Estamos a caminho do hospital, mas não é por algo grave, na verdade, é muito bom. Vamos descobrir o sexo do nosso bebê.Seguro uma garrafa de água em mãos, que estão levemente suadas, o vidro está aberto, a brisa fresca bagunça meus cabelos, respiro fundo e olho para trás, abrindo um sorrisinho para a Aurora, que estava distraída com uma Barbie dela.
A mão do Gustavo está pousada na minha coxa desde que entramos neste carro, o silêncio não reina por muito tempo aqui, geralmente a Aurora faz alguma pergunta e nós respondemos, dando início a outro assunto.
— mamãe.
— oi, princesa.
— como eles vão saber se o bebezinho é menina ou menino?
— tem uma máquina que mostra o bebê, filha, aí a médica consegue identificar, mas para isso o neném precisa abrir as perninhas.
— e se ele não abrir?
— aí tem que esperar mais um pouquinho.. — dessa vez o Gu respondeu, a olhando pelo retrovisor.
— um pouquinho quanto?
— o quanto o bebê quiser.
— e se ele não quiser? — puxo o ar, me recuperando de todas essas perguntas dela e me preparando para responder a próxima.
— tem que esperar o bebê nascer então, amor.
— entendi.
Após mais alguns minutos, finalmente chegamos na clínica e hoje estávamos dentro do horário, preenchi uma ficha logo fomos encaminhados para a sala de espera.
Por mais incrível que pareça, a Aurora permaneceu quietinha no colo do Gu até nos chamarem, antes de nós, uma moça saiu da sala em prantos, algo que me causou arrepios.
Logo a minha obstetra surgiu e me chamou, caminhei com as pernas meio trêmulas para dentro do consultório. Não era minha primeira vez tendo essa experiência, mas eu saberia que não importa quantos filhos eu tenha, nunca irei me acostumar com essa sensação de descobrir o sexo do bebê.
— boa tarde, família!
— boa tarde, doutora! — sentamos juntos nos bancos a sua frente.
— podem me chamar somente de Marie.
— oi, tia!
— tudo bem, princesa?
— sim, o papai disse que hoje a gente vai descobrir se a Aurora vai ter um irmãozinho ou irmãzinha.
— e você está animada?
— sim, eles falaram bastantão comigo e disseram que não é tão ruim assim ser irmã mais velha.
— eles tem razão, ser a irmã mais velha é maravilhoso, você pode proteger o bebê, ajudar seus pais, brincar juntos. É muito legal, 'Rora, você vai ver.
— verdade, só não pode mexer nas minha bonecas, né?
— é, mas eu sei que você vai amolecer esse coraçãozinho e vai adorar dividir suas bonecas. — a doutora diz abrindo seu caderninho, se ajeitando em sua cadeira. — bom, vamos começar? Como vai sua alimentação, Ana?
— vai bem, estou seguindo suas dietas e dei uma maneirada nos doces, mas é impossível cortar totalmente.
— certo, você ja sabe, né? Nada em excesso. Está tomando as vitaminas corretamente?
— estou sim, o Gustavo geralmente me lembra.
— e quanto ao esforço?
— os shows pararam de vez... — murcho os ombros, encarando um ponto fixo. Apesar de ser por um bem maior, eu gosto e sou apegada ao meu trabalho, ainda é difícil aceitar que cancelei tantos shows e deixei tanta gente na mão. — evito pegar peso, mas eu não consigo ficar parada, Marie, preciso arrumar algo 'pra fazer.
— e não tem problema, desde que você não faça esforço está ótimo. — assinto, passando a mão em meu vestido, tentando limpar o suor de minhas mãos. — pode deitar na maca, por favor.
Fiz oque ela mandou, e por conhecer o esquema, me adiantei, enquanto a doutora ligava a máquina, fechei meus olhos por alguns segundos.
A Aurora estava no colo do Gustavo, abraçada ao pescoço dele, os olhos fixos no monitor, assim como o Gu. Abri um sorrisinho 'pra eles, sentindo o gél geladinho tocar minha barriga e logo a imagem meio borrada do neném apareceu na tela.
— olha só, que bebezinho mais saudável! — olho sorridente para o meu marido, já sentindo um sinal das lágrimas. — querem que eu fale agora?
— por favor... — murmuro nervosa, segurando fortemente a mão do Gustavo.
— parabéns, família, tem um menininho muito saudável a caminho! — por alguns segundos senti tudo girar a minha volta e agradeci por estar deitada. — irei deixar vocês a sós por um tempinho, certo?
Sentei na maca, sentindo minhas mãos trêmulas, abraçei o Gustavo e de quebra a Aurora junto, que não esboçava reação alguma.
Lágrimas rolaram pelo meu rosto e eu encostei minha cabeça no ombro do Gu, beijando seu pescoço. Ficamos assim por alguns segundos, até eu dar um tempo 'pra respirar e conversar com a minha garota.
— e aí, filha? — pergunto cautelosa, recebendo sua atenção.
Sinto a mão do Gustavo pousar em minha barriga, acariciando a região, sorri, beijando seu rosto.
— ah, a Aurora gostou. — diz simples, piscando os olhinhos 'pra mim.
— abre seu coração 'pra mamãe, ursinha, oque você 'tá sentindo?
— a Aurora gostou, mamãe, verdade verdadeira. — ela sorri, um sorriso lindo, que sempre me encanta e eu me senti aliviada. — pelo menos ele não vai pegar minhas bonecas.
— não sabemos, se ele gostar de brincar de boneca também vocês dividem, irmãos fazem muito isso.
— é, eu posso pensar. — o Gu assentiu e beijou a testa dela, fiz o mesmo, abraçando os dois ao mesmo tempo, permanecendo assim por mais um tempinho.
Se eu precisasse passar por todo aquele sufoco da gravidez da Aurora novamente 'pra chegar até aqui, eu faria mil vezes, porque no final é sempre por eles e são eles que mais importam.
Hoje eu vejo que todos os obstáculos no início do meu relacionamento com o Gustavo foi mais do que necessário para chegar onde estamos agora.
Eu amo meu marido e amo mais ainda a família linda que estamos construindo.
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𝗻𝗼𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗺𝗮𝘁𝗲𝗿𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲, 𝒎𝒊𝒐𝒕𝒆𝒍𝒂
Fanfiction∥🍼∵ᣤ 𝚗𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝚖𝚊𝚝𝚎𝚛𝚗𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎 "𝐎𝐍𝐃𝐄 Ana Castela e Gustavo Mioto, renomados cantores com carreiras consolidadas, enfrentam as emoções da paternidade enquanto aguardam a chegada de sua primeira filha. Em meio aos holofotes da fama...