Zombie World: A Origem (Versão Estendida) - Livro 1

Capítulo 13 - Residência Martell

Ann sentiu um puxão doloroso em seus cabelos, e seus olhos se arregalaram ao perceber que, dentre os cacos de vidro, a agarravam cruelmente. Uma agonia lancinante tomou conta dela quando a pele sensível de seu pescoço entrou em contato com os fragmentos afiados. A dor, aguda e insuportável, reverberava por todo o seu corpo, e suas mãos instintivamente se levantaram na tentativa frenética de escapar do ataque daquele humanoide desconhecido.

– A caneta, Alex! – Ann gritou, ao ver de relance uma caneta jogada sobre a mesa de centro da sala de estar.

Sem hesitar, Alex correu em direção à pequena mesa e agarrou a caneta. Diante do desespero, Alex não esperou nem mesmo alcançar Ann e já atirou a caneta em direção a ela.

– Ann! – ele a chamou, ao atirar a caneta.

Ainda agarrada pelos cabelos e sentindo um aperto sufocante, Ann pegou a caneta institivamente, sem a deixar cair no chão, como sua única esperança. Com um gesto rápido, ela direcionou a ponta afiada para a mão do agressor, perfurando com força. O humanoide rosnou, mas não parecia sentir dor. Contudo, o rápido ataque pareceu surtir algum efeito, pelo menos momentaneamente. Com a pressão em seus cabelos diminuindo, Ann se escorou na parede, e deu um puxão em seu corpo, se livrando das asquerosas mãos da criatura zumbi. De pé, e em um novo ataque, Ann fincou a caneta no olho esquerdo do zumbi, e a empurrou, fazendo-o cambalear e tombar para dentro do jardim.

Não tendo a opção de desperdiçar tempo, Ann correu até Alex, agarrou a mão dele com firmeza, e juntos se lançaram pelas escadas acima. A porta da sala se abriu abruptamente com um estalo, arrancando lascas de madeira junto à fechadura, e revelou a presença de três zumbis ávidos por carne humana. O medo impulsionou a corrida dos irmãos, que ignoraram o tumulto na cozinha onde Bobby ainda travava uma batalha solitária.

O som de passos arrastados e pesados sobre os degraus de madeira ecoava por trás deles enquanto subiam apressadamente as escadas, os zumbis implacáveis em seus encalços. A sensação de perigo iminente os impelia a continuar, sem tempo para olhar para trás. No corredor dos quartos acima, Alex se direcionou para correr em direção ao seu quarto, mas Ann manteve o pulso firme e o puxou para se esconderem no quarto mais próximo, o do pai deles. Contudo, não tiveram tempo suficiente para trancarem a porta. Os três zumbis que os perseguiam estavam em frente ao quarto, martelando a porta com socos na tentativa de abri-la.

– Não vamos conseguir os segurar por muito tempo – Alex disse, afito.

Os dois irmãos se mantinham encostados na porta, seus pés escorregando a cada onda de empurrão dos zumbis. Algumas mãos passaram pela fresta da porta e quase alcançavam a cabeça de Ann, que observava tudo aquilo com terror nos olhos. Alex tinha razão, não aguentariam segurar aquela porta por mais alguns segundos.

– Vá para debaixo da cama – Ann ordenou aos gritos. – Agora.

Acatando as ordens de sua irmã, Alex deixou Ann segurando a porta sozinha e correu com urgência até a cama. Com movimentos rápidos, se esgueirou para debaixo do móvel e manteve-se escondido.

Mesmo sendo mais fraca que os três zumbis, Ann ainda permaneceu firme segurando a porta até que seu irmão estivesse totalmente escondido e mais seguro. Quando viu o último reflexo dos seus pezinhos se arrastando para debaixo da cama, Ann se afastou da porta e correu em direção ao armário de roupas do outro lado do quarto. As mãos trêmulas de Ann agarraram as maçanetas do armário, abrindo as portas e se colocando dentro do espaço apertado. Seu coração pulsava descontroladamente enquanto ela tentava controlar a respiração.

Se o plano era salvar Alex, parecia ter funcionado até agora. Os zumbis, furiosos, haviam atravessado o quarto atrás de Ann e batiam com força contra as portas do armário, perseguindo-a como se fossem predadores. Enquanto isso, Alex permanecia quieto e oculto debaixo da cama, esperando pelo momento certo para agir. Qualquer movimento arriscado de um dos irmãos poderiam ser um passo irremediável para a morte.