Capítulo Dez : Avani

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  A mão esquerda de Avani encontra uma tesoura

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  A mão esquerda de Avani encontra uma tesoura. Encara seu reflexo no vidro do espelho quebrado assim que pega-a e observa-a pelo reflexo. Mira os olhos em seus longos cabelos.

  A lâmina encontra os fios verdes e, quando eles chegam ao chão, começa a encontrar a parte cor-de-rosa.

  Enquanto os mortos-cabelos, de ambas cores, caem sobre suas botas pretas, Avani encara seus olhos verdes-rosados. Assim que seus fios restantes encostam na metade de seu pescoço, deixa a tesoura de lado. Retira seus óculos, agora rachados, e os posiciona sobre a mesa de madeira.

  Sua perna faz força para baixo, fazendo-a levantar e, logo, se afastar, analisando seu novo visual. Gosta de como ficou: o seu cabelo ondulado com bastante volume, dividido ao meio entre o verde no lado esquerdo e o rosa no lado direito.

  Analisa que, após muito tempo, sente-se pertencente a algo.

  Ajeita seu jaleco branco, mirando seus olhos na seringa à frente, bem ao lado do objeto-ocular que ali acabara de deixar. A substância verde brilha, chama-a.

  A mão de Avani, então, dali se aproxima, pegando o brilhante e girando-o em torno de seus dedos, não deixando de analisar a logo de G&B ali grafada. Pensa, distraindo-se do objetivo, no significado daquela coruja e, também, no significado daquela sigla.

  Não precisa de muito tempo para entender.

  Balança a cabeça, pondo a parte pontiaguda da seringa em seu braço esquerdo, próxima a sua mão, em suas veias mais visíveis.

  E, então, depois de muito tempo, pressiona a traseira.

  E grita.

  Sente aquela dor. Não, não a dor recente; não a fincada que acompanha-a há poucos dias. Mas, sim, uma dor que sentiu apenas em um momento de sua vida, uma adrenalina semelhante a que aquela fincada acabara de provocar.

  Agora entende o porquê de ter sentido-a há menos de dois anos atrás.

  Levanta seu olhar, mirando em seu reflexo e recordando da menina que acabara de fazer quinze anos.

 Ela analisava seu vestido branco, com pequenas flores rosa bordadas, flores essas que lembram metade de seus cabelos. Seus olhos verdes – completamente verdes, diferente do tom atual – estavam por trás das lentes de grau redondas.

  Abriu a porta e, ao sair, observou, parada, diversos villicius correndo de um lado para o outro, segurando bandejas, com ou sem comida – alguns com pilhas de louça. Corriam de um jeito elegante, com postura ereta e completamente concentrados em não esbarrarem-se.

  Colocou seus pés – que eram cobertos por um salto alto branco, com uma fita de forma de um laço delicado, que ia dali até suas canelas – no chão branco de mármore, saindo do conforto de seu piso coberto por um carpete de veludo.

Nirum Parte Um: Quando a Flor DesabrochaOnde histórias criam vida. Descubra agora