Livro de minha autoria🧡
Zoé Ibranovik, um tanto cheia de si, uma bruta personalidade adquirida de seu pai...
Espontânea e alegre, um tanto otimista, uma alma selvagem e ao mesmo tempo um corpo frágil, uma menina mulher que se deixa levar por suas...
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Olho pra Enzo tentando entender o misto de emoções dentro de mim, por mais que eu tentasse eu não consigo o perdoar e a notícia da gravidez me abaloou mais do que eu queria.
— Não temos nada pra conversar, me deixe em paz— Enzo suspirou cortando o pouco da distância entre nós.
— Temos muito o que conversar e você sabe melhor do que ninguém! Chega desse jogo, eu, eu só quero resolver nossos problemas, fazer as pazes contigo e comigo mesmo...— Minha única reação foi rir da cara dele, agora com mais experiência vejo que perdi a última chance que tínhamos por puro orgullo feriado e por medo do que as pessoas vão achar caso o perdoasse. Deveria ter contado sobre a gravidez...
— Até quando acha podemos viver assim?—
— Até que à morte nos separe, lembra? Ou decidiu me dar o divórcio?— Enzo coça os cabelos suspirando fundo.
Me sento no sofá temendo uma possível tontura e o olho com todo o repúdio que há em mim, sequer me lembro que em algum dia o amei perdidamente.
— Não posso te dar o divórcio porque é impossível e porque eu a amo, mesmo não merecendo alguém como você em minha vida, mesmo sendo um completo filho da puta contigo eu te amo e sou egoista demais pra a deixar ir— Assim ele saiu deixando palavras no ar que ficaram rondando minha cabeça durante as três semanas que ele ficou em casa tentando reatar nosso casamento fracassado.
Enzo trazia minhas flores preferidas, me levou pra passar dois dias em alto mar, apenas foi mais um palco das nossas terríveis e longas brigas pelo mesmo motivo.
Enzo realmente se esforçou, mais eu não estava mais aqui pra ver. Minha gravidez foi mantida em segredo, precisei usar roupas pra cobrir a elevação em meu abdômen.
Talvez se o dissesse sobre a gravidez teríamos um motivo pra realmente tentar reavivar nosso casamento pois eu não acredito em seu arrependimento é muito menos acredito em seu amor.
Minha mãe veio me ver, quase me arrastando pelos cabelos me levou até uma clínica, precisava iniciar o pré natal o quanto antes.
— Cale a boca Zoé! Tem noção das merdas que estão saindo da sua boca ?— Dona Emily me perguntou me fuzilando com os olhos após eu dizer que abandonaria o bebê na maternidade após o parto.
— Desculpa, só não me deixe sozinha por favor mãe — Emily me puxou pra ela me abraçando, a doutora ficou apenas nos olhando em silêncio.
— Por favor faça a consulta — Assenti e então me sentei de frente a doutora, espero que ela não entenda russo.
— Então, como tem se sentido — Expliquei pra ela como tem sido ruim a gravidez e os sintomas que não me abandonam, coletamos sangue e troquei de roupa pra fazer uma ecografia.
Não consigo sentir amor pelo feto que carrego em mim, na verdade não consigo sentir absolutamente nada a não ser raiva, odeio e uma tristeza profunda que não me deixa enxergar nada depois da raiva.
Senti o frio do gel em minha barriga e logo em seguida o aparelho em contato com a elevação do meu abdômen.
— Essa é sua primeira consulta ?— Assenti tentando não olhar para o monitor do aparelho.
— Tudo bem, esse aqui é o saco gestacional e nele estão dois fetos — Foi como se tivesse acordado de um longo transe, como se tivesse acordado de um coma! Como irei esconder uma gravidez gemelar de todos ?
— Ah meu Deus Zoé você vai ter gêmeos idênticos — Mamãe está eufórica e eu em completo desespero.
O som começou a ecoar no consultório, e meu coração acelerou. Então, como uma melodia delicada, os batimentos cardíacos dos meus filhos inundaram o espaço. Uma emoção indescritível me envolveu, misturando a surpresa com a ternura, o medo e a incerteza...
Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu absorvia a realidade de duas vidas se desenvolvendo dentro de mim.
Cada pulsar parecia um lembrete, uma promessa de que essa jornada, inicialmente indesejada, trazia consigo algo precioso. Meus sentimentos oscilavam entre o medo do desconhecido e a beleza pura dessas pequenas vidas.
Mamãe sorria apertando minha mão, pela primeira vez eu estava tendo algum sentimento bom.
De repente, a complexidade da situação se tornou palpável. A gravidez, que inicialmente parecia um fardo, transformou-se em um vínculo inesperado. Eu sabia que teria que enfrentar desafios, mas naquele momento, ouvir os batimentos cardíacos dos meus filhos trouxe uma conexão visceral que eu não sabia que precisava.
Saí do consultório com um turbilhão de emoções. A incerteza ainda pairava, mas agora acompanhada por um toque de esperança.
A jornada que se desdobrava diante de mim era única, complexa, e eu estava determinada a enfrentá-la com coragem. A gravidez indesejada tornou-se um capítulo imprevisto, mas, ao ouvir aqueles batimentos cardíacos, percebi que talvez havia algo extraordinário nas reviravoltas inesperadas da vida.
— Você está grávida Zoé !— Era tarde demais pra eu fechar a sobretudo, Enzo me olha em uma mistura de surpresa e incredulidade.
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