Lucro, só isso.

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Diferente dos dias anteriores, Arkin sente seu corpo dolorido ao acordar. Seu peito ainda tem marcas e seu ânus arde. Ele tem dificuldade para se sentar na cama, e come lentamente, com seus braços doloridos.

— Aquela maldita acabou com você, hein?

Arkin vê a funcionária parada na grade de sua cela.

— Eu não estou me sentindo bem. - Ele diz.

— Eu sei, o estrago foi tão grande que nem os medicamentos deram conta. Hoje você fica aqui, não vai trabalhar.

— Obrigado por isso, senhora.

— Não sou eu quem decide isso, mas eu passo os agradecimentos.

Ela abre a cela, entra e se senta ao seu lado.

— Preciso dar uma nova dose de medicamentos em você, deixa eu dar uma olhada no seu peito.

Arkin permite seu toque.

— Se eu pudesse, tinha esganado aquela bruxa ontem, pessoazinha mais desprezível.

— Os amigos dela também são...

— Esse grupo sempre dá trabalho...quem sabe agora eles acham outro lugar para se divertir.

— Acho difícil. - Ele lamenta. - Posso perguntar uma coisa?

— Uma só, você merece.

— Eu vou mesmo passar dois dias com ela? - Arkin tem um tom de desespero em sua voz.

— Eu não sei.

Arkin desmorona e começa a chorar, em desespero.

— Por favor, não faça isso comigo!

Ele se ajoelha no chão aos pés da funcionária.

— Por favor, eu imploro! Não faz isso! Ela vai me matar ou coisa pior...

— Hey, calma.

A funcionária o ajuda a se levantar e o abraça, acariciando seus cabelos.

— Ela não vai te matar, ok? Não vai fazer pior. Você é uma ativo em concessão, não pertence a Forfun e mesmo que pertencesse, você vale muito dinheiro.

Arkin olha para a funcionária.

— Tem uma lista de espera para sua agenda de atendimentos pessoais, cada um deles vale uma boa grana e um dia que você fica parado é um prejuízo enorme para a empresa. Você pode ter certeza que a gerência não vai colocá-lo em risco novamente, porque se tem uma coisa que esse povo odeia é prejuízo.

Arkin suspira.

— Bom, vou te dar os medicamentos e assim que tiver alguma notícia eu te aviso, tá? Eles estão discutindo isso agora.

Arkin recebe a injeção e dorme novamente.

***

Quando ele acorda, Arkin demora um tempo para ter coragem para se mover, mas quando o faz para se sentar, não sente mais dor nenhuma em seu corpo e ele se sente bem, mas o cinto ainda está em seu quadril.

Arkin não havia tido tempo para racionalizar sobre sua situação até aquele momento. Ele apoia seus cotovelos nos joelhos e rememora tudo o que havia acontecido até aquele momento.

As palavras da funcionária deixavam claro que seu bem estar dependia diretamente do tanto de lucro que ele dava à empresa e que ele iria continuar a ser usado como um objeto por muito tempo, talvez até quando ele morresse, considerando o quanto que faltava de sua pena. No tempo que havia ficado em criogenia as coisas tinham mudado muito, ele havia lutado por uma vida melhor, mas estava mais do que claro que seu movimento havia perdido.

257-65Onde histórias criam vida. Descubra agora