↻ 𝟎𝟐𝟏

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         Balanço a cabeça em negacão, caminhando até o pingo de gente com o cabelo curtinho solto e alguns fios da franja caindo sobre seu rosto, seguro a garotinha sapeca em meus braços, a levando para bem longe dos instrumentos da Ana Flávia

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         Balanço a cabeça em negacão, caminhando até o pingo de gente com o cabelo curtinho solto e alguns fios da franja caindo sobre seu rosto, seguro a garotinha sapeca em meus braços, a levando para bem longe dos instrumentos da Ana Flávia.

— o papai já deixou bem claro que você não pode entrar, lembra?

— a miofone! — resmungou apontando para o microfone sobre um Puff, que estava bobeando ali.

— hum, quer cantar também? Deixa isso para outra hora, agora tem um monte de convidados te esperando lá fora.

Peguei Aurora em meu colo, tentando ajeitar seu vestidinho levemente rodado, tomando cuidado para não amassar, a Ana Flávia me mataria.

Hoje é a festa de um ano da nossa filha, foi uma briga entre eu e a minha esposa para decidir o tema, um queria uma coisa, mas o outro discordava, então a Duda nos fez decidir no ímpar ou par e eu ganhei.

Sendo assim, o tema é Barbie, o amor que essa garota adquiriu pela saga dos filmes é surreal, em todas as nossas sessões cinemas temos que assistir um e por mais que seja meio chato repetir, é muito bom ver a animação da 'Rora.

Já que eu escolhi o tema, minha esposa teve que ajudar com sugestões, ela é melhor nisso do que eu, então enviamos junto aos convites que os convidados viessem de rosa e cá estou eu, com uma camiseta social rosa.

— achou a aniversariante?

— achei, estava no estúdio da Ana.

— se sua mãe te pegasse lá dentro, Aurora, já podia se considerar uma soldadinha morta.

— Gustavo Mioto! — escutei meu nome ser chamado aos berros e logo a silhueta de uma mulher de longos cabelos pretos e um conjunto de couro rosa, juntamente com uma bota e chapéu brancos surge na minha frente, ela estava perfeita. — eu falei para ser rápido quando fosse atrás da Aurora, ainda vou trabalhar depois daqui, sabia?

— é Gustavo, presta atenção, cara.

— e os docinhos, Eduarda? Você já colocou na mesa?

— 'cê acredita que eu estava indo agora pegar? Por mera coincidência encontrei esse cabeça de nós todos no caminho.

— presta atenção, Maria Eduarda!

— vai levar a Aurora 'pra fora e não deixa ela se sujar!

mamaiê! — estica as mãozinhas na direção da Ana Flávia, que jogou beijinhos 'pra ela, saindo de perto de nós.

— vem, vamos brincar com a Mavi. — caminhei com a Aurora em direção a área externa da casa, onde a pequena brincava na cama elástica sozinha.

Não tardou muito e logo minha esposa e a Duda apareceram com os docinhos, o clima estava quente em Londrina, provavelmente derreteria tudo se tivéssemos colocado antes na mesa.

— minha pituca já 'tá fazendo um ano! — escuto a voz do Rudi, que sentou ao meu lado, tocando o nariz da Aurora, que abriu um sorriso, seus olhinhos sendo espremidos.

— que loucura, né? 'Tô até me sentindo tão velho quanto vocês me chamam!

— mas você é tão velho quanto a gente te chama, Gustavo. — diz desviando o olhar para alguém além de nós. — ela 'tá uma pilha de nervos.

Direcionei meu olhar para o mesmo lugar que ele, percebendo que falava da Ana, suspirei, assentindo.

— está mesmo, é a primeira festinha da 'Rora, ela quer que seja um dia especial.

— pois é, enquanto isso a Aurora fica radiante somente com um bolinho de padaria e uma velinha em cima.

— ainda bem que ela é super compreensível, mesmo tendo apenas um ano.

Ficamos em silêncio dessa vez, mas logo a Ana se aproximou de nós, nos chamando para cantar o parabéns, ela ainda ia fazer show e tudo precisava ser rápido.

Aconselhei minha esposa de não fazer essa festa hoje que ficaria muito cansativo 'pra ela, mas a Ana insistiu e disse que se deixasse para próxima semana, que seria quando ela tivesse folga, ficaria muito tarde.

Nos posicionamos ao lado da nossa filha, que estava em cima de uma cadeira, meu copo de cerveja foi deixado sobre algum móvel e logo todos estavam reunidos em volta da mesa.

Começamos a cantar o parabéns, minha filha tinha um enorme sorriso no rosto e como havia aprendido a bater palmas há algumas semanas, se juntou aos convidados nas palmas, soltando alguns gritinhos agudos e animados.

Segurei minha pequena em um abraço, beijando sua bochecha, sentindo seu cheirinho de neném.

Logo a Ana abraçou ela também, fiquei paralisado admirando aquela cena, os dois amores da minha vida se abraçando, se beijando e rindo, é algo lindo de se ver e me deixou encantando.

— e o primeiro pedaço vai 'pra quem, princesa? — Ana Alice perguntou se apoiando na mesa, sorrindo sugestiva para a garotinha, balançei a cabeça em negação desviando meu olhar para minha esposa.

— vai 'pra mim que carreguei por nove meses, amamentei, troquei fralda e passei noites acordada por ela.

— sua bunda, vai 'pra mim que dei o ursinho favorito dela! — dessa vez quem se juntou a nós foi a Duda, que já tinha roubado um docinho.

— oxi, e eu que sou o favorito dela?

— isso quem decide é ela, vocês só assistem! — minha sogra chegou com uma faca, pronta para partir o bolo.

Michele partiu um pedaço do bolo coberto com glacê rosa, colocando num pratinho e entregando para a Aurora.

— escolhe alguém, meu amor.

Por algum motivo, meu coração acelerou no momento que seus olhinhos correram todo o quintal, ela parecia em dúvida, meio incerta, e depois de encarar o pedaço de bolo algumas vezes, olhar para mim e a Ana, ela acabou estendendo o pratinho na minha direção, abrindo um sorrisinho de lado, mostrando alguns de seus dentinhos.

Para alguns pode parecer algo muito bobo, mas ninguém tem a noção clara do que é receber o primeiro pedaço de bolo da festa de um ano da sua filha, 'pra mim isso é muito mais que importante, significa muito.

Com o pratinho em mãos, abraçei a garotinha, beijando seu rostinho, sentindo meu peito se encher numa sensação boa.

Já tive que abrir mão de muitas coisas por ser pai, deixei de ir em resenhas com amigos, jogos de tênis, after após os shows, mas eu nunca trocaria essa minha vida, se precisasse faria tudo de novo, enfrentava o sufoco do parto junto com a Ana, as dificuldades nos primeiros dias de nascimento da 'Rora e até mesmo os perrengues que enfrentamos com o desmame e os dentinhos.

Nem tudo é um mar de rosa e 'tá tudo bem, apesar das dificuldades, ser pai foi meu melhor presente e como eu disse antes, não trocaria essa fase da minha vida por nada.

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𝗻𝗼𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗺𝗮𝘁𝗲𝗿𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲, 𝒎𝒊𝒐𝒕𝒆𝒍𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora