𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏 - 𝐀𝐦𝐢𝐳𝐚𝐝𝐞
Lyra acelerava seu passo pelas movimentadas vielas do Distrito 12. Ainda podia sentir a doçura das frutas roubadas em suas mãos, mas agora a adrenalina corria mais rápido em suas veias. O sol poente pintava o céu de tons dourados, lançando sombras escuras pelas ruelas estreitas.
Ao virar a esquina, Lyra avistou uma patrulha de guardas da paz bloqueando o caminho principal. Seus olhos se arregalaram momentaneamente, mas a experiência da rua lhe ensinara a reagir rapidamente. Sem hesitar, ela direcionou seu olhar para cima, analisando as possíveis rotas de escalada que os becos estreitos ofereciam.
Lyra começou a escalar os becos, usando as saliências e aberturas nas paredes desgastadas como apoio. Os guardas, inicialmente confusos com sua mudança de trajetória, começaram a persegui-la, mas a garota ganhou vantagem nas alturas.
A loira posicionou-se na extremidade do telhado de uma casa, virando o rosto para observar os guardas, mas viu apenas uma pessoa ali: Leon, o garoto que ela havia matado no início dos jogos... Era uma alucinação, disse a si mesma.
Ele aproximou-se dela, fazendo-a recuar, com metade de seus pés além da borda do telhado.
— Você me matou — ele aproximava-se ainda mais, segurando uma faca em suas mãos, a mesma faca que a acompanhara durante o resto dos jogos.
— Você me atacou — ela sussurrou, encarando o garoto.
Ele ficou frente a frente com ela, fitando diretamente seus olhos intensos.
— Você venceu — ele colocou as mãos em seus ombros — Parabéns.
E, em seguida, a empurrou para fora do telhado. Ela gritou, como se estivesse caindo indefinidamente, e, de fato, estava.
A garota despertou, coberta de suor, com a respiração acelerada e um grito preso na garganta. Seus cabelos grudavam em sua testa, e ela se sentou abruptamente.
Desde que retornou ao Distrito, esse pesadelo assombrava Lyra todas as noites, como se estivesse programado para se repetir. Era exaustivo, acordar diariamente com uma sensação ruim decorrente dos Jogos; ela estava apreensiva. Durante os Jogos, escondeu cuidadosamente tudo o que sentia, e agora parecia que tudo estava sendo descarregado sobre ela. Era perturbador.
Lyra dirigiu-se ao banheiro da modesta casa em que estava hospedada desde seu retorno. A senhora Walker havia feito questão de lhe proporcionar um lugar para ficar. Walker era uma pessoa bondosa, sempre oferecendo algum auxílio, mesmo que não tivesse muita coisa.
Ela abriu a torneira, formando uma concha com as mãos para coletar água e lavar o rosto. Ao encarar o reflexo no espelho, franzindo o cenho, percebeu o cansaço estampado em sua expressão.
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𝐒𝐓𝐀𝐘 𝐀𝐋𝐈𝐕𝐄 | 𝐊𝐚𝐭𝐧𝐢𝐬𝐬 𝐄𝐯𝐞𝐫𝐝𝐞𝐞𝐧
Random𝐒𝐓𝐀𝐘 𝐀𝐋𝐈𝐕𝐄 || No Distrito Doze, onde a realidade se desfaz em sombras e o tempo se perde nas dobras do desconhecido. Tudo é um quebra-cabeça desorientador, uma dança confusa entre o ser e o não ser. As linhas entre o certo e o errado são tu...