Mayim está muito exclusa ultimamente. Passaram-se doze dias desde a reunião na casa de Ataz, onze dias desde a aparição de Avani, e o fato de Mayim, nestes doze dias, não tocar mais em qualquer assunto que envolva a investigação deixou a Igrãdenti confusa e um tanto quanto preocupada.
Agora, Keahi caminha em direção à casa da amiga, chutando as pedrinhas que invadem seu caminho enquanto reflete sobre a situação.
Qual seria o motivo de, de repente, ela não mais ligar? Desviar das conversas sobre o assunto?, pensa com seus lábios franzidos; Keahi não sabe e, também, não imagina como isso irá descobrir.
Faltam dois dias para um dos maiores festivais da cidade de Nirum, o Festival da Lua Larys. Trata-se de um evento que reúne familiares, amigos e casais, na Praça Mater, onde estes montam piqueniques enquanto esperam, ansiosamente, por um eclipse solar, conhecido como o Eclipse da Lua Larys ou, em outras palavras, o Eclipse de Scintilla. É um festival para, no geral, celebrar o amor, tanto romântico quanto não, na presença de um fenômeno produzido, de acordo com os mitos, pela deusa Igrãdenti, a deusa símbolo do amor.
Com isso, Keahi tem um objetivo a cumprir nesta visita: convidar Mayim para o festival. Afinal, que motivo seria melhor para reunir o quarteto novamente e, principalmente, para reencontrar-se com Mayim antes do retorno das aulas?
Visualiza mais uma vez o grupo de mensagens, exibindo o holograma de seu telemi, mas nada novo: nenhuma resposta de Mayim sobre o convite que havia enviado. Por quê? Desliga-o, soltando um longo suspiro e aumentando o volume da música que circula por seus tímpanos.
A casa azul-bebê toma conta de sua visão, e Keahi já põe seus pés na entrada. Olha bem para a porta, de cima para baixo. Retira seus fones, levanta sua mão e dá três toques atrapalhados, no ritmo da música que, até poucos segundos, ouvia.
E, sem surpreendê-la, não é mayim quem a atende.
Moyse, o irmão dela, surge – com cabelo bagunçado e roupas desajeitadas, segurando uma xícara de chá. O cheiro de laranja perfura as narinas da Igrãdenti. Ela sorri, envergonhada, enfiando as mãos nos bolsos de sua calça.
Keahi abre sua boca, preparada para a tradicional frase dizer, algo como Mayim está? Mas Moyse, aparentemente, já sabia do que se tratava. Ele sai da frente, liberando o caminho, levando a xícara até sua boca e dando um longo gole.
– Quer chá? – Abaixa a bebida, soltando um sorriso que deixa Keahi envergonhada pela cena. – AH, sim! – ele interrompeu a si mesmo e correu rapidamente até o balcão da cozinha.
Keahi, nervosa, com suas mãos quentes, dá um passo à frente e fecha a porta atrás de si. Ao virar-se, vê o garoto pegar uma bandeja e incliná-la para a Igrãdenti.
– Pode levar para May? Acabei de terminar. – Ele sorri.
Os dedos da menina circulam o objeto assim que Moyse entragá-o em suas mãos. Ao analisar a pequena bandeja, levanta seu rosto e joga um breve sorriso, retribuindo o do rapaz.
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Nirum Parte Um: Quando a Flor Desabrocha
FantasyMayim é uma Aquatill que está cansada de sua incompetência. Após sua amiga de infância dar-se como desaparecida, voltando juntamente com a destruição do museu mais antigo da cidade de Nirum, põe como seu objetivo trazer aquela, agora tão mudada, de...