Capítulo 2

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Rio de Janeiro, Brasil
| Por Miranda Diaz.

Eu nunca acreditei em vida após a morte, coisas sobrenaturais, milagres ou coisas que eu não poderia enxergar a olho nu. Chega a ser hipocrisia da minha parte, devido a profissão que escolhi.

Mas ai é que está o lado bom nessa história, escolhi para provar que o motivo da recuperação dos pacientes, é o esforço e a perseverança do médico, enfermeiro, técnico, todos aqueles que trabalham em conjunto.

Perdi o meu pai por uma displicência médica e desde então, vivo me cobrando sempre o melhor, para que não exista muitas Miranda's por ai. Eu perdi a pessoa que eu mais amava na vida e consequentemente, me perdi também, sinto a falta dele todos os dias e as vezes me pergunto o motivo disso ter acontecido.

Não é justo, ele era um homem bom e cuidava de mim. Ele era a única pessoa que me restava, ja que a minha mãe nos deixou quando eu ainda era uma bebê. Ela foi embora, nos largou pra trás e ignorou o fato de que o meu pai não saberia cuidar de mim sozinho.

Mas, mesmo assim, ele se tornou o melhor pai do mundo. Tudo que aprendi, devo a ele e aonde quer que ele esteja, se existir essa vida após a morte, espero que esteja muito orgulhoso de quem me tornei, por ele.

— Acho que você precisa de um café, do jeito que gosta.— escutei a voz do doutor Gabriel e só então, notei que ele se sentou na cadeira de frente para mim.— Obrigado, Mia, por ter me apoiado.

Desviei minha atenção dele e notei o café a minha frente em cima da mesa, preto e sem açúcar, do jeito que o meu pai gostava, do jeito que ele me ensinou a gostar.

— Obrigada pelo café e não há pelo o que agradecer, é o meu trabalho.— peguei a xícara e levei um pouco da bebida a minha boca, saboreando o amargo do café.

— Eu sei que é o seu trabalho e nem por isso posso deixar de elogiar a profissional que você é. Pessoas corriam perigo e você não salvou apenas uma vida e sim várias.— ele insiste.

— Não seja modesto, Gab, o cirurgião aqui é você.

— Cirurgiões precisam de enfermeiras, até os melhores. Não somos nada sem um apoio e você foi a única em que confiei a falar sobre o paciente.

Minha curiosidade voltou a tona e enquanto eu apoiava a xícara na mesa novamente, perguntei.

— Não sabe mais nada sobre o paciente? De onde veio, o que aconteceu com ele, para quem ele trabalha...— várias suposições pairavam a minha cabeça.

— Quantos menos soubermos sobre esse meio, melhor. Mas ao que me parece, ele é braço direito de um cara perigoso e procurado em vários países, o cara baleado estava de passagem aqui no Rio, resolvendo negócios do chefe quando foi surpreendido pela polícia. Trocaram tiros e no final, foi baleado por um aliado que era infiltrado da polícia.

— E de onde ele veio?— perguntei, mais curiosa ainda.

— Diretamente da Sicília, uma região Italiana. E pasme, ele é fluente na língua portuguesa.

— Isso é demais, Gab, esse cara não pode ficar aqui. Vão levar ele preso?

— Acha mesmo que um cara como ele ficaria preso? A polícia está achando, na verdade, a federal e a bope, estão esperando algum sinal de vida da parte dele e assim, levarão ele para a penitenciária. Mas, cá entre nós, acho que algo vai acontecer.— assim que ele supõe, sinto meu corpo se arrepiar com a possibilidade.

— E ficaremos aqui para presenciar isso?— essa história estava me dando uma pontada de medo, eu não fazia a mínima ideia do que eram capazes.

— E o que faremos? Abandonaremos as outras vidas? Não podemos. É o nosso trabalho e a única coisa que nos resta, é rezar.

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