Capítulo 3

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Rio de Janeiro, Brasil
| Por Miranda Diaz.

Meus olhos fixaram no homem deitado no leito, enquanto os médicos cuidavam dele e averiguavam a sua situação. Ele não disse uma palavra, apenas olhava para todos ao seu redor, atentamente e eu diria que até entendiado, ele não sente medo? Vai sair daqui direto para a prisão.

— Está tudo ok com ele, está se recuperando. É um ótimo sinal.— o doutor Victor conversa com a doutora Aline. Ela conversa com os outros médicos presentes e o Victor caminha até mim.

— O que vai acontecer com ele?— pergunto, com a minha atenção voltada para o doutor.

— Creio que ficará bem, é apenas uma questão de tempo. Esse cara tirou uma sorte muito grande.— eu olho na direção do homem e nesse mesmo instante, ele olha em minha direção também.

Ele não expressa nada, seu olhar é indecifrável mas de uma coisa eu tenho certeza, ele está calmo e tranquilo.

— Vou informar a polícia.— Victor diz.

— Será que vão transferi-lo logo ou vão esperar ele melhorar mais?— pergunto, enquanto o italiano mantém seu olhar fixo ao meu, como se estivesse decifrando o que estou conversando com o doutor a minha frente, ja que é impossível ele escutar por conta da distância.

— Não sei, só espero que levem ele embora daqui. Os outros estão assustados com a presença dele.— diz e então, volto a olhar para o doutor.

— Ele esta indefeso, nem se move direito. O que esse homem seria capaz de fazer, nesse estado?

— Não sei, Diaz, mas ele não deixa de ser um criminoso.— concordo com ele, isso não o faz menos perigoso.

Mas o que ele faria? Bateria em nós com esses aparelhos? O cara nem com a própria roupa está. Veste apenas as roupas de hospital e fora isso, não tem mais nada com ele.

— Bom, eu vou indo, tenho que apresentar um relatório sobre ele.— o doutor se comunica com o restante da equipe e antes de sair, me diz.— Fica de olho nele, qualquer coisa você nos chama e não se preocupe, tem policiais parados na porta.

— Ok.

Não é como se eu pudesse discordar, é o meu trabalho, estou sendo paga pra isso. Todos saem do quarto, me deixando ali, sozinha com ele. Permaneço um pouco distante, mas ainda de olho nele, o que deixa de ser recíproco já que ele direciona seu olhar para o lado oposto em que estou.

Dando pequenos passos, caminho na direção dele para regular o seu soro. Ao levantar minhas mãos para ajustar, notei que elas estavam trêmulas. Porra, que merda, relaxe Miranda. Tento repetir isso em minha cabeça, para que eu não parecesse uma idiota medrosa.

— Por acaso sofre mal de parkinson?— a voz grave do homem soa, com um sotaque italiano carregado de sarcasmo.— Não vou fazer nada a você, estou impossibilitado disso, caso não tenha percebido.

— Então, quer dizer que se pudesse, faria?— perguntei, me forçando a parar de tremer. Ajustei o seu soro e me afastei um pouco para olhá-lo. Ele permanecia sem me olhar.— Como está se sentindo?

— Uma pergunta por vez, per favore.— desde quando bandido pede por favor? Talvez os italianos peçam.— Eu não te faria algo sem que me incentivasse a isso e estou melhor que se eu estivesse morto.

— Vou chamar o doutor, informar que resolveu falar algo.— lhe dou as costas, pronta para sair dali.

— Não, não faça isso.— eu paro de andar.— Merda, que caralho.

Escuto ele murmurar, me viro para ele novamente e vejo ele tentando se levantar da cama. Me aproximo novamente e o impesso, tocando seus ombros.

— Não pode se levantar, está em recuperação, seu estado estava grave.— ele volta a encostar seu corpo na cama, desistindo.— Tenho que avisar que esta reagindo de forma positiva.

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