Capítulo 4

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Rio de Janeiro, Brasil.
|Por Miranda Diaz

Empurrei a porta com o meu pé esquerdo, na intenção de fechá-la. Sentindo meus ombros doerem, joguei minha mochila em cima da poltrona, retirei minhas sapatilhas para libertar os meus pés e folguei a xuxinha que prendia o meu cabelo. Minha cabeça está latejando de dor.

Fui até a cozinha para pegar a caixa de remédios, quando começo a escutar a vizinha do apê ao lado do meu. Todas as noites, incansavelmente, ela discute com o marido obrigando que todos do prédio escute ela xigando e gritando ele. Eu nunca soube o real motivo mas levando em conta que ele é um alcoolatra filho da puta e tarado, ela está em total razão. 

Não julgo ela por permanecer nessa situação, não por eu ter passado pela mesma coisa, ja que o meu ex nem discutia comigo. Isso, as vezes, me deixava com interrogações: será que o nosso relacionamento não era frio demais? Será que acabou por falta de emoção? Porque eu escuto a vizinha brigar com o marido há muito tempo e ela nunca se separou dele. Claro, sempre tem grandes fatores por trás disso tudo, dependência emocional e até financeira. Mas, será que no final das contas, ela realmente gosta disso porque oferece adrenalina ao casamento?

Por mais que eu adore especular vida alheia, e não nego, me preocupo novamente em beber o meu remédio. Abri a geladeira, peguei a jarra d'água e coloquei o líquido no copo vazio, joguei a pílula na minha boca e bebi a água. Tudo o que meu corpo está pedindo nesse momento, é um banho, um banho bem demorado e reforçado.

Saí da cozinha e caminhei direto para o meu quarto, retirei a xuxa do meu cabelo, deixando ele esparramar em minhas costas. Em consequência, minha franja cobriu minha testa e eu passei minha mão no local, tentando jogar ela pra trás. Retirei a minha blusa, ficando apenas com o meu sutiã da cor preta, meu próximo passo era desabotoar a minha calça mas escutei a campainha tocar.

Mas que merda, não posso nem tomar um banho em paz. Odeio visitas.

Já que a minha intenção não era atender, não me preocupei em vestir a blusa novamente. Fui até porta para ver quem era através do olho mágico e ao notar um homem de braços cruzados, engomadinho e apreensivo, reconheci. Henrique.

Eu sei que está em casa, Mia.— meu ex soa atrás da porta.— Abre ai, quero falar com você.

Droga, droga, de novo não.

Me afasto, escutando a campainha tocar novamente. Ele não vai parar, vou acabar abrindo e o final eu já sei, pelados em minha cama. Essa parte eu não contei, mas infelizmente vivemos em recaídas que juramos ser a última, mas sempre tem uma próxima. Porra, por que ele é tão ele?

— Miranda, abra essa porta.— ele continua tocando a campainha, respiro fundo e destranco a porta, giro a maçaneta e abro.

Ele descruza os braços, põe as mãos no bolso da calça social e desvia os olhos dos meus ao notar que estou apenas de sutiã. Ele me analisa de cima a baixo, em seguida dar passos em minha direção e adentra meu apartamento.

— O que você quer, Henrique?— pergunto, fechando a porta. Tranco ela novamente e me mantenho de costas para ele.— Eu não quero conversar, estou cansada. Acabei de chegar do hospital.

— Desculpa, eu...eu não sabia com quem conversar.— a voz dele parece diferente, é como se estivesse se esforçando para não desabar.

Me viro em direção a ele, a camisa social marca bastante seus músculos e me esforço ao máximo para desviar a minha atenção do seu corpo irresistível. Ele é mesmo um filho da puta gostoso. O mesmo se senta em meu sofá, apoia os cotovelos em suas pernas e encosta o queixo nas mãos com os dedos cruzados.

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