Mercadoria na vitrine

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Quanto a porta do transporte abre, dois androids humanóides totalmente pretos e emborrachados já o aguardam. Arkin já estava cansado de falar e ser ignorado, então ele não tenta, apenas segue as indicações dos dois robôs, que o levam até uma pequena sala mal iluminada, onde uma mulher com feições duras os aguarda.

— Z1, me deixe ver a mercadoria.

Arkin é manipulado pelas mãos sintéticas do Android e tem suas roupas retiradas. Ele não entende a fixação que aquele povo tem de o deixar sem roupas, mas estar sob os olhos daquela mulher o deixa incomodado e envergonhado.

— Como imaginei, Z2, quero implante de estimulantes e retardante de ejaculação, aquele que aumenta a sensibilidade. - ela diz enquanto anda ao seu redor. 

"Estimulante e retardante de ejaculação? Que raios é esse lugar?"

— Sim, senhora. - Diz o Android.

— Quero também a máscara, vamos colocar ele na vitrine, quero recuperar meu investimento ainda hoje. - A mulher diz categoricamente.

— Sim, senhora.

— Hey, espera! Como assim, vitrine? E pra que esses implantes?

Arkin quase se arrepende de ter falado quando a mulher o encara.

— Z2, resolve isso também.

Os androids levam Arkin para outra sala, onde várias traves saem do chão. Ele é preso pelos pulsos a uma delas e, enquanto um dos Androids prepara o aplicador de implante, o outro posiciona uma haste com a ponta emborrachada entre as pernas de Arkin, ajustando a altura para ficar no limite da invasão de seu ânus, obrigando ele a ficar em pé, parado ou ser invadido pela ponta emborrachada. Quando o implante é colocado, ele tem seu rosto coberto por uma máscara de borracha preta que toma toda a sua cabeça, muito semelhante ao material do qual os Android são feitos, deixando apenas seus olhos e boca livres, além de dois pequenos buracos nas narinas.

Arkin tenta argumentar e questionar os Androids, mas eles não respondem, só continuam os movimentos mecanicamente programados e fecham sua boca com uma mordaça transparente e cilíndrica, grande o suficiente para o deixar com a mandíbula totalmente aberta.

Eles checam o trabalho feito e o piso, sob os pés de Arkin, desce, o levando para dentro de um cilindro de vidro transparente em um amplo salão luxuoso, escuro e vazio.

Os anos poderiam ter passado, mas Arkin ainda sabia identificar uma boate quando via uma e, ali, além dele, pôde ver mais quatro outros aquários cilíndricos. Neles estavam outras pessoas, mas não conseguia ver mais do que as silhuetas disformes por causa do vidro.

Ele tentou se livrar da haste entre suas pernas, mas quanto mais tentava mais ela se erguida e logo ele estava na ponta dos pés para evitar sua invasão. Seu corpo já reagia ao implante e, mesmo naquela situação, passou a sentir mais tesão do que jamais havia sentido antes, porém ele não conseguia se tocar, seus pulsos estavam presos longe demais e a haste o impedia de se aproximar. Seu corpo suava e a ânsia desesperada por alívio tomou conta rapidamente, e, por mais que ele tentasse se controlar, não conseguia conter os gemidos que escapavam de sua garganta.

Suas pernas já doíam quando a luz do ambiente se acendeu em uma mistura frenética de cores em movimentos e um holofote o iluminou dentro do aquário. Minutos depois o salão estava cheio de pessoas, que passavam pelos aquários avaliando seus interiores.

Ele percebeu que seu aquário era muito mais visado do que os outros, mas não sabia o motivo. Viu uma quantidade razoável de Androids, iguais aos que viu anteriormente, servindo as pessoas presentes, mas nenhum era igual ao outro, variando de altura, porte físico e aparência de gênero.

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