↻ 𝟎𝟎𝟖

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        Abro a porta com pressa, indo pegar a Aurora que se esgoelava de tanto chorar, beijo a bochecha gordinha da minha bebê, a posicionando de maneira confortável em meus braços

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        Abro a porta com pressa, indo pegar a Aurora que se esgoelava de tanto chorar, beijo a bochecha gordinha da minha bebê, a posicionando de maneira confortável em meus braços.

— calma, amor, já passou. — passo a mão em sua cabeça, beijando-a.

O tempo em São Paulo está frio e chuvoso, com raios e trovões, ela acordou assustada com o barulho.

Passo a mão nas costas da bebê, tentando acalmá-la de alguma forma, o barulho alto de seu choro começava a me dar desespero.

Saio do quarto, contando até dez mentalmente para não surtar, desligo as luzes da sala, também fechando as cortinas, nino a neném em meus braços, cantarolando "Melhor Versão".

O Gustavo está em uma reunião com o pai dele no escritório, estou há quase duas horas tendo que olhar a bebê sozinha.

Mais um trovão estronda, o relâmpago iluminando o céu, suspiro, me atentando em fazer minha filha parar de chorar.

— ei, princesa, a mamãe 'tá aqui. — sussurro com a voz calma, na intenção de passar segurança a ela.

— oi, amor, tudo bem por aqui? — suspiro aliviada ao ver o Gustavo saindo do escritório e logo atrás o pai dele.

— uhum, ela só acordou meio assustada por conta da tempestade.

— vem aqui, ursinha. — Gu a chama com a mão,  entreguei Aurora a ele, que encostou a cabeça em seu ombro, chorando baixinho.

Beijo as costas da pequena, suspirando fundo, Aurora odeia que acordem ela, vai ficar amuada por um bom tempo.

— olha o vovô, amor.

— vem, princesa.

— será que ela vai? — pergunto com um sorrisinho no rosto, vendo a garotinha agarrada ao pai.

— acho que não, deixa ela quietinha com o papai, eu vou indo, combinei de jantar com a Ju hoje.

— ah, bom jantar 'pra vocês, manda um beijo 'pra ela e fala que 'tô com saudade! — dou um braço nele, me afastando e observando meu sogro se despedir do Gustavo de forma desajeitada por conta da bebê.

— falo sim, Ana, um beijo 'pra vocês! — diz e logo sai pela porta, fechando-a, torno minha atenção a bebê, que agora resmungava baixinho.

Olho seu rostinho, os cílios estavam maiores devido as lágrimas, as bochechas e o nariz levemente avermelhados pelo choro recente, abro um sorrisinho, me derretendo nela.

— 'cê se assustou com os trovões, né amor? — Gu murmura em meio a beijinhos na cabeça dela, seguro sua mãozinha, beijando-a.

— se ela dormir agora de madrugada quem se lasca é a gente, acho bom 'cê manter essa menina bem acordada. — me afasto deles, jogando meu cabelo 'pra trás, pegando alguns brinquedos do chão.

— vamos pedir uma pizza? Agora você pode.

— pede aí.

Sento no sofá, observando o Gu pegar o celular e ligar 'pro número da pizzaria que sempre faz entrega para nós.

Apoio meus pés em suas coxas, sentindo as mãos macias fazerem um carinho.

— ei, só não vale lamber o pé fedido da mamãe! — diz segurando as mãozinhas da Aurora, o olho séria, vendo o sorrisão em seu rosto.

— fedido sua bunda, Gustavo.

— a minha não, 'tá? Só se for a da 'Rora, meu Deus. — faz uma careta, dou risada, continuando deitada. — Ana, agora é sua vez.

— que?

— isso mesmo, amanhã você tem campanha 'pra Eudora e terei que ficar com ela.

— af, seu chato. — me levanto do sofá, pegando a bebê de seus braços. — seu pai falou que sua bunda é fedida, filha.

— não foi por mal, minha princesa, eu juro. — diz vindo atrás de nós, entrando no quarto comigo.

Coloco a pequena no trocador, pegando os objetos necessários e deixando fácil, tiro seu macacão de corações rosas, deixando no cantinho.

Tiro sua fralda também, tampando meu nariz, observando o estrago feito ali.

— nossa, ursinha. — digo em meio a risadas, passando o lenço em seu bumbum.

Passo a pomada nas dobrinhas, colocando a fralda nela novamente, fechando as colinhas, visto a garotinha com seu macacão quentinho, deixo o Gu olhando ela e vou jogar a fralda suja no lixo.

Retornamos á sala, inventando mil e uma coisas para distrair a Aurora, o Gustavo andava de um lado para pelo apartamento, balançava aquele chocalho insuportável e cantava 'pra ela, estava se tornando engraçado o mínimo desespero do meu marido para manter a garotinha acordada.

Nossa pizza chegou, o Gu foi lá em baixo sozinho buscar, se não tivesse chovendo ele iria com a 'Rora também.

Colocamos a pequena no cadeirão e comemos juntos, o sabor escolhido foi frango com catupiry, nosso favorito.

— oh bonita, você pode deixar a mamãe e o papai comerem, por favor? — digo séria, deixando meu pedaço no prato, Aurora me olha por alguns segundos, um biquinho choroso se formando em seus lábios, acabo caindo na risada quando ela começa a chorar.

O Gu parecia meio confuso com todo a situação também, mas já que eu não tinha forças para me levantar, por estar rindo, ele se levanta e pega a neném.

— mamãe má, filha, mamãe má. — diz tentando acalmar a bebê, enquanto eu tentava recuperar o ar. — ela não pode falar assim com você, não é? Não pode.

— Gustavo do céu, a menina é dramática igual você, 'véi!  — levanto também, rindo fraquinho ainda.

— igual a mim? Eu não sou dramático!

— é sim, quem que foi me devolver o "A" do Crocs quando a gente terminou aquela vez? — Gustavo revira os olhos, não me respondendo.

Voltamos a comer, fazendo gracinhas com a Aurora para que ela não sentisse sono e deu certo nossa tática, a pequena dormiu no horário certo e nos deu um pouquinho de paz durante a madrugada, utilizamos esse tempo ao nosso favor, vocês já sabem como.

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𝗻𝗼𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗺𝗮𝘁𝗲𝗿𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲, 𝒎𝒊𝒐𝒕𝒆𝒍𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora