Capítulo 8

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Rio de Janeiro, Brasil
 | Por Miranda Diaz.

Terminei de medicar a criança que estava acompanhada por sua mãe e sorri, assim que ela mexeu no estetoscópio pendurado em meu pescoço.

— Você gostou?— a pequena concordou com a cabeça, de forma tímida.— Vou colocar em você então.

Retirei o aparelho de mim e coloquei em volta do seu pescoço. Ela sorriu alargamente e a sua mãe agradeceu, vendo a felicidade da sua filha em um pequeno gesto.

— Agora, terá que me prometer que vai se alimentar direitinho e beber bastante água para ficar saudável e assim não ficará dodoí outra vez.

— Ta bom.— a menininha concorda distraída com o estetoscópio.

Me afasto delas para terminar de escrever em seu formulário, constatei a redução da febre alta e reforcei a receita de medicações que ela deveria tomar em casa. Devolvi a receita a mãe da menina e guardei o formulário dela em um fichario.

— Melhoras, pequena.— ela retirou o aparelho do pescoço e me entregou. Se levantou do colo da mãe, me deu um abraço e em imediato eu retribui. 

E esse é um dos motivos por eu ter escolhido a profissão que tenho, esse carinho é impagável, vale cada noite que passo sem dormir direito. A garotinha se despediu de mim e saiu da enfermaria com a mãe dela.

Olhei em meu relógio o horário e vi que já estava na hora de medicar o Mancini outra vez, então saí da enfermaria para ir até o seu quarto, mas assim que atravessei o corredor, senti meu celular vibrar em meu bolso. Olhei ao redor para ver se alguém não estava próximo observando e fui para um canto, assim eu poderia pegar o aparelho por baixo do meu scrub.

Assim que peguei o celular, olhei na tela a notificação da mensagem do Henrique. "Já está pronta?" Merda, o jantar. Eu me esqueci completamente, passei a tarde cheia de trabalho e nem prestei atenção nas horas passando. Guardei o celular novamente e caminhei com pressa em direção ao quarto do Mancini. 

Os policiais liberaram minha passagem e eu adentrei o espaço, notando ele dormindo em seu leito. Me acalmei para que eu não acabasse acordando ele e me aproximei devagar. A técnica já tinha deixado seus remédios em cima da mesinha, então comecei a prepará-los em cima da bandeja, revisando todos eles por precaução.

— Olá, ragazza.— escutei a voz grave soar.

— Eu te acordei? Desculpa, estou apenas te medicando.— ragazza? — E pode me chamar de Miranda, Mia ou Diaz.

— Ragazza te cai bem.— não interferi mais, apenas ignorei ele e apliquei a medicação em sua veia.

— Soube que será transferido hoje.— ele olha em minha direção, posso sentir seu olhar em mim.— Sinto muito, a cadeia deve ser um lugar horrível.

— Não sinta, desprezo o sentimento de pena.— me afastei do leito e olhei em direção a ele, decidindo não responder a sua fala.

— Bom, espero que fique bem.

— Você é uma ótima enfermeira, seus pais devem ter muito orgulho de você.— ponho as mãos nos bolsos do meu scrub e pressiono meus lábios um no outro.

— Não conheci a minha mãe e o meu pai morreu antes que eu decidisse minha profissão.— falo e o semblante dele não demonstra nenhuma reação. Geralmente me olham com pena ou pedem desculpas mas ele apenas reagiu normalmente.

— Aonde quer que ele esteja, deve estar orgulhoso de você.— eu sorrio fraco, sem mostrar os dentes.

Antes que eu possa respondê-lo, a porta é aberta por um policial. Olho na direção do homem moreno, alto e com uma cara nada legal.

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