Capítulo Sete : Mayim

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As câmeras da casa de Avani encaram a Aquatill

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As câmeras da casa de Avani encaram a Aquatill. Após uma leitura de sua retina, os portões são abertos. Mayim coça os olhos, fazendo drama e franzindo o cenho, passando pelas divisórias de ferro – os portões fecham-se em seguida.

Ao entrar, se depara com a grande porta branca, de três metros, e põe sua mão, clara como ela, na aldrava prateada, puxando e soltando-a duas vezes.

Após um breve momento de suspiros e observações, esta é aberta por uma villicius – que Mayim sabe que, há tempos, ali trabalha. É uma moça de meia idade, vestindo uniforme branco; possui pele escura e cabelos crespos presos em um alto coque.

Levanta seus olhos azuis e mira-os nos da mulher à sua frente. Ela sorri, mostrando recordar-se de Mayim.

– Rya – a Aquatill soltou, sorrindo. Põe um pouco de seu cabelo azul para trás de sua orelha esquerda. – Avani…?

As sobrancelhas de Rya curvam-se, e seus lábios logo se tornam uma reta linha. Fecha seus olhos vermelhos e balança sua cabeça, indicando negação.

– Avani não está. – Olha para trás, diminuindo seu tom de voz assim que se volta para a garota. – E nós não conseguimos encontrá-la.

Os olhos de Mayim arregalam-se, abraçando seu corpo. Deveria ter chegado mais cedo? Ignorado os acontecimentos anteriores, não ter obedecido o pedido de Avani das vezes anteriores, o pedido para não procurá-la, para não preocupar-se?

Obedeceu-o no momento errado?

Avani não pode estar longe.

Ou, talvez, possa. Afinal – observa em seu telemi –, falta pouco para dar vinte e quatro horas desde o acontecimento passado.

– Ela desapareceu? – a voz de Mayim saiu trêmula. Tem de apertar a alça de sua bolsa com mais força.

Rya olha para os lados, deixando a Aquatill ainda mais nervosa. E, depois, concorda com a cabeça.

Como…

– Como isso é possível, Rya? – falou um tanto quanto alto, levando seu corpo para frente.

A moça suspira em resposta, começando a fechar a grande porta e esconder-se atrás dela.

– Eu realmente não sei – respondeu, escondendo-se por trás da alta madeira.. – Desculpe, Mayim. – Um longo suspiro é dado junto a uma respiração incontrolada. – A polícia já foi ativada, mas Madame Sabine não quer comentar sobre. – Vira-se, novamente, para trás. Seus olhos estão arregalados, e sua boca está trêmula e machucada. Está mais do que escorada na porta, pondo toda a força de seu corpo ali. Os vermelhos voltam para Mayim e são, em seguida, cerrados. – Por favor – começou em baixo tom –, não fale isso para ninguém.

E o estouro da porta faz Mayim pular para trás.

  De forma rápida, com seu coração prestes a explodir, põe sua mão na aldrava, puxando-a e soltando-a diversas vezes. Mas, como esperado, nenhum resultado é obtido.

Afasta-se, ainda de olhos arregalados. Sente lágrimas encherem seu olhar, sente sua visão embaçar, e nada faz para isso impedir.

O que poderia fazer para isso impedir?

Olha para cima, encarando as câmeras que, agora, voltaram a vê-la – como um pedido para ir embora ou, melhor, uma ordem.
Franze o cenho, andando mais alguns centímetros para trás, deixando suas lágrimas flutuarem ao redor de seu rosto.

– Eu já vou embora – disse, ainda encarando-as ao andar de forma lenta para trás, com as mãos erguidas para cima.
Passa pelos portões e eles se fecham.
Sente-se culpada. Este acontecimento foi sua culpa. Se tivesse chegado antes, a polícia precisaria estar envolvida? Se tivesse seguido seus instintos, talvez…

Gostaria de voltar no tempo, talvez um Vérnefi pudesse ajudá-la.

Mas Vérnefis só viajam quando há um erro temporal, e Mayim não acredita que seja esse o caso.

	Mas Vérnefis só viajam quando há um erro temporal, e Mayim não acredita que seja esse o caso

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A sua casa está vazia.

  Põe sua mochila, nem mesmo utilizada, no sofá, sentando-se logo ao lado desta, utilizando-a como almofada. Seus cabelos azuis nela caem, camuflando-se no tecido azul marinho. Seu telemi apita, e seu coração salta junto com o som.

  Seria Avani?

Com o peito ardendo, fervendo de angústia, retira-o do pequeno bolso de sua mochila, ajustando-se no sofá e clicando, rapidamente, no botão que faz-o ligar, emitindo o holograma que já está mais do que acostumada a ver – alguns fios de cabelo atrapalham sua visão, alguns fios que não irá retirar.

Sua respiração acalma-se e sua esperança some ao ler o nome de Keahi ali gravado. Por um breve momento, havia esquecido que a Igrãdenti, agora, tem seu número.

Keahi 11:50

notícias??

Lê e relê a única palavra, com a voz de Rya ecoando em torno de sua cabeça confusa.

A voz dela repetindo diversas vezes a mesma frase, pedindo o mesmo favor.

  “Por favor, não fale isso para ninguém.”

  Assim sendo, não.

  Não há notícias.

Leva seu pulso em direção ao seu peito, fazendo com que a transmissão suma, apertando o aparelho junto às batidas de seu coração.

  Lágrimas voltam a escorrer de seu rosto, não sabendo serem de raiva ou de preocupação.

Imita o hábito de sua amiga desaparecida, deixando a mensagem apenas lida.

Nirum Parte Um: Quando a Flor DesabrochaOnde histórias criam vida. Descubra agora