Venti Cinque

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Faz duas semanas que ignoro a existência do Enzo, todo aquele amor, toda aquela paixão, acabou

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Faz duas semanas que ignoro a existência do Enzo, todo aquele amor, toda aquela paixão, acabou...

Não reconheço mais o homem que Enzo se tornou ou talvez o homem que eu sonhei que ele fosse. 

Aquele amor ardente que um dia me consumia  agora se transformou em cinzas. A agressão deixou  marcas não apenas em minha pele, mas também em minha alma.

Enzo não era mais o centro de meu  mundo; ele se tornou uma lembrança dolorosa de quem eu costumava amar, de quem eu era louca de amor...

Ontem Giovane veio até aqui em casa, tentou me manipular mais uma vez dizendo que é só uma fase, que Enzo mudará um dia pois todos mudam, que deveria o perdoar pois estou interferindo com suas responsabilidades...

— Enzo mudará após me matar? Mudará quando tiver acabado com tudo que minha mãe construiu em mim? Quando acabar com meu psicológico ao ponto de achar que surra é amor...—
Sorri sem humor limpando minhas lágrimas.

— Enzo jamais a mataria e você sabe Zoé—
Giovane chora com a possibilidade ou tentando novamente me manipular.

— Eu não sei de nada, eu não conheço mais o homem com quem me casei, aquele Enzo nunca existiu... Existe apenas o Enzo que me deu socos no rosto, me jogou contra a parede, que me chutou tanto que até hoje ainda sinto dor. Eu nunca vou o perdoar por isso—
Giovane empinou o nariz e limpou suas lágrimas.

— Você já havia o perdoado das outras vezes Zoé, entenda que seu marido é o capo e você está causando a ele um transtorno mental!—
Me levantei abruptamente deixando a xícara de chá cair.

— Eu o perdoei porque você me fez achar ser o certo! Não me importa quem o Enzo é, a senhora é tão abusiva quanto o seu filho! Saia da minha casa!—

— Você acha que é a única mulher que passou por isso? Sua mãe já contou pra você o que passava com ela antes do seu nascimento? E mesmo assim teve você e sua irmã? Melhor até hoje ainda é casada com ele? —
Não me controlei, desferi um tapa em seu rosto e gritei aos quatro cantos da minha casa a expulsando.

— Quando a senhora aprender a respeitar a dor de outra mulher será bem vinda em minha casa-
Giovane entrou em seu carro e eu corri de volta ao meu quarto trancando a porta, lá fiquei até a hora desci e fiz meu jantar, não me importei em deixar comida pra o Enzo, por mim que ele morra de fome.

Na manhã seguinte após aquele show do Enzo achando que eu iria o acompanhar acordei com raiva, dor de cabeça... Então decidi que se eu não sou feliz ele também não vai ser.

Olhei para o horizonte pela janela do meu quarto, meus olhos turvos refletindo a decepção e a raiva que ferviam dentro de mim.

Me sinto uma tola por ter me entregado a um amor que nunca existiu além das sombras da minha própria imaginação. A raiva pulsava em meu  peito, não só por Enzo, mas por mim mesma também, por ter se apaixonado por um homem que não passava de uma ilusão, uma projeção dos meus desejos e sonhos mais profundos.

Cerrei os punhos, determinada a deixar essa ilusão para trás, prometendo a mim mesma que nunca mais permitiria que minha mente me traísse dessa maneira.

Num ato de raiva segui até o quarto em Enzo se mudou e rasguei todas as suas roupas chorando, eu estava chorando a morte do Enzo que eu amei e nunca existiu.

Rasguei aquelas camisas, aquelas gravatas que eu com tanto amor arrumava pra ele, aquelas camisas que eu muita vezes tirava do seu corpo ansiando por seu toque, ansiando que ele me tocasse, ansiando que ao menos durante aquele toque tão íntimo me amasse como eu o amei...

Enzo nunca me amou porque ele não sabe, não conhece esse sentimento tão lindo, tão singelo, tão humilde...

Destruí o quarto inteiro, minhas mãos estão machucadas devido os cacos de vidro, não sobrou nenhuma peça de roupa, não sobrou nada que dissesse que esse lugar foi um quarto alguma vez.

As lágrimas caíam quentes e salgadas enquanto  observava os destroços que criei  no quarto de Enzo.
Cada objeto quebrado era um reflexo da minha própria dor, uma maneira de liberar a raiva e a frustração que me consumiam. As soluções pareciam fugir, e a sensação de impotência me sufocava. Entre soluços, percebi que não estava apenas destruindo o quarto de Enzo, mas também despedaçando a última ponta frágil do amor que um dia nutrira por ele.

No meio dos destroços, finalmente me permiti  chorar, deixando as lágrimas lavarem não apenas meu rosto, mas também minha alma ferida...

De joelhos no chão do quarto após gritar chorando por horas eu encerrei minha história com o Enzo.

Acabou!

— Se sente melhor? —
Enzo segurou em minhas mãos e me tirou do caus que ficou o seu quarto.

— Sim, quero que saia dessa casa! Te dou uma semana pra sair daqui —
Enzo solta meus braços e se afasta como se eu tivesse uma doença contagiosa.

— Eu não vou sair de casa Zoé! Destrua o que quiser, desconte sua raiva no que quiser, mais eu não vou sair de casa—
Assenti concordando.

— Não tivemos filhos, eu vou pedir a anulação do casamento e se você não sair eu saio—
Enzo segura meus braços transtornado me chacoalhando.

— Nunca te darei o divórcio Zoé, nunca e muito menos permitirei que saia de casa, nem que eu tenha que te acorrentar —
Me soltei de seus braços e me afastei a passos vacilantes.

O jarro voou das minhas mãos trêmulas em direção a Enzo, cortando o ar com um silvo ameaçador antes de se estilhaçar contra a parede.

A expressão chocada no rosto de Enzo foi como um espelho, refletindo a tempestade de emoções que rugia dentro de mim. Nunca pensei que chegaria a esse ponto, mas a dor tinha me  empurrado dos meus  limites para além do suportável.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, preenchido apenas pelo eco do quebrar do jarro e pelo olhar de incredulidade nos olhos de Enzo. Naquele momento, senti uma mistura de poder e vulnerabilidade, uma sensação de libertação que vinha com o enfrentamento do nosso casamento.

Nos olhamos por intermináveis segundos, Enzo sentindo a raiva de ser negado e eu por finalmente ter acordado.

— SAIA DO MEU QUARTO!—
Enzo abanou a cabeça negando e então saiu do quarto batendo a porta com força.

— SAIA DO MEU QUARTO!—Enzo abanou a cabeça negando e então saiu do quarto batendo a porta com força

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Só digo uma coisa, acabou o fogo no parquinho para os dois

Ritmo mortal +18 Romance DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora