Trenta Due

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Na penumbra do quarto, segurei o telefone, hesitante, antes de discar o número que conhecia tão bem

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Na penumbra do quarto, segurei o telefone, hesitante, antes de discar o número que conhecia tão bem. Cada toque ecoava a ansiedade que me consumia. Mamãe atendeu com um simples "Alô?", mas mesmo a saudação habitual continha um eco de distância.

— Sou eu mamãe—
Comecei, minha voz vacilante. Uma respiração profunda antecedeu a confissão que mudaria tudo.

—Estou grávida, do Enzo.—O silêncio que se seguiu foi uma tempestade iminente, os segundos prolongando-se como horas.

— Ah meu Deus, vou ser avó novamente—
Dona Emily vibrou com a notícia até eu despejar a bomba.

— Aconteceu uma vez, foi um erro. Não posso ter esse filho mãe—

— O que quer dizer com isso Hope?—

— Enzo não está em casa e não sabe de nada, eu vou fazer um aborto mãe—

— Você está louca Zoé? Comeu merda foi? Onde tirou isso?-

A notícia de interromper a gravidez caiu como uma tempestade pra minha mãe, Emily gritou comigo., senti o calor da compreensão se desvanece

—Mãe, preciso que me entenda—
implorei, mas a resistência em sua voz revelava um abismo crescente entre nós.

—Não posso apoiar isso, Zoe, filha eu te amo, te adoro, mais não posso te apoiar—
Sua resposta foi como um veredito, ecoando como uma sentença. Argumentamos, ambas desesperadas para sermos compreendidas, mas o abismo entre nossas perspectivas se alargava a cada palavra.

— Filha me escuta, eu também passei por isso, eu também fiz um aborto e você não tem noção do quanto eu me arrependo até hoje—

— Mãe entenda que ter um filho do Enzo agora significará minha prisão eterna! Eu estou grávida de 3 meses preciso da sua ajuda antes que alguém perceba!—
Minha mãe riu, seu sorriso foi de sarcasmo.

— Não Zoe, amanhã mesmo eu estarei na sua casa, por favor não faça nenhuma besteira!—

— Com ou sem sua aprovação eu farei o aborto mãe—
A conversa se estendeu como um novelo intrincado de emoções, uma dança de argumentos, justificações e lágrimas contidas. Tentei pintar com palavras a realidade de viver sob a sombra de Enzo, mas cada frase parecia afundar-me mais no desconhecido.

Eu tentava pintar com palavras a angústia de continuar uma gravidez em um relacionamento tóxico, mas as cores da minha narrativa pareciam perder-se no vazio da falta de compreensão.

Ao final da ligação, o silêncio pairou como uma cortina, separando-nos mais do que nunca. Eu fiquei ali, segurando o telefone como se fosse a única conexão com o mundo exterior, mas, na verdade, era uma linha quebrada entre mamãe e eu.

Afundei-me na solidão da decisão solitária, carregando o fardo de uma escolha que deveria ser minha, mas que pesava como um fardo compartilhado. A busca por compreensão tornara-se um labirinto sombrio, onde as palavras eram minhas únicas lanternas, mas pareciam não iluminar o caminho para a aceitação materna.

Chorei a noite toda e como se já não tivesse sido castigada o suficiente, na manhã seguinte quando acordei recebi a notícia do retorno do Enzo.

A manhã chegou como um espectro, e eu despertei com o enjoo persistente que se tornara meu despertar cotidiano. A luz do sol filtrava-se através das cortinas, mas meu ânimo permanecia obscurecido pela nuvem de desespero que pairava sobre mim. A gravidez indesejada se manifestava não apenas fisicamente, mas também como um fardo emocional que eu tentava suportar sozinha.

O enjoo, companheiro indesejado dos últimos dias, anunciava a presença persistente da gravidez indesejada. Eu me sentei na cama, a mente turva pela tristeza que se instalava em mim. A solidão era um peso palpável, especialmente quando a pessoa que deveria oferecer apoio estava tão distante.

Caminhei até o banheiro, enfrentando não apenas as náuseas físicas, mas a amargura que se acumulava em minha alma. As lágrimas que se misturavam com as gotas da água do chuveiro eram um lamento silencioso por uma situação que estava além do meu controle.

Parecia vazia, especialmente sem o suporte da minha mãe.

Eu tinha esperanças de hoje encontrar conforto ao discar seu número, mas a frieza das suas palavras desmoronou qualquer resquício de conexão que ainda pudesse existir entre nós. A tristeza que se acumulava era como uma correnteza, levando-me para um abismo de desespero.

Desci as escadas, tentando disfarçar a tristeza que pesava em meu coração. O telefone, antes uma ponte para o entendimento materno, agora era uma linha silenciosa que ecoava a distância entre nós. O fardo da gravidez indesejada tornava-se mais opressivo a cada instante, enquanto eu lutava contra as lágrimas que ameaçavam transbordar.

A notícia do retorno de Enzo, após três meses longe, foi como um trovão, ressoando na minha alma.

O que deveria ter sido um intervalo da tempestade que era nosso relacionamento revelou-se uma calmaria ilusória. A expectativa do reencontro iminente despertou uma ansiedade que se misturava com a tempestade emocional que eu já enfrentava.

Enquanto a casa se preparava para receber de volta o catalisador do meu sofrimento, eu me encolhi, sentindo-me pequena e impotente diante do futuro incerto.

A gravidez indesejada, a falta de apoio materno e a iminência do retorno de Enzo criavam uma tempestade perfeita de desespero. Eu sabia que teria que enfrentar escolhas difíceis e desafios intransponíveis, mas a incerteza do caminho à frente pairava como uma sombra inescapável sobre meu coração.

O dia do retorno dele chegou, e o reencontro foi terrível. Seu olhar, hostil e cheio de esperança, fez-me tremer e quase rir

As palavras ásperas que escapavam de meus lábios eram como facas, cortando qualquer esperança de um recomeço. A atmosfera estava carregada de tensão, e cada tentativa interação era um passo doloroso em um terreno completamente minado por mim.

— Te dei tempo demais Zoé, iremos conversar agora!-

— Te dei tempo demais Zoé, iremos conversar agora!-

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Ritmo mortal +18 Romance DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora