Capítulo 10 - A realidade se torna surreal

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O lamento angustiado de uma mãe ecoava pela vizinhança, entrelaçado aos gritos de uma criança apavorada. Um carro imóvel repousava silenciosamente na rua, testemunha silente de um acidente traumático. Dois jovens, visivelmente abalados pelo ocorrido, permaneciam atônitos diante da cena.

Alice apoiava sua cabeça no encosto do banco, seus olhos fixos no rastro vermelho de sangue que se desenhava no vidro. Era um misto de horror e paralisia, incapaz de articular palavras ou reações diante do que acabara de fazer. A sensação de devastação a envolvia, pesada como um fardo, pois agora confrontava a realidade brutal de ter atropelado não apenas uma, mas duas pessoas. Os corpos inertes estendiam-se diante do carro, e o sangue, vívido e angustiante, traçava uma narrativa de tragédia.

– O que acabamos de fazer? – questionou Junior, quebrando o pesado silêncio que se instalara no carro. – O que fizemos?

– E-eu... eu não queria fazer isso – murmurou Alice, numa tentativa de explicar o que acabara de acontecer. – Juro que não queria. Eu não sou uma assassina.

– Atropelamos duas pessoas, amor. Duas pessoas.

– Eu os atropelei, não você – Alice segurava o choro preso em sua garganta. – Estou arruinada.

– Eles que surgiram do nada, na frente do carro, certo? Não foi a sua culpa. Vamos prestar socorro e explicamos depois para o seu pai – Junior disse, tentando minimizar a situação. – Alice?

– Eu nunca vou me perdoar – Alice entrou em prantos, consternada.

– Amor, amor – Junior tentou a consolar, segurando a mão dela. – Estamos juntos nisso. Sempre estaremos.


🎃🔥🎃


Abbie estava inconformada, suas súplicas ecoavam implorando aos céus por uma salvação.

– Não – ela gritou aos prantos ao se aproximar de seu filho, que estava estirado no chão, com a cabeça sangrando.

Ela se ajoelhou ao lado dele, as suas mãos percorrendo o rosto ensanguentado do jovem garoto. Não conseguia acreditar no que via, naquilo que presenciara. Saiu de casa para procurar uma filha desaparecida e acabou perdendo o outro filho. Abbie se sentia devastada.

– Por favor, Deus! Meu filho, não!

Um pouco atrás de Abbie, Madison soluçava em gritos, devastada pela visão do irmão em tal estado. Mary permanecia ao seu lado, envolvendo-a em um abraço protetor, buscando consolá-la mesmo que ela mesma estivesse lutando para conter o desespero diante da neta.

As portas do carro que atropelou Oliver abriram, e as duas pessoas que estavam no veículo emergiram. Um casal, rostos tensos e expressões abaladas pela colisão, saiu do automóvel, observando a cena trágica que haviam acabado de causar. A jovem mulher, de cabelos loiros, e que estava dirigindo, vinha caminhando com a mão na boca e olhos brilhando com as lágrimas que escorriam por seu rosto.

– Eu sinto muito – lamentou Alice, soluçando. – Eu juro que não queria. Foi...

– CALA A BOCA – gritou Abbie, indignada.

– Eu juro que não foi minha culpa. Eu nem estava correndo muito com o carro. O bairro estava escuro e os dois surgiram de repente na minha frente. Eu não tive como evitar...

– CALA A BOCA – Abbie gritou outra vez, ainda mais alto. – Cala a boca, sua assassina.

– Ei, calma aí, minha senhora – Junior pediu, estendendo a mão em direção a Abbie. – Ela realmente não teve culpa, não tinha como desviar. Tudo aconteceu muito rápido.

Zombie World: A Origem (Versão Estendida) - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora