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Seguro a Aurora em meus braços, me sentindo levemente tonta, hoje o dia foi uma loucura, saímos bem cedo de São Paulo rumo a Limeira, cidade onde o Gu faria seu primeiro show após o nascimento da nossa filha.
Eu aceitei a ideia super bem, por ser consideravelmente perto da nossa casa, a bebê já está grandinha também, meu maior medo era o barulho, os gritos dos fãs, a música alta, não sei como ela reagiria, se choraria, ficaria assustada ou se animaria, – algo que é bem mais a cara dela. – e por via das dúvidas passei na pediatra, conversamos por um bom tempo e assim, fiquei mais tranquila.
— olha o vovô, princesa! — aproveito a presença do meu sogro e entrego a neném 'pra ele, rindo com a animação da garotinha ao ir para o colo do Meu Bem.
— 'cê 'tá pálida, Aninha, comeu alguma coisa hoje?
— meu Deus, esqueci de comer.
— Ana Flávia, já cansei de falar das alimentações. — meu marido diz sério, retornando da sala dos atendimentos, suspiro, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— ai, eu sempre esqueço!
— essas viagens que te deixam louca, você precisa relaxar um pouco, tem a minha ajuda aí a sua disposição e não faz um bom proveito dela, quer dar conta de tudo sozinha.
— 'cê precisa dar uma segurada, meu bem, tanto estresse faz mal. — meu sogro diz distraído com a bebê em seus braços, tocando seu nariz, arrancando risadinhas da neném.
Eles tem razão.
— vai jantar, amor.
— mas você já vai subir.
— come primeiro e depois vocês sobem, só quero que você se alimente. —beija meu rosto, seguindo para os meus lábios. — pai, já 'tô indo, você vem?
— eu vou, pega a neném, Ana? — assenti com a cabeça, segurando a Aurora em meus braços, sua mãozinha se encaminhando para minha orelha, onde ela fez um carinho, encostando a cabeça na minha bochecha.
Equilibrando ela no meu braço direito, coloquei um prato de comida 'pra mim, sentando no sofá e comendo em silêncio, dando um pouquinho para minha bebê, que tentava a todo custo enfiar a mão no meu prato.
— filha, deixa a mamãe comer! — tiro sua mãozinha de perto de mim, vendo seu biquinho emburrado ser direcionado a mim. — nem me olha assim, eu preciso estar alimentada 'pra te alimentar.
Ao concluir minha refeição, joguei o prato descartável no lixo e peguei a Aurora em meu colo, subindo para o palco com ela, eu ficaria aqui por um tempinho e se ela não gostasse a gente desceria.
O show já havia começado, o Gu dominava aquele palco como nunca, pensei que ele tivesse meio enferrujado no começo, mas não, parecia que ele nunca tinha parado, sua presença de palco era surreal, interagia com o público, cantou super bem.
Tenho minhas dúvidas sobre voltar a cantar também, retornar a fazer shows, mas imagino que seria um longo tempo de preparo, até porque de qualquer forma a Aurora ainda depende de mim para se alimentar, entramos na fase do desmame e por mais difícil que seja essa caminhada, ela ainda não está concluída.
Saio do meu transe ao escutar meu nome ser chamado no palco, olho para o meu marido, balançando a cabeça em negação e entrando com a minha filha, talvez fosse uma puta irresponsabilidade colocar a 'Rora diante de tantas pessoas, mas ela é do povão' mesmo e a pediatra permitiu, minha maior preocupação agora era o que a internet falaria.
Os fãs iam a loucura, gritavam para a Aurora enquanto ela só encarava aquela multidão com a boquinha entreaberta e as sobrancelhas arqueadas.
Gustavo se aproximou do mim, depositando um beijinho na cabeça da nossa filha e se inclinando até meu ouvido logo em seguida.
— canta Fronteira comigo?
— não sei nem se eu ainda canto. — digo em meio a uma risadinha nervosa, ajeitando Aurora em meus braços.
— você canta, já te peguei no flagra várias vezes cantando 'pra Aurora! — suspiro, me dando por vencida, levei Aurora até o meu sogro, entregando a bebê 'pra ele, um homem da equipe do Gu me entregou o microfone e assim eu retornei ao palco.
Os primeiros acordes de Fronteira se iniciaram, me aproximei novamente do Gu, ficando em sua frente, ele segurou minha mão, beijando-a, me olhando enquanto eu cantava minha parte na nossa música.
Quando chegou na parte do Gu, olhei de relance para Aurora, que estava sentadinha no chão, batendo palmas, sorri para ela, me afastando do meu marido e segurando suas mãozinhas.
Ajudei a pequena se levantar, a dando apoio para que ela caminhasse junto comigo para o centro do palco, começei a cantar novamente, dessa vez com o Gustavo.
O público se agitou novamente, todos admirados na Aurora que dava altas risadas e me olhava com aquele sorrisinho, com os dentinhos da frente nascendo.
Enquanto cantava a música, começei a dançar com a Aurora, me desfrutando das risadinhas dela, era a coisa mais linda de se ver, o nariz franzido, o sorrisinho com os dentes da frente já aparentes e sua animação sem igual com a interação do público.
O Gustavo se juntou a nós, segurando a outra mãozinha da 'Rora, o sorriso que enfeitava seu rosto era lindo e me deixava encantada.
Era a primeira vez que a Aurora tinha contato direto com o público, ela nunca tinha ido a um show e muito menos entrado no palco, era algo novo, não só para a neném, mas tambem para nós.
Assim que a música acabou, uma onda de gritos e aplausos ecoaram por toda arena, minha filha encarava tudo encantada, alternando seu olhar brilhante entre eu e a platéia.
— mandamos bem, né? — Gu diz em resposta a algo que uma fã disse, olhando para a neném. — gostaram da Aurora aqui? — o público se agita, fazendo a Aurora gritar também. - prometo trazer ela mais vezes.
— tchau, gente, fiquem agora com o show maravilhoso do Gustavo Mioto! — sorri para o meu marido, recebendo um beijo na bochecha e outro na boca. — vem, filha.
Um biquinho manhoso preencheu o rostinho da Aurora, que segurava firmemente minha mão, me impedindo de sair do lugar.
Tentei puxá-la mais uma vez, sendo impedida por seu resmungo choroso.
— vem, meu amor, o papai vai trabalhar agora. — peguei a garotinha em meus braços, que começou a chorar, estendendo a mão na direção do Gustavo. — um beijão, galerinha, agora sobrou 'pra mim!
Saio do palco rapidamente, Gustavo iniciou outra música, sua voz já tomou toda a atenção da Aurora, que ficou vidrada nele, admirada com a voz do pai.
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𝗻𝗼𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗺𝗮𝘁𝗲𝗿𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲, 𝒎𝒊𝒐𝒕𝒆𝒍𝒂
Fanfiction∥🍼∵ᣤ 𝚗𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝚖𝚊𝚝𝚎𝚛𝚗𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎 "𝐎𝐍𝐃𝐄 Ana Castela e Gustavo Mioto, renomados cantores com carreiras consolidadas, enfrentam as emoções da paternidade enquanto aguardam a chegada de sua primeira filha. Em meio aos holofotes da fama...