lo...