Capítulo 7

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Capítulo sete:

O coração de Verônica batia acelerado em seu peito, não esperava que Anita fosse fazer isso, ainda com os olhos abertos a escrivã suspira antes de os fechar e retribuir o beijo, fazendo com que agarrasse os fios da nuca da loira, tentando puxá-la para mais perto, o som da música do ambiente parecia um leve ruído, não estava prestando atenção, não tinha como prestar atenção. E por mais que estivesse se deliciando por ter seus lábios colados nos de Anita, uma parte sua ainda lutava contra isso afirmando que não deveria estar acontecendo, que era uma completa loucura, uma insanidade momentânea, já a outra como resposta tinha certeza que era uma das melhores sensações que já havia sentido. Quando infelizmente o ar fez falta Verônica se afastou minimamente de Anita, encostando sua testa na dela, abrindo lentamente os olhos ainda ofegante encontrando os azuis da delegada com as pupilas ainda mais dilatadas, num ato impensado jogou sua racionalidade para o espaço e colou novamente suas bocas, dessa vez com mais voracidade, passando sua língua nos lábios de Anita antes de pedir passagem, o que foi concedido prontamente pela delegada, suas línguas travaram uma batalha por controle, entretanto sua mente não cessava e quando a mão da delegada desceu por suas costas arranhando por cima da roupa chegando perto de sua bunda, arrancando um pequeno som de sua boca fez com que se desse conta do que estava acontecendo, fazendo com que subitamente se afastasse de Anita, queria fugir dali, para longe da delegada, mas em contrapartida queria ficar perto, não entendia o que estava acontecendo, seus pensamentos passavam cada vez mais acelerados, a ponto de estar a deixando tonta e sua respiração se tornar ainda mais irregular, Verônica em um solavanco se afasta de Anita totalmente retirando suas mãos que a estavam segurando.

Os olhos da escrivã que antes mostravam o mais puro desejo, transmitia o desespero, a vontade de correr sem rumo para longe, mas para longe de quê? Anita observou o olhar de Verônica percorrer todo o ambiente buscando uma saída, o que fez a delegada delicadamente segurar no braço da escrivã em uma tentativa de trazer a mesma de volta, chamando seu nome diversas vezes, porém para Torres, seus chamados não passavam de sussurros em comparação ao barulho de sua própria mente, nem ao menos percebeu quando a delegada passou seu braço pela sua cintura, a guiando para fora da festa, fazendo-a encostar com as costas no carro.

–– Verônica? –– sem resposta –– Verô? –– Finalmente a escrivã encara Anita, porém sem a olhar nos olhos. –– Verô, o que você tá tendo é uma crise de ansiedade, você entende? –– A mulher assente.

–– Anita, eu...eu.

–– Presta atenção em mim, você consegue? –– Novamente Verônica assente –– ótimo, você consegue me dizer cinco coisas que você está vendo? Com calma!

–– Eu... tem aquela árvore naquele canto, tem você, sua bolsa, nosso carro e... e tem aquela moto perto daquele prédio.

–– Ótimo –– Anita acaricia a mão de Verônica enquanto abre um sorriso fraco –– você pode me dizer quatro coisas que está ouvindo? –– a escrivã assenti antes de falar, a loira conseguiu perceber que a mesma estava começando a acalmar, continuando os pedidos, dessa vez com três coisas que pode encostar, em seguida duas coisas que pode sentir o cheiro e somente quando percebeu que Verônica estava com a respiração estabilizada, voltou a falar:

–– Me dê a chave do carro, você não vai dirigir desse jeito, é perigoso! –– A escrivã entrega relutante a chave a delegada.

O que as duas não sabiam era que no momento em que entraram no carro, outra pessoa as observava de longe.

Já dentro do carro ambas permaneceram em silêncio, Anita de olho na rua e Verônica perdida nos próprios pensamentos encostada na janela, sem noção do tempo em que estavam dentro do carro, sem olhar diretamente para a delegada, só ousou virar para Anita quando o carro parou.

Maybe there are colors in my lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora