Extra I - 04: Os primeiros passos do vilão

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"Remédio? Ah! Na verdade, é um novo veneno trazido da Capital, e serve especificamente para matar ratos".

"Ratos?".

"Sim, estamos chegando perto do inverno e esses animais ficam muito agitados. Eles estão buscando por algum abrigo seguro contra o frio, e que tenha muita comida. Por isso estamos tendo um pequeno problema com uma infestação no lado leste da mansão".

"Unh... Isso é bem preocupante".

"Sim, mas o Jovem Mestre não precisa ficar preocupado, pois com o novo remédio vindo da Capital, lidar com esses roedores está sendo bem fácil. Eles morrem em questão de segundos após ingerir somente um pouquinho do veneno".

"Sério? Mas esse deve ser um veneno muito forte. Ele não seria muito perigoso para vocês? Quero dizer, ele deve fazer vocês passarem mal, não?".

Aquele era o ponto em específico que o ômega queria chegar. Ele não havia pensado muito sobre o que significava a morte de uma pessoa, mas só de ter a garantia de que nunca mais iria ver Tiffany novamente, apenas esse mero pensamento lhe deixava com um certo gosto de satisfação residual na boca.

"Sim, é extremamente letal. Por isso mesmo que o Jovem Mestre deveria evitar mexer nos produtos de limpeza da casa, principalmente em não tocar nos frascos com líquidos desconhecidos. Nós já estamos acostumados a lidar com esse tipo de coisa, além de sermos adultos responsáveis por nossa própria saúde. Mas o Jovem Mestre ainda é uma adorável criança que deveria ouvir muito bem as palavras dos adultos, tudo bem?".

"Claro. Não se preocupe, eu nunca tocaria nesse tipo de coisa!".

"Ótimo, o Jovem Mestre é um rapazinho muito compreensivo e obediente. Tenho certeza de que não teremos problemas com isso".

A mulher falou com um grande sorriso no rosto, ao mesmo tempo em que elogiava o pequeno ômega por sua inteligência. Ela queria tocar no suave cabelo preto do menino, de tão angelical que este parecia. Mas ao mesmo tempo ela sabia que isso seria uma enorme falta de educação, já que ele era um nobre e ela não.

"Agora deixa eu ir encontrar a minha mãe, antes que fique muito tarde!".

Mas ao contrário do que Amis havia prometido aos servos, assim que a noite caiu e a mansão ficou em silêncio, ele se esgueirou por entre os largos corredores, em direção a sala em que se guardava os materiais de limpeza da casa. E procurou, com muito esforço, o vidro de veneno que viu a mulher segurando.

"Achei!".

E bastante feliz com o achado, o ômega virou um pouco do conteúdo esverdeado no frasco que trazia consigo. Ele havia invadido o quarto da sua mãe, mais cedo, e pegado um dos antigos potinhos de produto para pele que achava-se vazio, para poder usá-lo como recipiente para o veneno. E depois de preencher todo o conteúdo, até a boca, ele saiu correndo de volta para o seu próprio dormitório.

"Eu tenho que esconder isso! Não posso deixar Tiffany encontrá-lo".

E com o coração batendo descontrolado, como se tivesse corrido uma maratona, o ômega escondeu o potinho dentro de um de seus brinquedos de pelúcia e foi em direção a cama. Amanhã será um grande dia, e ele precisava descansar para estar preparado para ele. Porém, apesar de fechar os olhos e se forçar a dormir, as expectativas e medo por suas ações futuras foram tantas que uma crise de ansiedade o acometeu.

O ômega respirava sem parar, tentando aliviar a sensação de sufocamento, ao mesmo tempo em que limpava as grossas lágrimas que escorriam por suas bochechas. Porém, aquilo não era apenas lágrimas de tristeza ou de depreciação, mas também de felicidade. Só faltava um pequeno passo para se livrar completamente da mulher que o atormentou durante anos.

O segredo do Ministro (Sujeito a revisões periódicas)Onde histórias criam vida. Descubra agora