Mentira

70 12 182
                                    

    "Te dediquei minhas primeiras letras, dediquei-lhe meu primeiro discurso, minha estreia na sociedade, dediquei-lhe minha coroa."

Eu lembro do quarto silencioso após minha primeira queda, quando os médicos expuseram a minha restante família minha tão perigosa e triste condição.

— Quando ela se tornar uma divindade própria, isso melhorará?

— Não sabemos vossa graça, devemos lembrar que vossa majestade ainda não ascendera a verdadeira posição de deusa então seu corpo ainda é fraco.

— Estaremos ao seu lado, não importa o que seja e quanto tempo demore.— Yeji diz se sentando ao meu lado da cama.

— Cuidaremos de tudo por você, seremos suas extensões, prima.— Hyunjin afirma acariciando meus cabelos.

Yoongi se mantinha quieto segurando minha mão.

— Não podemos deixar que o povo saiba.— Yoon finalmente se pronuncia.— Adiaremos a sua aparição no festival, porém deve comparecer.

— Primo, isso é daqui uma semana! Não podemos deixar Sun-hee correr esse risco!— Yeji contrapõe.

— Ele está certo, uma imperatriz deve ser ao povo sua base, porém nós somos a base da imperatriz.— Seong, meu tio se pronuncia.— Deve estar lá.

— Eu estarei.

Seong após a saída de todos, me abraça, me envolvendo em seus braços.

— Desde que seus pais partiram, me sinto como o seu pai, meu pequeno sol.

— Devo dizer o mesmo, és para mim o pai que o Sol me deu.— digo me repousando novamente no meio de travesseiros fofos e prazeirosos para minha coluna.

— Cuidaremos dos seus deveres enquanto estiver aí, apenas descanse, te amo muito minha filha.

— Também te amo, pai.

Saio de minhas memórias, pois assim que acordei senti a ardência em minhas costas e vi meu tio sentado ao meu lado.
O homem que um dia já chamei de pai, fora o mesmo que sorrateiramente enfaqueou-me nas costelas com a lâmina sagrada, onde ninguém veria, escondido como um rato, aponhalou-me.
Limpou sua arma, tapou o ferimento o enrolando e deixou o sangue escorrer o tapando com lençóis
A imagem calorosa que eu tinha, caiu por terra, tão friamente quanto a lâmina, eu estava acordada.
Sem pudor algum ele gritou, gritou e quando estavam perto, retirou os tecidos antes por ele postos, expondo o sangue, expondo sua arte.
Tão pouco de mim se via debaixo daquele meu dourado sangue, tão pouco se via de minha cor que lentamente deixava meu corpo.
As pessoas presentes eram muitas, tentando ao máximo manter aquele corpo sem vida no reino dos vivos.

— É tarde, vossas majestades, a Imperatriz se foi.— o médico diz coberto de meu sangue, eu vi através daqueles óculos, o suor e as lágrimas de uma missão fracassada.

— Como não viram?— Seong grita.— Como não viram a ferida em sua majestade? Ela não pode morrer.

É visto então, Jimin, meu braço direito em lágrimas segurar minha coroa ir em direção a eles e fazer seu papel.
Taehyung estava estático antes de retirar a própria coroa e repousa-la em minhas mãos.

— Não sou mais o imperador, visto que minha imperatriz se foi.— ele diz e o vejo segurar as lágrimas.— Eu a matei, mesmo não sendo eu realmente, fora por minhas mãos e então, não mereço o título, voltarei a Firenz e o deixarei.

— Para quem então vai a coroa?— Yeji questiona.

— A imperatriz se foi a pouco, devemos respeito a ela!— Seong dissimula.

A imperatriz que sempre foi.- Kim Taehyung Onde histórias criam vida. Descubra agora