Capítulo 7

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Rio de Janeiro, Brasil
| Por Miranda Diaz

— Miranda Diaz, eu não estou crendo nisso.— deixei o celular no viva-voz, apoiado em cima da almofada ao meu lado.

— Relaxa, vai ser só um jantar.— levo a colher de sorvete a minha boca, enquanto converso com a minha amiga por ligação.

— Você tem muita merda na cabeça, só pode.— a Déb continua falando, enquanto eu divido minha atenção entre ela e a televisão que estava passando o filme "A cinco passos de você."

— Eu tento, eu juro que tento não ceder, Déb.— argumento.— Mas eu amo aquele idiota, não consigo simplesmente esquecê-lo.

— Não, Mia, não tem como esquecê-lo quando você nem se esforça para que isso aconteça.

— Eu prometo, dependendo do resultado desse jantar será um ponto final. Se ele for um babaca novamente, não haverá uma volta.

— Não era nem para você cogitar a ideia de voltar com ele.— ela suspira, aparentemente cansada de me aconselhar e no fundo eu até entendo.— Tenho que voltar para o trabalho, amanhã de manhã você vem? Escutei dizerem que o Mancini será transferido.

— Vou, porém amanhã só tenho horário até a tarde.- comi mais um pouco do meu sorvete de morango, meu favorito.— E ainda bem que esse cara será transferido.

— É, ainda bem.- ela completa.— Tenho que ir, amiga. Tchau, beijos.

— Beijos.

Escutei quando ela desligou a ligação e me afundei mais no sofá, prestando atenção no filme. A verdade é que vivo dizendo que não tenho tempo pra nada mas sempre que me sobra tempo, estou me dedicando a momentos como esse. Eu adoro assistir filmes, são meus momentos de conforto, onde eu posso simplesmente ignorar a realidade.

Antes esses momentos eram ocupados a chás da tarde com a mãe do Henrique ou algum passeio que ele preparava para nós dois. Henrique, Henrique, Henrique. Eu tenho que parar de pensar nele, tudo está girando em torno dele e eu odeio isso, tenho que focar em mim, no meu trabalho e nas minhas coisas.

Eu odeio a forma como ele me deixa vulnerável, faz com que eu deixe explícito um lado meu idiota e sensível. Eu sei que não devo cogitar a ideia de voltar para ele, a Débora tem toda razão mas eu não consigo, é como se meu coração tomasse conta de todas as minhas decisões e eu simplesmente não conseguisse dizer não.

O filme tinha acabado, então peguei o controle e desliguei a televisão, me levantei do sofá com o meu pote de sorvete e dei a volta pelo sofá, na intenção de ir em direção ao meu quarto mas quando passei por minha janela da sala, notei um carro parado no estacionamento do condomínio. O que deve ser considerado normal, mas está estacionado na minha vaga.

Eu não tenho carro e não é o do Henrique. Nunca nem vi esse carro aqui antes, quem será? Me encostei na parede ao lado da janela e olhei através da pequena brecha, infelizmente já estava de noite e eu não conseguia ver nada, estava tudo escuro e o carro é totalmente preto. A placa, isso tenho que anotar.

Olhei em direção a placa do carro e não vi nada, o veículo simplesmente não tem placa. Que porra é essa? Será que é alguém novo por aqui? Mas é impossível outra pessoa utilizar a minha vaga, teria que ter a minha permissão. A frente do carro está direcionada a minha janela, como se alguém estivesse me observando.

Respirei fundo, fechei a cortina de vez e caminhei rapidamente até a minha porta. Tranquei todos os trincos e dei várias voltas na chave, na intenção de trancar mais ainda a fechadura. Deixei o pote de sorvete em cima do balcão da cozinha americana e corri em direção ao sofá, peguei meu celular e passei para o meu quarto.

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