Capítulo Cinco : Keahi

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Em, sem falta, todos os sábados, próximo às oito da manhã, Keahi vai à escola – aberta de domingo a domingo para os estudantes – treinar

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Em, sem falta, todos os sábados, próximo às oito da manhã, Keahi vai à escola – aberta de domingo a domingo para os estudantes – treinar.

É rotina: acordar cedo, vestir-se com roupas despojadas, confortáveis, e ir para o lugar que qualquer adolescente, considerado normal pela sociedade, odiaria estar em um sábado de manhã.

Keahi nunca se encaixa nos padrões, e este é apenas mais um deles que ela quebra.

Bufa ao passar pelos corredores vazios, segurando sua mochila preta, pendurada apenas no braço direito – um charme, ela diria –, dirigindo-se até o vestiário.

Já está arrumada – calças largas, cropped próprio para o verão, tênis esportivo vermelho. Sendo assim, não é necessário trocar-se, considerando que uniformes são utilizados apenas em testes mais pesados, corpo a corpo, diferente do que ela planeja. Como de costume, deixa sua mochila dentro do seu armário particular – todos alunos que treinam para o time de sphetus têm um –, simplesmente por não confiar suficientemente na proteção rígida fornecida pelo sistema. Sem julgar Martius, ele é um ótimo guarda, mas é sempre bom garantir; não tem dinheiro para um novo telemi, nem para novas chaves, e nem para uma nova mochila. Dá uma última olhada para sua companheira esfarrapada, rasgada e gasta, deixando-a no fundo do armário e, em seguida, trancando-o.

Antes de chegar à quadra, cercada por quatro grandes arquibancadas, tropeça em uma mochila azul marinho, posta logo à entrada. Encara-a com a testa franzida, agachando-se e arrumando-a para mais próximo da parede. Nota sons ao levantar-se, sentindo uma leve estranheza pois, normalmente, está sozinha.

Hoje parece uma exceção.

Na arena, Mayim joga um frasco de vidro contra o chão de areia, espalhando água para os lados. Keahi observa-a levantar a poça com suas mãos antes dos grãos sugarem todo o líquido ali jorrado, formando uma corrente, que prende a cabeça de um boneco de pano ao centro. A cabeça vai de encontro ao chão, e os olhos vermelhos de Keahi arregalam-se.

Sorri de leve e começa a bater palmas, assobiando e aproximando-se, assim que o show parece ter chegado ao fim.

A Aquatill pula para trás, assustando-se com a presença da outra, pondo a mão em seu coração, suspirando assustada. Sorri, envergonhada, assim que Keahi fica a menos de um metro dela.

– Isso foi ótimo. – Keahi agacha, pegando os cacos de vidro e, com agilidade, derretendo-os e moldando-os, os juntando com a chama que sai de suas mãos, fazendo-os voltarem à forma original.

Os olhos da menina à sua frente estão arregalados. Keahi deixa o recipiente, que está pelando junto de uma aparência avermelhada, sobre o chão.

– Mas, sabe como é – seguiu –, Aquatills são melhores com alvos vivos. – Joga seus olhos vermelhos para a cabeça solta do boneco, que está completamente molhada, e chuta-a de leve. Cruza os braços, sorrindo para a garota. Mayim ri em resposta, e Keahi surpreende-se ao lembrar-se do nome da menina.

Nirum Parte Um: Quando a Flor DesabrochaOnde histórias criam vida. Descubra agora