Chegamos na cidade e eu consegui perceber a quantidade de velho fofoqueiro que se recusa a morrer nessa cidade.As ruas estavam coloridas e pacatas, mas eu não precisei de dez minutos de caminhada nessa cidade pra sacar pelo menos um casaco da mochila e colocar.
— Como esse lugar pode ser tão frio no verão? — Satoru começa a esfregar os braços com as mãos, tremendo.
— Eu disse que era frio! — Levanto minhas sobrancelhas.
— Não exagera — Suguru diz com a cabeça tombada pra trás enquanto caminha.
A gente já estava andando e Satoru parecia ansioso e com frio ao mesmo tempo.
— A casa de vocês é muito longe uma da outra? — Ele perguntou animado, dando pulinhos enquanto caminhava pra se aquecer.
— A gente é vizinho, Toru — engancho meu braço no dele.
— Que? — isso parecia um choque.
Mas é a verdade, eu e Suguru crescemos juntos, na mesma rua.
Nossas casas são quase iguais sabe, as casas do bairro são muito parecidas, amplas, com dois andares, feitas de madeira e um jardim considerável. Mas o jardim da família de Suguru era bem mais bem cuidado do que o meu, a casa dele era pintada de azul bebê e a minha era vermelha vibrante que nem um celeiro... A quantidade de bichos também era bem parecida.
Suguru era um menino estranho, enquanto eu gostava de me embrenhar no mato pra brincar, fazer coisas durante o verão, ele sempre estava trancado ou na varanda. Durante a época de aulas a gente sempre ia juntos, mas ele era calado também.
Isso era irritante.
— Ei — a minha eu de seis anos puxa o cabelo dele — Cabelo grande é coisa de menina!
— Então por que o seu é tão minúsculo, Nara-san? — ele me deu um fatality com seis anos de idade.
E eu realmente parecia um moleque com seis anos, já que no ano anterior tive um acidente com linhas e o meu cabelo... Bem... Uma hora tinha cabelo e na outra eu tava era quase careca.
Isso explica muito a minha falta de sucesso com os meninos nos anos seguintes inclusive.
Um fato curioso, minha janela e a do Suguru é no mesmo nível e uma é virada pra outra, já chegamos a ter um telefone de fio daqueles de criança e durante a nossa adolescência a gente até colocou uma corda pra conseguir atravessar de um lado pro outro.
Voltando ao momento presente, chegamos na nossa rua, estava idêntica, asfalto bem cuidado, casas de um lado, mato na frente, floresta atrás das casas, a diferença é que tinham pessoas na rua na frente da minha casa. Precisei estreitar os olhos até reconhecer.
💧 - alguém tá cegueta
🌪️- eu disse que ela precisava de óculos
Cala a boca.
Na hora que eu reconheci sai correndo e dei gritinhos.
🌪️Esse foi o diálogo que rolou entre mim e o Gojo dois que você saiu.
— Eu juro que tô vendo esquisito — ele ficou tirando e colocando os óculos.
— Não, são a Nana e os tios dela e os pais, nada demais - pra mim isso já era tão comum que eu nem reparei.
— Mas... Acho que tô vendo dobrado.
💧 — COMO EU IA SABER QUE O PAI DELA TEM UM IRMÃO GÊMEO E A MÃE TEM UMA IRMÃ GÊMEA?
Ah... Tem esse pequeno detalhe adorável.
Ao chegar na frente da minha casa abraço quatro pessoas. Minha tia Kyoko e minha mãe Kyana, ambas com olhos e cabelos muito escuros, olhos bem estreitos, lábios trocos grossos e muito bonitas. Depois abracei meu pai Kenji e meu tio Masato, homens de cabelos castanhos, olhos bem redondos e azuis, ambos não asiáticos.
Não somos nada formais, então foi abraço e festa assim que me viram. Ao verem o Suguru foi a mesma coisa, engraçado foi verem o Satoru.
— Gente — chamo atenção ao perceber como o platinado estava se coçando pra participar — Esse aqui é Satoru Gojo, ele estuda com a gente e é nosso melhor amigo. Sejam legais com ele, por favor.
Foi como se minha mãe e minha tia nunca tivessem visto um amigo meu na vida, pude ter certeza que os olhos delas brilharam... Uma reação comum a sua primeira dose de Satoru Gojo
💧Obrigado?
Elas agarraram ele e saíram levando pra dentro de casa, falando e oferecendo comida, perguntando da escola, pensei que o Satoru ficaria sufocado... Mas na verdade ele parecia radiante e respondia minha mãe e minhas tia com animação sem igual.
— Pronto, ele já se encontrou — Suguru suspira, fazendo sua franja voar e ficar pra trás, perdendo sua identidade visual.
🌪️O que vocês tem com o meu cabelo?
Meu pai e meu tio iam puxar assunto com Geto, meu sexto sentido me mandou cortar logo.
— depois vocês conversam! — já grito, agarrando o antebraço do moreno com força desnecessária — Suguru tem que ver os pais!
Saio puxando meu amigo ainda pior do que as duas fizeram com o Toru. Levando Suguru até sua casa, porém ele me para bem onde a cerca viva pode impedir que alguém nos veja, segurando meus braços.
— Espera... Tem uma coisa — ele diz super calmo, se inclinando na minha direção.
Ele não continuou falando, apenas foi se aproximando com o olhar cada vez mais morteiro, encarando meus lábios até se fechar quando estávamos a milímetros, beijando minha boca com calma, mas... Eu pude sentir uma certa posse na forma em que ele apertava meu corpo contra o seu, tomando minha boca e o meu ar por aqueles segundos faziam o calor do verão voltar pra essa vila gelada.
— O que foi isso do nada? — Perguntei baixinho, mãos ainda pousadas em seu peito, podia sentir as batidas do coração contra as costelas e sua respiração fazendo o peito subir e descer.
— Você e o Satoru se beijam na minha frente... Eu senti ciúmes — ele segura meu queixo brevemente antes de se afastar como se não tivesse feito nada!
Mal caráter!
Eu estava prestes a reclamar vendo ele caminhar na direção da porta dos pais, mas parei ao vê-lo ajeitar a franja enquanto suas orelhas estavam vermelhas como fogo... Isso já me denunciou o estado da cara dele.
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Dias de Verão - Gojo/Geto/ Leitora
Fanfiction[NÃO É TRIÂNGULO AMOROSO] [Trisal] Amiga de Satoru e Suguro, Naomi Nara, se vê em uma situação incomum... Apaixonado-se por dois meninos diferentes ao mesmo tempo e sentindo que, talvez, esses meninos sejam apaixonados ou pelo outro e também por el...