Outono 7

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Gojo e eu recebemos a missão de escoltar Riko Amanai para que se torne o receptáculo do mestre Tengen.

Gojo parecia um pouco estranho, no carro, ele foi no banco da frente, podia ver suavemente seu rosto esmagado contra o próprio punho.

— Que cara é essa, Satoru? — pergunto calmamente.

Ver Satoru sério e em silêncio antes de uma missão é preocupante.

— Nada... Só uma sensação de dejavu meio ruim — ele levanta e abaixa os óculos enquanto balança a cabeça.

— se a shoko estivesse aqui, ela teria uma explicação científica sobre isso... Algo que faz sentido — eu me senti um pouco infectado pela melancolia da voz dele.

Depois disso tivemos uns problemas no prédio... Eu odeio queda livre.

Enfim, depois que a garota estava a salvo, mas não muito sã. Me aproximo de Gojo.

— Trocou o papel de parede? — pergunto bisbilhotando a tela do celular dele depois de ver peitos que eu conhecia bem.

– Saca só os melões — ele ri me mostrando a foto por completo. Era uma selfie da Nana no celular em que ela estava de sutiã fazendo aquele sinal de paz e amor... Obviamente bêbada.

— Quando foi isso? — eu não consigo descobrir a porra da resposta já que a querida da Amanai começa a gritar.

Trabalho em primeiro lugar. Precisamos sair por aí para ficar livrando a garota de caçadores de recompensas, felizmente, eles parecem ter algum respeito pelo horário comercial e nos deram algum descanso durante a noite.

Pegamos um hotel discreto com duas camas de casal no mesmo quarto, era mais seguro assim.
O quarto não era muito amplo, era limpo e confortável, os lençóis não tinham percevejos e a maresia não havia corroído as janelas com ferrugem, o banheiro era funcional e tinha água quente ilimitada, o que era um alívio depois de tanto estresse.

Tomei um banho quente relaxando os meus músculos, com o passar dos dias, eu me afeiçoei com a menina Riko, ela era engraçada e uma pessoa realmente boa mesmo não tendo passado por uma vida tão feliz, algo nela me lembrava o Gojo.
Talvez fosse a imagem de alguém que não deseja se importar com nada, mas ao mesmo tempo sente e se importa com tudo.

Refleti enquanto secava meu cabelo com o secador do banheiro bem rapidamente, não podia ficar muito tempo distraído com autocuidado.

Sai do banheiro e dei de cara com um quarto todo escuro, exceto por duas pequenas fontes de luz, visão que para olhos acostumados ao escuro de tornariam muito assustadores.

Satoru Gojo estava sentado no canto do quarto, olhos azuis brilhantes na penumbra da noite, o rosto já encorvado pelo cansaço, ele parecia ainda mais magro que o usual e seus longos braços constantemente se torciam como se ele estivesse de alongando.
Pela expressão em seu rosto, ele estava dormindo como um tubarão, apenas metade do seu cérebro descansava um pouco de cada vez. Era definitivamente assustador o que ele podia fazer.

— Não vão tirar ela da cama bem em baixo do seu nariz, Satoru — Digo baixinho, aparentemente, despertando a parte do cérebro que estava dormindo e alertando a acordada.

— Nunca se sabe — ele esfrega os olhos com uma mão.

— pode dormir, eu fico de olho, tem espíritos em volta de todo hotel, vamos ficar bem — seguro o rosto dele e acho um bom momento para beijar sua boca.

Os lábios de Satoru nunca estiveram tão ásperos, na verdade, Satoru parecia por inteiro uma versão desidratada de si.

— Eu ainda aguento mais um pouquinho, gatô — ele dá um sorrisinho, tão fraco que era fácil de acreditar que sua cara estava doendo por esse simples gesto.

— Não é essa a questão — tento manter a calma — você vai ser mais útil durante o dia, pode dormir.

Isso parece aplacar um pouco a determinação de Satoru.

— Você não entende, não é? — é assustador como Satoru as vezes parece... Mais velho do que realmente é, mais frio do que deveria também.

— o que eu não entendo? — Ponho as mãos na cintura.

— Você... Gostou da Amanai, não entende que se ela não chegar ao Tengen, muita coisa pode dar errado no mundo jujutsu... Essa pode ser a nossa última chance — Satoru tem mais um surto de consciência, ele põe as mãos na cabeça e abaixa, apoiando os cotovelos nas pernas.

Imagino que ele esteja sentindo dor.
Mais uma vez, esse surto de responsabilidade nele eram muito estranhos, não pareciam nada com o Gojo que geralmente debocha das instituições do mundo jujutsu.

— Acho que eu realmente não entendo mesmo — admito a minha ignorância sobre essas coisas que somente os criados nesse mundo entendem com simplicidade — não entendo essa necessidade de uma pessoa inocente ter que ser apagada para que Tengen continue existindo.

Satoru da mais um sorriso cansado como se disesse "é exatamente disso que estou falando". Mas ele se abstém e levanta da cadeira que ele montou sua vigília na Amanai e sua empregada adormecidas.

Eu tomei seu lugar, vendo Satoru se encolher na cama como uma bolinha que dava vontade de abraçar.
De meia em meia hora eu andava entre as camas, passava meus dedos pelo cabelo de Satoru e o via se inclinar na direção do meu carinho como um gatinho.

Uma surpresa as quatro da manhã, uma ligação de Nana.

— Oi meu amor... — digo com a voz baixa e cansada, longe do ideal para que ela não se preocupe.

— Suguru Geto, o que tá acontecendo? — pronto...

— Nada, meu bem, é só a minha vez de vigiar e eu estou ficando cansado também — passo minhas mãos no cabelo para afastar os fios do rosto.

— Chama o Satoru... — ela fala como se fosse óbvio, mau percebi que estava caindo em uma armadilha.

— ele está mais cansado do que eu — e o rato cai na ratoeira.

— Eu vou encontrar vocês nem que seja na última parte desse percurso — ela diz com firmeza e desliga.

Puta merda.

Dias de Verão - Gojo/Geto/ LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora