Capítulo 9

25 2 8
                                        

Palermo, Itália
  | Por Miranda Diaz

Sinto tapinhas em meu rosto, para me despertar. Aos poucos, abri meus olhos podendo ver um homem a minha frente. Ia xingá-lo por me acordar daquela forma mas eu ainda estava com um pano amarrado na boca.

— Essa dorme para porra.— ele rir e eu abro os meus olhos totalmente, me acostumando com a claridade do ambiente.

A voz é a mesma do homem que me carregou para dentro do avião, com o sotaque carioca. Só que dessa vez, a claridade permite que eu o observe melhor, revelando o seu rosto que contém um sorriso largo e bem reluzente. O moreno alto solta o meu cinto e em seguida, pega uma bandeja em cima de um carrinho, põe ela em meu colo e cruza seus braços.

— O chefe mandou você comer e acho bom você não ficar de mimimi, sacô?— a voz grave me ordenou. O homem forte e musculoso retira o pano da minha boca, para que eu pudesse falar algo.

— Obrigada, mas eu estou sem fome.— nego a comida. Ele levanta um pouco a sua camisa, expondo o seu revólver e eu engoli o seco.

— O que disse?— ele se fez de desentendido e entendi que eu estava sendo obrigada a comer. Mas não sinto fome, não estou sentindo nem vontade de viver.

— Nada.— abaixo a minha cabeça, olhando na direção dos meus pulsos amarrados.— Não tem como comer dessa forma.

Ele revira os olhos, se aproxima de mim novamente e desamarra meus pulsos. Sacudo minhas mãos, por sentir tudo formigando e é nítido as marcas vermelhas deixada pela corda. Peguei uma das uvas que estava na bandeja e levei a minha boca, podendo mastigar.

Estavam doces e muito saborosas, eu não podia negar. Olhei em direção a janela ao meu lado, notando que a minha vida estava ali, ficando para trás. Tudo que construí, o tanto que lutei para ser quem eu sou, os esforços do meu pai, tudo sendo jogado ao lixo.

Eu nem sei como ainda existe lágrimas rolando em meu rosto, não sabia que um ser humano era capaz de chorar tanto. Minhas lágrimas rolam em silêncio, esse é o pior tipo de choro, onde não há gritos e esperneios, há apenas lágrimas.

A minha cabeça dói, meu coração está despedaçado, é como se eu estivesse revivendo o dia em que perdi meu pai. Eu só queria entender o motivo disso, ele não poderia simplesmente me deixar ir?

— Pode me dizer quando tempo dormi? Se estamos chegando...— perguntei ao moreno a minha frente, ele mantém seu sorriso no rosto e cruza os braços, enquanto sua língua vagueia em  seus lábios.

— Por muitas horas, umas quatro, talvez.— ele dar de ombros, demonstrando que não era algo que lhe interessava.— E já chegamos, estamos indo para a Sicília.

Como mais algumas das uvas, na bandeja continham frutas, um suco e alguns biscoitos. Dessa vez, peguei uma maçã e mordi um pedaço dela, mastiguei enquanto sentia o olhar do homem sobre mim.

— Termina de comer porque o chefe quer te ver.

— Chefe?— perguntei, comendo mais um pedaço da minha maçã.

— O Mancini, doutorzinha.— o sarcasmo em sua voz me fez apertar a maçã com força. Como eu queria socar essa carinha linda dele. Odeio ter queda por cariocas.

— Eu não sou doutora, sou enfermeira.— reparo, terminando de mastigar minha maçã. Deixo ela de lado e pego o copo do suco, dando um gole.

— São a mesma merda.— ele rebate, revirando os olhos.— Agora adianta ai, que demora para comer um lanche.

— É que estou sendo forçada a comer.— bebo mais um pouco do meu suco, é de morango. É o meu sabor favorito.

— De qualquer forma, engole essa porra ai.— fico em silêncio, apenas volto a comer e dessa vez, como alguns biscoitos.

Lies Of Love Onde histórias criam vida. Descubra agora