✎chapter fifty-two: brought me back

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Jungkook on.

Eu não tinha muito o que perder, na verdade, praticamente nada.
Antes de sair, deixei meu pequeno testamento em cima das coisas da Blanca, ela era a única que organizava direito suas coisas.
Deixei meu carro pro yoongi, minhas roupas pra quem quisesse, e bom, já que iria pro lixo mesmo, assinei como doador de órgãos.
Isso se quem eu estivesse indo ver não fosse rouba-los de mim.

Mas eu já não tinha medo de qualquer maneira.
Sai do prédio e andei em direção ao píer. As ruas estavam vazias, mais do que o normal. As luzes fracas iluminavam as águas escuras, e a lua brilhava como nunca.
Não vi ninguém ali, decidi me encostar em um muro e esperar pelo menos cinco minutos. O que quer que fosse não demoraria se quisesse algo mesmo.

– Será que passaram meu número como um vendedor de drogas? E se eu estiver sem nada e me matarem?

– Ah jeongguk... só você para dizer uma coisa dessas.

Aquela voz.

– Só eu sei que você nunca venderia drogas, nem se fosse a última opção.

Estava de costas, senti meu corpo anestesiado, e como que em câmera lenta me virava para encarar aqueles olhos escuros como a noite. Os cabelos escorridos que tive a quem puxar. Com um pano fino cobrindo toda sua cabeça. Os traços finos. Os lábios que sempre estavam tão pálidos. O sorriso que quando se abriu, fez meu mundo parecer existir de novo.

– O-omma? - foi o que naquele momento, conseguiu sair de meus lábios, antes de, cair sob seus pés, em prantos. Chorando feito criança, como um dejavu, como se eu me lembrasse de todas as vezes que chorei sob seus pés por mais uma fatia de bolo.
Mas aquele choro... aquele choro era como se eu pedisse pelo bolo inteiro, e ela me entregasse ele com cobertura colorida.

Segurei suas pernas, sentindo meu peito bater forte, meu cabelo cair sob meus olhos, e minhas lágrimas não pararem por um milésimo.
Meu choro era alto, meu choro era de alma.

– Jeongguk... - ouvi novamente, aquela voz que abraçava minha alma, acalmava meu instinto e aquecia meu coração. Aquela voz que mesmo não dizendo exatamente aquelas palavras, soava como um "está tudo bem".

– Levante filho. Venha.

Procurava forças para me reerguer, para olhar em seus olhos idênticos aos meus, para ter certeza de que aquilo não era um mendigo qualquer e que eu já estava alucinando.

Me levantei, com o rosto encharcado.
Olhei em seus olhos, me acalmei em seu sorriso, e finalmente me encontrei em seu abraço.

– Omma...

– Jeongguk...

Seu abraço foi capaz de anestesiar todas as dores e preencher todas as faltas naquele segundo, podia me faltar muitas coisas naquele momento. Mas minha mãe não era mais uma delas.
Ela estava ali, e ela estava ali por um propósito.

– Vou te levar pra casa. - me disse, segurando em minhas mãos.

Andamos depressa, e eu fui guiado como uma pena em um dia de ventania. Fui leve em sua direção.
Andamos por alguns minutos, em total silêncio, ela me olhava de vez em quando, parecia também estar surpresa com o que estava vendo.
Mas não tanto quanto eu.

Entramos em um bairro de casas todas iguais, eram bonitinhas, como casas de boneca. Entramos em uma delas, e estava tudo tão escuro.
Até ela acender as luzes, que não eram muito fortes, mas me permitiu uma visão completa de seu rosto.

– Jungkook... - ela tirou o pano fino de seus cabelos, soltando-os em uma mesa no que parecia ser uma pequena cozinha. – Eu não sei... ao certo o que dizer depois de tantos anos...

I'm gay {jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora