O que aconteceu na minha frente?
Um filme de terror surrealista seria uma boa descrição, eu não entendi nada, meu corpo está cansado e nenhuma informação é propriamente absorvida.
Quando a Nana desmaiou, eu estava congelado no lugar, a Shoko e o Satoru não me deram a visão decente do que estava acontecendo.
Ela simplesmente desmaiou depois de um clarão na área do pulso, era difícil ver os dois assim tão sérios e eu vi.
— Deu certo? — Satoru diz parecendo muito mais velho do que ele é realmente, ele deitava a Nana cuidadosamente na maca.
— Ainda não consigo saber, ela desmaiou em um ponto que não tem como eu ter precisão — Shoko diz analisando a palma da mão de Nana.
— Quando vai me explicar isso direito?— me apoiei na parede tentando parecer um pouco menos balançado pela cena.
— Claro que vou — Satoru se aproxima de mim bem determinado, o sangue manchava suavemente seus cabelos brancos, mas no rosto tinha muito pouco ou nada — Só me dá um momento.
Ele segura meu rosto com a mão firme, estava mais fria que o normal, me dá arrepios que só aumentam quando ele beija a minha boca.
Um beijo tenso, não era prazeroso, era necessitado, parecia um pedido desesperado de carinho, implorando por toque real. Meus dedos apertam os cabelos na base de sua nuca, subindo para uma carícia enquanto ele só me larga quando está sem ar.Ouvi som de algo metálico caindo, ao olhar, Shoko havia derrubado algum instrumento médico no chão.
— Isso foi uma baita surpresa — Ela não parecia surpresa.
— Surpresa? Mas eu disse que... — Satoru parecia ter um semblante limpo agora.
— Eu achei que era com a Nana — a médica dá de ombros.
— É com a Nana também — nossa, o Satoru tentando justificar o que a gente tem é mais constrangedor do eu jamais imaginaria.
— É Shoko — interrompo com um longo suspira ao ver como ela parecia confusa, apertando a pele entre meus olhos — nós três namoramos entre nós.
— Vocês são uma loucura mesmo — Shoko ri — e a Nana conseguiu mesmo o que ela sempre quis hein.
Mas ela sai sem terminar de falar.
— O que ela sempre quis? — os olhos azuis brilhantes me olham totalmente confusos.
—Não importa, o que fez você ficar tão chateado? — volto ao cerne da questão.
— A marca — Satoru me puxa pra fora da enfermaria — É uma marca amaldiçoada que alguns feiticeiros tem, ela é dada pelo conselho ancião pra te dar certos benefícios.
Gojo se encosta em uma parede que dava visão a porta da enfermaria, ele cruza os braços e desliza até sentar no chão.
— ainda não entendi o problema da Nana ter isso — sigo ele e sento ao seu lado, cruzando as pernas.
— Claro que não entende — ele murmura e revira os olhos como se fosse uma informação óbvia e que eu sou tonto por não saber — o preço que você paga de Volta por essa marca é literalmente suas informações, qualquer informação, você virá um ouvido ambulante para aquelas múmias.
Satoru abraça suas pernas, em uma torção estranha em que ele prende a própria cabeça entre os joelhos, é estranho ver alguém desse tamanho fazer isso.
— Isso significa... — nessa hora, a ideia ficou realmente clara.
— Eles voltaram a jogar baixo — ouço Satoru resmungar.
O que eu imaginei, é que os velhos viram uma oportunidade da Nana vulnerável aceitar a ideia de simplesmente espionar Satoru sem o próprio consentimento dela, a marca simplesmente foi impressa nela, marcas desse tipo geralmente pedem por colaboração dos marcados, mas pela fragilidade da Nana na hora acho que isso foi facilmente burlado por alguém poderoso.
— Ela nunca aceitaria uma coisa dessas — Ponho minha mão nas costas de Satoru.
— Eu sei que não! — ele coloca as mãos no rosto, dando tapas — mas é difícil acreditar, antes de conhecer vocês, quase todo mundo que eu conhecia tinha essas marcas!
Ele parecia tão desequilibrado, é engraçado como uma pessoa tão forte pode ser tão prejudicada por esse sistema social.
Eu Puxo ele para me abraçar, caindo nos meus braços.
— Nós nunca te machucariamos — Sussurro, mesmo sabendo quão esse mundo é hostil e as coisas mudam rapidamente.
Depois desse dia, eu fui acometido de uma certa desesperança, desesperança com as pessoas, com o jujutsu, comigo mesmo, nada no mundo parecia ter sentido de verdade, eu acordo pela manhã como se não tivesse dormido, me aconchego nos lençóis e simplesmente espero permanecer lá durante todo o dia, eu fiquei assim ao menos um mês depois do evento, era tudo reflexivo, dolorido, o pior foi quando não doeu mais.
Foi pior quando eu não senti nada, nem fome, sede, nenhuma necessidade, só sono.
A atmosfera parecia feita de concreto em cima de mim, as breves ligações com Gojo e Nana me deixavam explícito quanto eu estava para trás em relação a me superar desse assunto.Gojo já lidava com o tal Fushiguro, o cara aparentemente é uma porta e não diz nada que o Satoru queira saber, mas o Gojo ainda não permitiu que executassem esse cara então Satoru leva aquele brutamontes a todo canto, em uma ligação a gente se falou :
— Quer que eu vá te ajudar? — Me ofereci, tentando exibir o melhor tom de alguém que não ficou deitado o dia todo imerso em demência.
—Nha, não precisa não, meu bem — pude imaginar perfeitamente Satoru sorrindo enquanto falava —você pode ficar bem descansado, posso passar aí com a Nana mais tarde pra passar um tempo!
— Não precisa... Vocês vão estar exaustos quando o dia acabar — desligo.
Aparentemente, Satoru e Nana pensam que a minha fratura na coluna realmente afetou profundamente o meu desempenho.
Sobre a Nana, ela parece focada em catálogar esses cultos e organizações paralegais dentro do jujutsu.
— Isso parece difícil, quer a minha ajuda, Naomi? — me ofereço para ajudar depois que ela me liga para contar as novidades.
— desde quando você me chama pelo nome? — Nana ri — mas não preciso de ajuda não, bebê, mas se você quiser eu posso...
— Não precisa — Ela ia se oferecer para vir aqui mais uma vez.
— Mas... — desligo, o assunto ficaria longo e eu não quero conversar.
Mergulhado na minha solidão autoimposta, eu sabia de algo que os meus namorados estavam fazendo e eu não.
Satoru e Naomi estão evoluindo, estão treinando e se esforçando enquanto eu estou deitado aqui, cada vez mais fraco e consumido pelas falas dos espíritos que eu já consumi, se debatendo no meu cérebro como uma comida indigesta.
Eu sou uma vergonha. Deveria voltar para aquela maldita montanha de onde eu sai...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dias de Verão - Gojo/Geto/ Leitora
Fanfiction[NÃO É TRIÂNGULO AMOROSO] [Trisal] Amiga de Satoru e Suguro, Naomi Nara, se vê em uma situação incomum... Apaixonado-se por dois meninos diferentes ao mesmo tempo e sentindo que, talvez, esses meninos sejam apaixonados ou pelo outro e também por el...