Capítulo Dezoito : Ataz

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Escora-se na porta de cor amarelo-ovo

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Escora-se na porta de cor amarelo-ovo. Inspira e expira, liberando o oxigênio em uma tentativa de aliviar o peso da ansiedade em seu peito. Fecha seus olhos fortemente.

Olhos. Sim, olhos; algo que para ele nada significava até poucos minutos atrás. Agora, com eles cerrados, nem ao menos sabe como se aparentam. Estariam ainda amarelos? Sua pupila, do olho esquerdo, voltaria a aparecer? A aparência castanha desses seria, agora, presente novamente?

Levanta. Um peso saiu de suas costas junto ao pote de vidro que cruzou a porta que acabara de fechar. Aperta seu peito, sentindo seu coração palpitar. Move-se em direção ao pequeno banheiro; a tontura deixa-o fraco. Apoia-se na pia e, ao levantar seu rosto, encontra seu próprio olhar. Solta um suspiro aliviado ao reconhecê-lo.

Liga a torneira. Joga água em seu rosto, apertando, com força, aqueles que tanto o preocuparam. Ajeita a postura e deixa suas pernas levarem-o até a parte de cima de seu beliche.

Sua face encontra seu travesseiro surrado. Sente, de leve, o perfume de Irene que um pouco ali sobrou. Suga-o, tentando se acalmar, tentando livrar-se daquilo que faz com que seu corpo trema.

E, assim que põe seus fones de ouvido, encolhendo-se sobre a coberta branca que sua cama domina, o sono logo o consome.

A vontade de tudo apagar, de tudo passar assim que acordar, o faz adormecer.

Ataz nunca sonha: pensa não ter para que sonhar. Mas, desta vez, Ataz se vê em meio a um sonho. Na verdade, parece mais uma lembrança: está revivendo uma lembrança.

Segue em fila atrás de diversos colegas de classe. A professora, uma mulher alta e magra a qual nem se lembra o nome, guia-os, apresentando cada detalhe do Museu Saturni.

Enquanto a professora sibila sobre as estátuas ali postas, os olhos de Ataz fixam-se em algo logo ao centro do Museu, na sala ao lado. Olha pra esquerda e para direita, pondo as mãos em seu bolso, ajustando seu fone e seguindo de forma involuntária até aquilo que o chama.

Seu eu do agora, o eu que está sendo obrigado a reviver a cena, entende do que se trata a substância esverdeada posta a um altar dentro de um longo recipiente: é a mesma que chama seu nome.

Estende a mão ignorando, sem saber a razão, as placas que indicam ser proibido ali tocar.

O ambiente passa a escurecer e…
Treme ao escutar uma voz feminina gritar seu nome. Volta para o que seria a realidade.

– Você não pode mexer aí – ela segue, e Ataz passa a ouvir passos. Ao olhar para trás, enxerga a figura mandona de Avani, ajustando seu óculos redondo. – Onde está sua turma?

Nirum Parte Um: Quando a Flor DesabrochaOnde histórias criam vida. Descubra agora